Vocês sabem o que é algo que se desgastou, perdeu o sentido
ou se tornou algo que gera uma reação ruim? Acertou quem pensou Clichês.
Dirigido pelo cineasta canadense Brad Peyton, o novo blockbuster estrelado pelo
ex-lutador Dwayne Johnson, Terremoto - A
Falha de San Andreas, é uma espécie de jogo de RPG, onde o espectador
simplesmente pode escolher seu personagem e torcer para ele sobreviver em meio
ao caos de um terremoto com números nunca vistos na escala Richter. O único
ponto realmente positivo é a estrutura do roteiro, que mesmo assim possui cansativos
minutos no seu arco final, assinado pelo craque mexicano Carlton Cuse (um dos
roteiristas de Lost).
Na trama, conhecemos Ray (Dwayne Johnson) um especialista na
arte do resgate e socorros que está se divorciando de sua ex-mulher Emma (Carla
Gugino). Perto de sair de folga para levar a filha até a nova faculdade, um
impactante terremoto atinge a cidade onde vive deixando o caos pelo caminho.
Esse terremoto foi previsto pela equipe da Caltech chefiada pelo Doutor
Lawrence (Paul Giamatti) que faz de tudo para avisar a população sobre os
perigos intermináveis dessa ação natural. Com esse cenário de destruição
eminente, Ray não mede esforços, seja pilotando um helicóptero, um avião
monomotor ou uma lancha contra um tsunami para salvar sua família.
O filme até que começa bem. Vemos uma construção bem feita
das características e passado dos personagens, fruto do bom roteiro já
mencionado. A estrutura familiar, os encontros inusitados, tudo é passado de
forma bem inteligente na primeira parte da história. O problema é quando a
destruição acontece. Cenas impossíveis, personagens perdidos, a direção entra
em parafuso, coadjuvantes que estavam ajudando muito a interação com o público ganham
apenas mini pontas na história, etc... parece que o terremoto atingiu também a
mesa de criação da história.
O que mais incomoda, além dos clichês que não vale nem a
pena entrarmos no mérito pois é chover no molhado para enlatados
hollywoodianos, são as menções a todo instante sobre o nacionalismo
norte-americano. Bandeiras se reerguendo (quer clichê maior que esse?), o mundo desabando
e a Caltech intacta, etc. Não precisava. Há um exagero desnecessário desse
nacionalismo. Aliás, o filme peca pelos exageros. As cenas de mentirinhas: da
lancha vencendo uma tsunami ou no pouso fisicamente impossível do helicóptero
caindo na porta de um mercado, foram feitas para dar um impacto que o 3D pode
oferecer. Quando falamos de cinema como um todo, o artificial raras vezes vence
o natural.