Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado
até ao fim. Após alguns anos de hiato desde seu último filme, o cineasta nova
iorquino Kenneth Lonergan (Conta Comigo)
volta às telonas roteirizando e dirigindo um filme pra lá de triste que passa
um angustia arrepiante sempre na ótica melancólica de seu protagonista. Manchester à Beira-Mar indicado a seis
prêmios do Oscar, é uma história profunda repleta de buscas e dor, com
flashbacks impactantes que muito nos mostram nas mudanças da vida de um homem
que luta contra uma terrível tragédia em seu passado. Atuações marcantes são
vistas, Casey Affleck e Michelle Williams elevam a qualidade da fita e o
desconhecido Lucas Hedges cumpre com louvor seu importante papel na história.
Na trama, conhecemos Lee Chandler (Casey Affleck) um homem
solitário que vive em um minúsculo quarto na cidade de Boston e sobrevive sendo
uma espécie de faz tudo para alguns condomínios próximos a onde mora. Certo
dia, seu passado bate em sua porta com a terrível notícia de que seu único
irmão Joe (Kyle Chandler) acabara de falecera. Imediatamente, Lee precisa
voltar a cidade onde morou durante anos, muito por conta de único sobrinho
Patrick (Lucas Hedges), mas precisará enfrentar terríveis dores de seu passado.
Manchester à
Beira-Mar é um longa metragem cirúrgico na modelagem de seus dramas. Há
subtramas importantes que são exploradas aos poucos como a distante relação da
ex-cunhada do protagonista com o filho. Quando descobrimos o que aconteceu com
o protagonista, começamos a entender seu jeito caladão e distante que o
acompanha em toda a trama. Os flashbacks, nos arcos iniciais um pouco jogados
no roteiro, são parte importante do quebra cabeça que se monta, começamos a
entender melhor o porquê daquela personalidade, perguntas do tipo: ‘Será que
ele foi sempre assim?’ e ‘O que houve com esse personagem?’ são rapidamente
respondidas, fator que nos faz sofrer junto com o personagem.
O filme fala também sobre as inúmeras tentativas que temos
de recomeçar, mesmo quando quase tudo parece conspirar contra. A chance que Lee
tem em tentar criar o filho de seu irmão, sendo seu tutor, é algo importante
para ambos. Nesse desenrolar o roteiro segue frio e seco, e entre seus traumas
(visão do protagonista), principalmente o confronto que acontece com sua
ex-mulher Randi (Michelle Williams), após ser atualizado de como ela conseguiu
de alguma forma seguir em frente é uma das cenas mais bonitas dos últimos anos,
arrepia e emoção a flor da pele em cada segundo do emocionante diálogo.
Manchester à
Beira-Mar não é um filme para corações fracos. A dor e a conseqüência andam
lado a lado, assim como a emoção que sempre transborda no bom filme. Todo o
elenco se doa ao máximo para que vejamos um excelente trabalho na telona.