Indicado ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro pela
Espanha, Verão 1993, com
elogiadas passagens no Festival de Berlim e Festival do Rio, é um filme que
fala sobre a visão do luto pelos olhos de uma criança que não consegue se
sentir aceita. Muito bem dirigido pela cineasta espanhol Carla Simón, em seu
primeiro trabalho como diretora de longa metragem, o filme, com um ritmo bastante
lento, navega no campo do descobrimento sobre as coisas no olhar detalhista da
jovem protagonista.
Na trama, conhecemos a jovem Frida (Laia Artigas) que
recentemente perdeu sua mãe, vítima de uma doença terrível, e assim, como um
pedido dela, Frida vai morar com um de seus tios em uma casa afastado dos
grandes centros. Querendo atenção e muitas vezes não se sentindo aceita, Frida embarca
em uma jornada de descobertas onde as interpretações para as situações geram
dúvidas na cabeça da jovem.
A dor da perda aos olhos de uma criança é sempre algo com
variáveis muito complexas. A jovem protagonista enfrenta seu luto, de perder
pai e mãe, com a ajuda da família, principalmente de seu tio, irmão de sua mãe,
que leva Frida para morar com sua esposa e filha. É como se Frida vivesse uma
nova infância, com novos pais mas sempre com lembranças dos que se foram. A
religiosidade da avó, a não compreensão da doença que a mãe teve, as
implicância com a nova irmã mais jovem, contornam as cenas que possuem um olhar
sentimental e emotivo da diretora.
O roteiro se estrutura através das fases que a protagonista
atravessa. No primeiro ato, tudo é muito novo para a jovem, não sabe direito
como lidar com seus novos guardiões e possui uma relação de distância, nos atos
seguintes acontece o desenvolvimento e a chegada de um início de maturidade,
principalmente quando se vê perdida, cria um espírito de auto proteção (como a
cena da tentativa de fuga de noite da casa onde está), camuflado pelas
ingenuidades da criança que ainda é. Verão
de 1993 é um delicado retrato sobre a visão de uma criança perante as
dificuldades que o mundo coloca em sua frente.