O coração da mulher, como muitos instrumentos, depende de
quem o toca. Criada em 1941 por William Moulton, depois vista na série homônima
da década de 70, um dos mais aguardados lançamentos deste ano era sem dúvidas
esse blockbuster Mulher-Maravilha. Dirigido pela californiana Patty Jenkins (do
impactante Monster: Desejo Assassino) e protagonizado pela belíssima Gal Gadot, o filme foca no feminismo e representativa da personagem título sendo também
resgatada sua origem ligada a mitologia grega com citações a deuses poderosos e
suas principais qualidades como guerreira.
Na trama, conhecemos uma ilha paradisíaca chamada Temiscira,
onde só moram mulheres e possui como sua líder a rainha Hippolyta (Connie
Nielsen). Desde pequena, a jovem e
futura amazona princesa Diana (Gal Gadot) queria ser uma guerreira e quando cresce descobre
segredos de sua força. Certo dia, um avião cai no mar e Diana salva o único
tripulante, o militar e espião Steve Trevor (Chris Pine) de quem escuta que o
mundo está em guerra. Após navios inimigos tentarem invadir Temiscira, Diana
resolve embarcar em uma viagem rumo à desconhecida humanidade, buscando
encerrar o conflito mundial e assim também lutar pelo bem estar de todos ao seu
redor.
O filme foca seu primeiro arco na infância e adolescência de
Diana, uma princesa de um reino visualmente deslumbrante escondido/protegido do
restante da humanidade. Desde a infância, acompanhamos a saga dessa guerreira
que a princípio tinha muitas restrições de sua mãe Hippolyta (Connie Nielsen)
para que aprendesse as técnicas de luta ensinadas pela General Antiope (Robin
Wright). Mesmo guardando segredos sobre sua origem, a Rainha Hippolyta sempre soube
que um dia sua filha Diana encontraria seu destino. É quando chega Steve
Trevor, um espião envolvido atrás das linhas inimigas que roubou um caderno de
anotações importante e está em busca de ajuda para tentar que a guerra tenha
vitória das forças aliadas.
O miolo do roteiro explora questões dos homens e suas
intermináveis guerras. Os defeitos e qualidades da humanidade são colocadas em
xeque pela visão diferenciada e protegida da primeira heroína da DC. Conforme
vai descobrindo mais sobre as limitações humanas, Diana vai criando sua própria
opinião sobre quem realmente é, e a quem precisa defender. Cenas cômicas entre
uma sequência e outra são vistas e dão um toque elegante no choque cultural
sofrido pela protagonista.
Em seu arco final, a dor e o sofrimento tomam conta e vão
dando a sustentação e maturidade que Diana nunca encontrara, assim como o
primeiro amor, assim como sua importância e representatividade feminina. Mulher-Maravilha
é um dos melhores longas metragens feitos pela DC mas sem tanto
brilhantismo como alguns clássicos da Marvel. De qualquer forma, essa aventura
empolgante cumpre com louvor seu papel de entreter o público com uma boa trama
e um roteiro de tirar o fôlego.