Sem medo não há coragem. Indicado ao SAG, Globo de Ouro,
Bafta e provavelmente ao próximo Oscar, o novo longa metragem do ator e diretor
Mel Gibson (que não dirigia um filme há dez anos, Apocalypto (2006)) é baseado em uma história real e conta a saga de
um jovem que segue firmemente em seus princípios e sua fé em um ambiente hostil
dentro de um dos campos de batalha mais sangrentos na história do mundo. Na pele do protagonista, o ex-Spider Man Andrew
Garfield cumpre muito bem seu papel, o roteiro que deixa um pouco a desejar
mesmo a direção sendo espetacular.
Na trama, ambientada na década de 40, conhecemos o carismático
Desmond Doss (Andrew Garfield), um jovem que fora criado no interior dos
Estados Unidos junto com seu irmão Hal, sua mãe e seu conturbado pai. Após apaixonar-se
por uma linda enfermeira chamada Dorothy Schutte (Teresa Palmer), Desmond
resolve se alistar no exército norte americano para lutar na segunda guerra
mundial por achar que é seu dever. Cheio de princípios e invocando leis que
poucas pessoas conheciam ele quer se manter no exército mas sem tocar em nenhuma
arma, fazendo parte do corpo de médicos para ajudar nas batalhas quando
preciso. Isso causa uma grande confusão com seus superiores, o Capitão Glover (Sam
Worthington) e Sargento Howell (Vince Vaughn) que fazem de tudo para ele
desistir. Só que a fé é gigante para esse jovem e mesmo indo a corte marcial
consegue os direitos de ir pro campo de batalha totalmente desarmado e assim
irá enfrentar os horrores da guerra tentando mostrar seu valor.
Andrew Garfield encaixou bem no papel do protagonista e seus
coadjuvantes nos campos de batalha cumprem com louvor suas missões. Falta para
a construção completa do personagem, um pouco mais de profundidade nos laços
iniciais que possui com sua família, seu irmão Hal é completamente esquecido da
trama fator que é estranho já que Desmond quer entrar no exército também por
causa do irmão. A sua fé é bastante
explorada, com algumas cenas forçadas (é verdade) mas com muito simbolismo de
algo que representa o alicerce dos seus princípios.
Logo que começa o filme, nós sabemos que será um projeto hollywoodiano
em todos os sentidos. A busca constante pelos clichês, principalmente nos arcos
iniciais, logo na construção do personagem principal deixa o filme com cara de
enlatado norte americano. Do terceiro arco em diante, a produção parece que
consegue uma certa liberdade para focar nos pontos mais interessantes dessa
curiosa história. Mesmo com a construção inicial repleta de ‘momentos hollywood’,
o filme cresce estrondosamente do meio para frente. Mel Gibson em todo o momento
mantém suas ótica de forma exemplar, tenta mostrar ao público tanto emoções
quanto situações, detalhes, que são importantes para nosso entendimento e
envolvimento com a trama. É um belo trabalho de Mel na direção, mesmo o roteiro
ajudando em somente partes da história.
Até o Último Homem estreia
semana que vem no circuito brasileiro. Não é o melhor filme sobre guerra já
feito, longe disso, mas quem curte filmes do gênero pode gostar.