As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas
pela razão. Baseado na obra de Milena Agus e dirigido pela atriz e cineasta
francesa Nicole Garcia (Um Belo Domingo)
Um Instante de Amor, com estreia
prevista para o próximo dia 29 de junho e selecionado para o Festival Varilux
de Cinema Francês desse ano, além de concorrer a Palma de Ouro no Festival de
Cannes 2016, é um filme confuso que explora a loucura e o amor de maneira até
certo ponto metafórica que deixa interrogações até para o cinéfilo mais observador.
Tendo a maravilhosa Marion Cotillard como protagonista, que esbanja
sensualidade na pele de sua complexa personagem e também o ótimo ator espanhol Alex
Brendemühl (O Médico Alemão) o filme
não consegue ter forças para sustentar uma história que mais amarrada e
explicada poderia ser melhor compreendida.
Na trama, ambientado na década de 50, conhecemos a bela
Gabrielle (Marion Cotillard) uma jovem que passa por problemas com sua família
e alguns transtornos não explicados que vão da mente ao corpo. Preocupados com
a situação e uma leva de loucura de sua filha, seus pais resolvem forçar seu
casamento com o gentil pedreiro José (Alex Brendemühl). Assim, Gabrielle acaba
se casando com um homem que não ama. Durante sua estadia em uma clínica para se
curar de algumas de suas dores, acaba conhecendo um militar chamado André
Sauvage (Louis Garrel) por quem tem uma paixão avassaladora mesmo em pouco.
Ao longo de duas (sonolentas) horas, somos testemunhas de um
casamento infeliz com Gabrielle não fazendo nenhuma questão de convívio com seu
recém marido, esse, por outro lado, tenta compreender de sua forma os impulsos
de sua complicada nova esposa. No miolo dessa história chega um novo
personagem, um militar em estado terminal que está internado na mesma clínica
da protagonista e logo surge uma paixão obsessiva (muito mais por parte dela)
com algumas verdades e em partes desilusões, essas últimas explicadas no
desfecho. A falha mais grave do roteiro (não sabemos se o livro é assim também)
é não dar uma ênfase maior na primeira fase de Gabrielle o que provoca uma
série de lacunas não compreendidas nos distanciando do que acontece em cena a
cada sequência.
Talvez seja um dos piores filmes de Marion nos últimos anos.
Por mais dedicação e doação que há para sua personagem, que esbanja
sensualidade em cena, não consegue sustentar um tempo tão longo de um recorte
de loucura e amor com personagens apáticos em cena.