Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas
apenas existe. Dirigido pelo experiente em filmes de comédias, Sean Anders, Pai em Dose Dupla estreou há algumas
semanas em nosso circuito de cinema trazendo mais uma vez a possibilidade do
público assistir a um filme de sessão da tarde antes dele estrear na própria
sessão da tarde. Misturando raros momentos interessantes com um show de
trapalhadas ao estilo Os Trapalhões, o longa-metragem que tem a dupla Will
Ferrell e Mark Wahlberg como protagonistas é mais um daqueles projetos que
vamos esquecer rapidamente até o final do ano.
Na trama, conhecemos Brad (Will Ferrell), um homem certinho
que vive uma vida confortável ao lado da esposa e dos dois filhos dela. Brad não
é o pai biológico das crianças e seu grande sonho é que elas o respeitem como
pai. Certo dia, o pai biológico das crianças, Dusty (Mark Wahlberg), volta
depois de muito tempo sem aparecer e Brad precisará enfrentar as inúmeras
tentativas dele em atrapalhar o cotidiano de sua família.
Se o filme
conseguisse se livrar das inúmeras besteiras que o roteiro apronta, o ponto
principal da história não seria tão mal desenvolvido. Falar sobre paternidade é
sempre interessante, quando o assunto é tratado com mais criatividade. Jogar ‘dois
pais’ em cenas fazendo milhares de bizarrices para provar quem é melhor, é uma
das ideias mais vistas em longas metragens hollywoodianos em toda a história do
cinema. A falha principal é essa, não ser criativo na hora de desenvolver uma
trama já vista em muitos outros filmes.
Outro fato que chama a atenção é o não desenvolvimento do
personagem de Will Ferrell ao longo do longa, de protagonista inicial vira um
coadjuvante quase imperceptível voltando a ter luz apenas nos momentos onde se
precisa de dois personagens para executar alguma cena bizarra, seja andando de
moto e ficando preso em uma parede, seja sendo constrangido por um médico
especialista em fertilidade.
Pai em Dose Dupla em
seu resumo final se propõe a divertir o público com a mesma fórmula de outros
filmes. Será que consegue?