Os desejos da vida formam uma corrente cujos elos são as
esperanças. Baseado em fatos reais, a partir do livro homônimo assinado por
David Ebershoff, A Garota Dinamarquesa é
o novo trabalho do premiado diretor britânico Tom Hooper (O Discurso do Rei). Eddie Redmayne faz o papel do protagonista mas
quem domina o filme do início ao fim é Alicia
Vikander que dá um espetáculo em cena, merece muitos prêmios por seu impactante
papel. Sua personagem é a força do filme, coloca a emoção até a última gota,
uma mulher à frente de seu tempo, sem dúvidas.
Na trama, conhecemos o pintor dinamarquês Einar Wegener
(Eddie Redmayne), um homem pacato, com senso cômico, que é casado com a bela
artista Gerda (Alicia Vikander). Certo dia, resolve posar de mulher para sua
esposa e instintos femininos escondidos começam a se manifestar ao longos dos
dias seguintes, principalmente quando observa com admiração os gestos e
trejeitos das almas femininas. Buscando uma maneira de entender sua situação,
seus desejos e impulsos, procura médicos de todos os tipos. Chega até o absurdo
da radiação. A explicação lógica da época para os atos de Einar era
desequilíbrio químico, isso explicaria a dor, a confusão com a masculinidade e
a infertilidade. Não havia nada de errado com o pintor, não havia necessidade
de ser ‘curado’. Assim, encarando todo um preconceito da época, decide fazer
uma cirurgia de mudança de sexo e passa a querer ser chamado de Lili.
Sua esposa entra em um verdadeiro colapso de emoções ao
perceber que seu marido gosta e necessita se sentir uma mulher. Gerda acaba
trazendo Lili de volta, quase sem querer, mas ela sempre esteve lá. Eddie usa e
abusa da delicadeza e contrastes de emoções nesse difícil personagem. O Einar do ganhador do último Oscar de melhor
ator tenta manter um equilíbrio descontrolado em relação a parte emocional. Era um papel muito difícil, ao longo da
projeção parece que Eddie possa ter perdido um pouco o personagem ao longo das
sequências. Quem segura as pontas e lacunas da história, é, sem dúvida, Alicia
Vikander que acaba sendo os olhos do público para entender melhor essa curiosa
trama.
Uma bela fotografia acompanha o longa-metragem ao longo dos
seus 119 minutos de projeção. É um trabalho de arte bem bonito que deve ganhar
um bom reconhecimento do público, principalmente pela dedicação com seus
respectivos personagens dos artistas envolvidos. Lançado no Festival de Veneza
2014, A Garota Dinamarquesa não é,
nem de longe, o melhor filme que consta na lista do Oscar deste ano mas é um
longa-metragem que possui seus méritos e merece ser conferido.