Cada vez que você faz uma opção está transformando sua
essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes. Indicado ao Oscar
pelo Chile, a brilhante fita O Clube,
dirigida pelo cineasta Pablo Larraín é sem dúvidas um dos melhores filmes do
último ano. Não perdendo nem um segundo da atmosfera pesada, fruto dos passados
dos personagens, o corajoso filme é um soco no estômago para quem ainda tinha
qualquer dúvida sobre alguns absurdos que a Igreja Católica escondeu, esconde e
esconderá do planeta.
Grande vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de
Berlim em 2015, O Clube conta a
história de alguns homens ligados à Igreja Católica que se escondem de seus passados em uma casa no interior, ajudados por uma freira. Sem total ligação
com o mundo e vivendo dia após dia enclausurados em seus pecados, certo dia
recebem a visita de um padre que remexerá toda a angústia e aflição desses
ex-padres.
O roteiro, assinado
pela dupla Daniel Villalobos e Guillermo Calderón é brilhante. O longa-metragem
parece uma peça teatral, muito bem definida em seus atos. Impressionante as
verdades ditas. Todos os atores estão inspirados. Mas o grande destaque é a
direção. Com muita técnica e simplicidade, consegue captar toda a angústia dos
personagens principalmente nos momentos chaves da trama, uma aula de direção de
Larraín.
Mesmo falando abertamente as verdades sobre situações que
ocorreram com pessoas ligadas à Igreja Católica e toda a polêmica que levanta,
o longa-metragem foi aclamado em diversos festivais e quase conseguiu uma das
cinco vagas finais para concorrer ao Oscar de Melhor filme estrangeiro neste
ano. Não percam O Clube, um filme
forte e uma grande aula de cinema.