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14/10/2017

Crítica do filme: 'O Motorista de Táxi (A Taxi Driver)'

Bastará nunca sermos injustos para estarmos sempre inocentes? Dirigido pelo sul coreano Hun Jang, A Taxi Driver é antes de tudo uma grande aula de história em forma de cinema, onde descobrimos mais detalhes de um grande massacre ocorrido na Coreia do Sul, o papel da imprensa, e a relação de uma população corajosa que lutava por melhores condições dentro de um regime ditatorial que escondia do mundo as verdades que só as pessoas daquela região sabiam. Mesclando cenas intensas de violência com uma delicadeza e um certo sarcasmo, A Taxi Driver nos leva em uma jornada fabulosa sobre a força do ser humano e o autoconhecimento de seu papel como cidadão.

Indicado da Coreia do Sul para concorrer a uma das cinco vagas de Melhor filme Estrangeiro no próximo Oscar, A Taxi Driver conta a história de um pão duro mas carismático motorista chamado Kim (Kang-ho Song) que enfrenta as dificuldades do dia a dia como taxista na maior cidade da Coreia do Sul, Seul. Certo dia, após um almoço com seu amigo vizinho e também taxista, escuta um papo que um jornalista estrangeiro está pagando uma bela quantia em dinheiro para que alguém o leve de Seul até a cidade de Gwangju. Assim, Kim usa de suas habilidades para conseguir ser o motorista dessa corrida, conhecendo o jornalista alemão Peter (Thomas Kretschmann). Juntos vão viver dias intensos e mostrarão ao mundo um dos maiores massacres que o mundo oriental já viu em toda sua história.

Os primeiros arcos escondem um pouco a intensidade dos atos futuros. O roteiro foca na visão do taxista, detalha muito bem suas principais características, sua relação de carinho com a filha e explora a superfície da perda da esposa. De origem humilde, não tem ideia dos horrores sobre um conflito entre a população e o exército está acontecendo em uma cidade relativamente próxima de Seul. Tudo muda em sua vida quando conhece o jornalista Peter, uma relação de amizade vai sendo criada aos poucos unida pela força que precisam ter para sobreviver a caçada que é imposta por autoridades a todos que queiram divulgar as verdades que acontecem nas ruas de Gwangju. Kim vai descobrindo seu papel na história aos poucos, quando é confrontado com as verdades cruéis em sua frente, toma partido da informação se tornando um coadjuvante de grande valia para a cobertura de Peter.


O papel da imprensa, os limites e suas facetas são explorados de maneira objetiva, mostrando a censura do governo coreano da época ao que de fato ocorria pelas ruas sangrentas de  Gwangju, levando as televisões locais mentiras após mentiras sobre as origens do conflito. A câmera de Peter é uma das poucas chances daquela população que praticamente foi trancafiada em sua região, cercada pelo exército que não deixavam ninguém entrar ou sair da cidade. Já no desfecho, vemos relatos do Peter da vida real, já que essa obra é baseada em fatos reais. A emoção toma conta quando ouvimos Peter falar sobre seu amigo Kim, um homem simples e corajoso que ajudou o mundo a conhecer as verdades de uma ditadura.


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04/12/2016

Crítica do filme: 'O Túnel (Teo-neol)'

Não adianta ser um sobrevivente, a menos que você faça valer a pena sobreviver. Escrito e dirigido pelo ótimo cineasta e roteirista sul coreano Seong-hun Kim (do espetacular Um Dia Difícil (2014)), O Túnel (Teo-neol) é uma daquelas gratas surpresas que achamos e que só com muita sorte será exibido no Brasil. Contando a história de uma luta pela sobrevivência em um trágico acidente, o longa metragem consegue nos tirar o fôlego a cada segundo, além de ir bem profundamente nas feridas das críticas sociais ligadas a decisão do governo e a presença da mídia.

Exibido no Festival de Locarno desee ano, O Túnel (Teo-neol) conta a história de um trabalhador chamado Jung-soo (Jung-woo Ha) que voltando para casa em seu carro acaba ficando entre escombros quando seu carro atravessava um túnel na Coréia do Sul que desaba com ele ainda lá dentro. Restando pouca bateria, consegue pedir socorro e uma equipe de salvamento tentará fazer de tudo para retirá-lo com vida dessa situação extremamente difícil.

O projeto tem vários pontos positivos. Começamos com a coragem de ir em pontos de profundos sobre o papel da imprensa em coberturas jornalísticas desse tipo. A tragédia, quando ganha contornos de escala global, acaba sendo oportunidade para alguns jornalistas fazerem qualquer tipo de matéria e deixa o espectador argumentar em cima de algumas atitudes tomadas. O papel das decisões do governo, na complexa decisão de encerrarem as buscas e suas necessidades culturais de fotos emblemáticas para dizer que estiveram presentes naquele momento. Tudo é muito bem filmado e analisado pelas lentes inteligentes de Seong-hun Kim.

A luta pela sobrevivência ganha contornos dramáticos do segundo ato em diante. Buscando itens que possam ajudá-lo a ganhar essa batalha, Jung-soo consegue fazer duas garrafas de água virarem um banquete e sua força de vontade está na família que o espera esperançosa do lado de fora do túnel.


O Túnel (Teo-neol) estreou em agosto na Coreia do Sul, fazendo um grande sucesso de bilheteria. Também, não é por menos, um dos melhores trabalhos orientais do ano de 2016 é uma experiência cinematográfica eletrizante do início ao fim. 
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30/03/2014

Crítica do filme: 'Laços de Sangue'



A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. Depois de abandonar as atuações e se dedicar praticamente em tempo integral às direções, o francês Guillaume Canet chega aos cinemas com um filme de ação com uma excelente construção, fruto do bom trabalho do roteiro que o mesmo assim em parceria com o craque James Gray, onde os ótimos Clive Owen e Billy Crudup se revezam como protagonistas da história. Blood Ties possui subtramas envolventes mas que só funcionam de fato por conta das ótimas atuações do elenco. Cada qual com sua personagem, ajudam a contar essa explosiva e envolvente história.

Na trama, acompanhamos a história de dois irmãos que estão em lados opostos da lei. Após a saída da prisão, Chris (Clive Owen) insiste em ser feliz longe do crime, procurando ser um cara mais correto. Já Frank (Billy Crudup), é um policial esquentado que abandonou um grande amor no passado e não tem um bom relacionamento com seu irmão mais velho. A vida de ambos muda radicalmente quando, no mesmo período, um dos irmãos volta a ser um bandido perigoso e o outro é caçado por um outro ex-prisioneiro.

O roteiro não é nada muito diferente do que já vimos em outros filmes do gênero. Um fato que se diferencia das outras fitas é a direção detalhista do francês Guillaume Canet. O cineasta da terra do perfume, marido de Marion Cotillard, é inteligente, principalmente sob o ponto de vista das relações familiares que contornam as histórias. Assim, consegue captar toda a essência e sentimentos fervorosos da trama sob as ações dos personagens.

O filme entra em um ritmo acelerado do meio para frente. Essa, é uma daquelas fitas que o cinéfilo precisa ter certa paciência pois a apresentação lenta dos personagens se torna extremamente necessária para entendermos certas ações dos mesmos ao longo do longa-metragem. Os personagens principais chegam ao mesmo tempo no clímax das conseqüências das ações cometidas. Nesse momento, fica mais evidente que a história na verdade é sobre o relacionamento de toda uma família marcada por traumas violentos e terríveis.

Lembram dos tiroteios e cenas tensas de violência à sangue frio do filme francês Inimigo Público Nº 1 – Instinto de Morte (protagonizado pelo sempre excelente Vincent Cassell)? A construção da maioria das cenas de ação de Blood Ties (ainda sem tradução para o português) são nesses moldes. É uma junção de Os Donos da Noite com pitadas pequenas de Fogo contra Fogo. Claro, guardadas suas devidas comparações. Pra quem curte filmes de ação, é um prato cheio!
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