O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude
foi a dúvida. Chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (24), o
mais novo trabalho do excelente diretor canadense Denis Villeneuve, A Chegada. Misturando uma teoria
bastante lógica com um universo imaginativo nooliano (em referência ao também
genial diretor Christopher Nolan), o filme consegue prender a atenção do
público do início ao fim em base de um roteiro brilhante assinado Eric
Heisserer que se baseou no conto Story
of Your Life, do escritor Ted Chiang, que venceu famosos prêmios dedicados
à literatura de ficção científica. Além de tudo isso, o elenco da um grande
show em cena, principalmente a atriz Amy Adams, fortíssima candidata a uma
indicação ao Oscar de Melhor Atriz na próxima cerimônia do Oscar.
O filme de abertura da edição desse ano do Festival do Rio
de Cinema, conta a história de uma renomada especialista em linguística, a Dr.
Louise Banks (Amy Adams) que é convocado pelo exército norte americano a fazer
parte de uma operação especial quando alguns objetos enormes desembarcam na
Terra, trazendo caos e insegurança ao planeta. Juntamente com o físico teórico Ian
Donnelly (Jeremy Renner), Louise tentará a todo custo se comunicar com os
alienígenas usando regras básicas de alfabetização. Lutando contra o tempo,
pois os militares de todo o mundo só pensam em atacar os objetos voadores,
Louise tentará provar que talvez eles não estejam ali para destruir a
humanidade.
O que mais impressiona nesse impecável projeto - sem dúvidas
já podemos considerar esse como um dos melhores filmes do ano – é a harmonia e
a racionalidade argumentativa das teorias aplicadas no longa metragem. Grandes
partes das peças do quebra-cabeça são jogadas em loops de linhas temporais que
flutuam em falsas linearidades óbvias. Explorando o campo da teoria linguística
e mais precisamente a hipótese de Sapir-Whorf, A Chegada é simplesmente fascinante em cada cena e possui um final
arrebatador que podem deixar muitos de boca aberta. Tudo faz muito sentido no
filme, o tempo todo, mesmo assim sobram espaços para surpresas. É o filme de
ficção científica mais humano e racional dos últimos tempos. Até quando
pensamos na necessidade de alguns blockbusters tem pelo clichê, que nesse
filme, falando mais claramente da historinha de amor que nasce entre a física e
a linguística, A Chegada consegue compor
com maturidade e serenidade.
Denis Villeneuve se consagra mais uma vez como um dos
melhores diretores de sua geração e de quebra coloca Amy Adams como uma das
favoritas a estatueta dourada mais famosa das premiações de cinema, que atuação
fantástica dessa boa atriz. Nunca um ingresso esse ano valeu tanto a pena. Você
não pode perder! Bravo!