Na trama, conhecemos o solitário Fúsi (Gunnar Jónsson), um ser
humano que leva uma vida monótona em uma cidadezinha europeia. Fúsi trabalha no
departamento de cargas e bagagens do aeroporto de sua cidade e quase
diariamente sofre Bulliyng de alguns colegas de trabalho. O protagonista mora
com sua mãe e seu padrasto, e certo dia, o segundo matricula Fúsi em uma aula
de dança onde ele acaba conhecendo Sjöfn (Ilmur Kristjánsdóttir) e essa pode
ser a grande chance dele descobrir uma nova vida.
O protagonista é repleto de curiosidades que fazem dele um
ser humano único. Se diverte jogando uma
espécie de war com bonequinhos (Possui na sala de casa um modelo em miniatura
da Batalha de El Alamein - durante a Segunda Guerra foi nesse campo de batalha
que os aliados derrotaram pela primeira vez os nazistas), janta no mesmo restaurante toda sexta-feira, quase
toda noite liga para a rádio local e pede um heavy metal pesado para o
apresentador do canal, além, de gostar de comer algo parecido com Nescau misturado
no leite pela manhã, possuir um relacionamento até certo ponto distante com sua
mãe e possuir uma capacidade fora do normal de agüentar as inúmeras pancadas que
a vida lhe dá.
Detalhista, a câmera do diretor faz questão de transportar o
espectador para qualquer variável que se apresente na trajetória do
protagonista. A solidão é muito bem desenvolvida nesta linha do detalhe. Na
cena do restaurante, onde a lente da câmera aponta para o guardanapo e talheres
que são retirados, já que Fusi jantará novamente sozinho, é delicada e abre
espaço para o segundo ato. A questão dos detalhes aponta ainda para uma
inteligente analogia entre um campo de batalha e as dificuldades do nosso dia a
dia.
Nomeado para alguns prêmios internacionais, Desajustados, diretamente da Islândia,
chega ao circuito brasileiro nesses próximos dias e merece muito ser conferido.