A força sem inteligência é como o movimento sem direção. Baseado
no livro Hidden Figures, de Margot Lee Shetterly, Estrelas Além do Tempo fala sobre o preconceito na época da corrida
espacial, com o foco em três grandes mulheres negras que ajudaram a mudar o
rumo das descobertas norte americanas nesse período. Com ótimas atuações e uma
trilha sonora assinada pelo craque Pharrell Williams, o longa-metragem dirigido
pelo cineasta Theodore Melfi (Um Santo
Vizinho) é um daqueles belos filmes, nessa época corrida de muitos
lançamentos de prováveis indicados ao Oscar, que você não pode perder.
Na trama, conhecemos três mulheres fortes e determinadas que
trabalham em um departamento específico de matemática dentro da toda poderosa
Nasa. A matemática brilhante e mãe de três filhas Katherine G. Johnson (Taraji
P. Henson, em mais uma bela atuação), a engenheira e dona de duas graduações na
área das exatas Mary Jackson (Janelle Monáe) e a primeira supervisora mulher e
negra da história da Nasa Dorothy Vaughan (Octavia Spencer, em mais um grande
trabalho no cinema). Cada uma na sua área de atuação mas todas dentro do mesmo
departamento, com um foco maior em Katherine,
vamos descobrindo ao longo dos 127 minutos de projeção todo o preconceito e
obstáculos que as jovens precisam enfrentar para poder ajudar seu país em uma
importante disputa com a Rússia no domínio das navegações espaciais.
O filme começa com um belo arco inicial, focando no
cotidiano profissional das três amigas e toda a luta para conquistarem seus reconhecimentos.
Tendo que viver com uma segregação racial absurda, onde até os banheiros e
refeitórios da Nasa eram divididos pela cor das pessoas, as três brilhantes em
suas carreiras profissionais precisam ser valentes e lutarem por seus merecidos
direitos a todo instante. O filme retrata bem essa época e faz uma grande reflexão
também com os dias atuais e a merecida valorização da mulher no mercado de
trabalho. A matemática é o alfabeto com
o qual Deus escreveu o universo, as leis dos senos e cossenos, além de diversas
fórmulas complexas, ajudam as três protagonistas a encontrem seu espaço em um planeta
que sofre até hoje com atitudes preconceituosas.
A física é a poesia da natureza. A matemática, o idioma. Já
no segundo arco, o filme ganha contornos matemáticos profundos, com introdução
de uma das personagens a famosa linguagem de programação Fortran (já que uma
das jovens precisa entender a programar um enorme computador da ainda pouco
conhecida, naquela época, IBM), tentativas de cálculos para levar um norte
americano a dar sete voltas completas pela órbita da Terra. Também, nesse
segundo arco, um embate jurídico para conseguir freqüentar uma faculdade que só
entravam brancos por uma das jovens que sonhava em ser engenheira contratada da
Nasa.
A história é muito bem contada, tem a força de sua leveza
com os arranjos cinematográficos que ficam encaixados matematicamente perfeitos
no grande carisma que as personagens possuem. Estrelas
Além do Tempo estreia na primeira quinta-feira de fevereiro nos cinemas
brasileiros e você não pode deixar de conferir esse belo filme.