Não adianta ser um sobrevivente, a menos que você faça valer
a pena sobreviver. Escrito e dirigido pelo ótimo cineasta e roteirista sul
coreano Seong-hun Kim (do espetacular Um
Dia Difícil (2014)), O Túnel (Teo-neol)
é uma daquelas gratas surpresas que achamos e que só com muita sorte será
exibido no Brasil. Contando a história de uma luta pela sobrevivência em um
trágico acidente, o longa metragem consegue nos tirar o fôlego a cada segundo,
além de ir bem profundamente nas feridas das críticas sociais ligadas a decisão
do governo e a presença da mídia.
Exibido no Festival de Locarno desee ano, O Túnel (Teo-neol) conta a história de
um trabalhador chamado Jung-soo (Jung-woo Ha) que voltando para casa em seu
carro acaba ficando entre escombros quando seu carro atravessava um túnel na
Coréia do Sul que desaba com ele ainda lá dentro. Restando pouca bateria,
consegue pedir socorro e uma equipe de salvamento tentará fazer de tudo para
retirá-lo com vida dessa situação extremamente difícil.
O projeto tem vários pontos positivos. Começamos com a
coragem de ir em pontos de profundos sobre o papel da imprensa em coberturas
jornalísticas desse tipo. A tragédia, quando ganha contornos de escala global,
acaba sendo oportunidade para alguns jornalistas fazerem qualquer tipo de
matéria e deixa o espectador argumentar em cima de algumas atitudes tomadas. O
papel das decisões do governo, na complexa decisão de encerrarem as buscas e
suas necessidades culturais de fotos emblemáticas para dizer que estiveram
presentes naquele momento. Tudo é muito bem filmado e analisado pelas lentes
inteligentes de Seong-hun Kim.
A luta pela sobrevivência ganha contornos dramáticos do
segundo ato em diante. Buscando itens que possam ajudá-lo a ganhar essa
batalha, Jung-soo consegue fazer duas garrafas de água virarem um banquete e
sua força de vontade está na família que o espera esperançosa do lado de fora
do túnel.
O Túnel (Teo-neol) estreou
em agosto na Coreia do Sul, fazendo um grande sucesso de bilheteria. Também,
não é por menos, um dos melhores trabalhos orientais do ano de 2016 é uma
experiência cinematográfica eletrizante do início ao fim.