10/12/2014

Crítica do filme: 'O Abutre'




Debutando como diretor, e já podemos dizer de cara: com o pé direito, o californiano Dan Gilroy consegue criar uma história excepcional, peculiar, diferente de quase tudo que já foi visto nos cinemas, sobre um psicopata, obsessivo por manchetes calorosas e sangrentas. O Abutre é um soco no estômago, possui uma frieza absurda para mostrar os fatos que levam o público à perplexidade instantânea. Jake Gyllenhaal tem uma de suas melhores atuações na carreira e deve ser bastante lembrado nas temporadas de premiações da sétima arte que começam no início do ano.

Na trama, conhecemos o debochado e confiante Louis Bloom (Gyllenhaal), um homem solitário que adora ver televisão. Certo dia, é quase testemunha de um acidente rodoviário e percebe um homem filmando toda aquela tragédia na cena do crime. Depois disso, Bloom tem uma ideia, resolve vender sua bicicleta, comprar uma câmera, um rádio da polícia e vai atrás de conseguir fazer notícia com as tragédias dos outros. O problema é que o protagonista desta história é um psicopata, totalmente maluco da cabeça e fará de tudo para conseguir que suas matérias ocupem os principais jornais televisivos e sensacionalistas da cidade onde reside.

O Abutre, que estreia dia 18 de dezembro nos cinemas brasileiros, possui um dos mais fortes protagonistas entre todos os filmes lançados aqui no Brasil neste ano de 2014. Louis Bloom é caricato, enigmático, bruto, frio, obsessivo, caluniador, manipulador. Esse liquidificador de emoções aplicado ao roteiro é uma junção que beira ao genial. Claro que nada disso poderia ser possível se não fosse a brilhante atuação de Jake Gyllenhaal que consegue entender a força de seu personagem do início ao fim dessa impactante jornada. 

O roteiro é feito de maneira detalhista, todas as peças de encaixam. Foi fundamental ter a direção da mesma pessoa que escreveu essa trama. Dan Gilroy não deve ser lembrado pelos grandes prêmios do cinema mas certamente será lembrado por nós cinéfilos. Que trabalho espetacular atrás das câmeras. Nos sentimos como grandes testemunhas dessa história que não deixa de ser uma grande crítica a um certo tipo de jornalismo que ocupa nossas televisões constantemente todos os dias. Bravo!