Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.
Em seu primeiro trabalho em Hollywood, o cineasta brasileiro Afonso Poyart (Dois Coelhos) se exercita no gênero do
suspense/drama sem perder suas características estéticas de direção no peculiar
Presságios de um Crime. Protagonizado
pelo mestre Anthony Hopkins, pelo sósia de Bardem (Jeffrey Dean Morgan), pela
musa australiana Abbie Cornish e pelo ator Colin Farrell, o longa-metragem, que
custou perto dos 30 Milhões de dólares, fala do inconsciente, quase um
exercício nolaniano. A exploração desse tema com certeza deixa o filme mais
interessante, principalmente quando percebemos estar em um duelo de Médiuns
Videntes.
Na trama, conhecemos dois agentes do FBI, Joe Merriweather (Jeffrey
Dean Morgan) e Katherine Cowles (Abbie Cornish) que são responsáveis por tentar
capturar um serial killer que deixa algumas pistas indecifráveis nas cenas dos
crimes cometidos. Buscando alguma luz nesse difícil caso, Joe procura o antigo
colega John Clancy (Anthony Hopkins), um homem misterioso, já no final da vida,
que tem dons médiuns, que passou por um grande trauma com sua filha. Assim, o
trio vai aos poucos tentando decifrar o temido serial killer que utiliza a eutanásia
como argumento.
O roteiro, assinado por Sean Bailey e Ted Griffin (Os Vigaristas), é um pouco confuso. No
primeiro ato, muitas informações são arremessadas freneticamente. O público
pode se sentir um pouco perdido principalmente nas lacunas abertas sobre a
personalidade de Clancy. A partir do segundo ato, as peças são mostradas com
mais clareza, e, no terceiro ato é um show de suposições, parece que cada
personagem tem algumas opções para o desfecho da trama, isso certamente deixa o
público curioso com o que irá acontecer nas cenas seguintes. O mais importante
é que, no final, John Clancy é preenchido completamente, e assim a história
como um todo se sustenta até o fim, nas costas deste intrigante personagem executado
com maestria por Hopkins.
Solace, no
original, é um drama disfarçado de filme de suspense, tem seus momentos de ação
alucinante com muito uso de metáforas de imagens para elucidar o quebra cabeça
emocional conseqüente do modo de pensar de cada personagem. A câmera é inquieta,
repleta de efeitos que chamam a atenção, marca registrada do diretor que ficou
conhecido no Brasil pelo ótimo longa-metragem Dois Coelhos.