Como o humor e a crítica podem andar lado a lado numa tela
de cinema. Pierfrancesco Diliberto, conhecido como Pif, um dos artistas mais
famosos da Itália atualmente, dirige, roteiriza e protagoniza essa ótima comédia,
Em Guerra por Amor (In Guerra per Amore),
recheada de críticas sobre as ações dos Estados Unidos em um dos recortes dos
aliados na segunda guerra mundial. De maneira debochada e muitas vezes
brilhante, Pif e companhia transformam uma mera comédia italiana em um filme
forte e contundente que explica de maneira bem trivial um olhar interessante
sobre a maior de todas as guerras.
Na trama, ambientada no início da década de 40, conhecemos um
jovem muito simpático chamado Arturo Giammaresi (Pierfrancesco Diliberto) que
está apaixonado pela filha do dono do restaurante onde trabalha. Sem ter muitos
recursos, sendo imigrante em uma terra que está prestes a entrar com mais força
na segunda grande guerra, consegue que o amor de sua vida, que está com
casamento marcado com outra pessoa, consiga viver feliz com ele caso o mesmo vá
até a Sicília na Itália e peça a mão dela ao pai da jovem. Sem ter como custear
uma viagem extremamente cara na época, consegue se alistar no exército norte
americano, pois, os Estados Unidos está recrutando pessoas que querem lutar e
que falem bem os dialetos locais na Itália. Assim, colocando a vida em risco,
embarca em uma viagem de grandes descobertas em meio a uma guerra que deixou
cicatrizes em todos os habitantes desse planeta além de consequências durante
décadas para frente por conta do papel da máfia nessa chegada norte americana a
Itália.
O filme é uma ótima diversão. Faz rir muito, faz chorar, faz
a cada sequência exalar em seu protagonista uma empatia fantástica. Lembrando
filmes antigos de comédia em meio guerra, por isso talvez um certo ar
nostálgico acompanha o projeto ao longo de toda a projeção, trata os detalhes de
como os americanos entraram na Sicilia, com o auxílio da máfia e pessoas
influentes ligadas ao crime ganhando poder para facilitar a entrada americana
na cidade. Tudo é feito de maneira cômica, maneirada apenas nas convicções do
tenente Philip Chiamparino (Andrea Di Stefano), personagem importante que se
torna grande amigo do protagonista e também responsável pelo desfecho
emocionante dessa bela história.
O romantismo não fica em segundo plano e Arturo ganha ajuda
de coadjuvantes de luxo, e muito engraçados, como os amigos, um deles cego, que
o ajuda a encontrar o pai de seu amor. O filme também não deixa de dar seu
ponto de vista as desgraças da guerra, no filme representado mais agudamente
por uma mãe e um filho que não tem o pai de volta quando os norte americanos
resolvem soltar comunistas e antifascistas por conta de acordos duvidosos de
poder.
Sem previsão de estreia no Brasil (Alô distribuidoras!!!), essa
deliciosa comédia italiana é uma uma
bela, inteligente e bem humorada narrativa sobre as polêmicas relações entre as
forças aliadas e a máfia italiana durante a Segunda Guerra Mundial.