Quando escrito em chinês a palavra crise compõe-se de dois
caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade. Depois de
dirigir em sequência Nicolas Cage e Al Pacino, Joe e Manglehorn
respectivamente, o cineasta norte-americano David Gordon Green volta as telonas
para dirigir uma história sobre o mundo político na América Latina, parte
baseada em fatos reais que aconteceram, em 2002, na reeleição do presidente
boliviano Gonzalo Sanchez de Lozada. No papel de protagonista está a queridinha
atriz Sandra Bullock que mesmo alternando um tom dramático com pausas cômicas
um pouco sem noção, é a melhor coisa do filme.
Na trama, conhecemos a articuladora política Jane (Sandra
Bullock), uma mulher que após um trauma em uma de suas campanhas políticas
resolve se aposentar e viver uma vida pacata longe das grandes cidades e
grandes agitos. Certo dia, é procurada para assumir o comando na campanha de um
candidato à presidência da Bolívia chamado Castillo (Joaquim de Almeida) que anda
mal das pernas nas pesquisas pré-eleição. Usando toda sua experiência e tendo
que enfrentar seu principal adversário de tempos passados, Pat Candy (Billy Bob
Thornton), Jane usará todas suas armas para vencer as eleições.
Uma das coisas que incomoda neste trabalho, que tinha tudo
para ser interessante, é a falta de personalidade da história. Momentos de
dramas profundos, momentos rasos, comédias fora de tempo, o roteiro, assinado
pelo ótimo Peter Straughan (O Espião Que
Sabia Demais, Frank), parece um transatlântico prestes a naufragar a
qualquer momento. A história, certas vezes, é jogada na tela não transpirando
um pingo de empatia. As fichas para ser o elo com espectador recaem sobre
Sandra Bullock e seu poder de convencer o público a gostar de suas personagens,
mesmo assim muito pouco para dar sustentação à trama.
Baseado em partes, a partir de um documentário da cineasta
Rachel Boynton, também intitulado Our
Brand Is Crisis (no original), lançado em 2005, Especialista em Crise, com estreia marcada para o dia 31 de março
no Brasil, é um daqueles filmes que esquecemos rapidamente. Soltamos risadas
durante algumas cenas bem clichês e não conseguimos enxergar a profundidade em
alguns momentos chaves da trama. Em breve na sessão da tarde.