O silêncio mais apavorante dos últimos tempos quando
pensamos em cinema. Depois do sonolento Família
Hollar, sua primeira aventura na direção de um longa-metragem, o ator e
cineasta norte-americano John Krasinski, famoso por papéis na famosa série The Office e creditado em mais de
quarenta filmes ao longo da carreira, volta para trás das câmeras dessa vez
para um projeto ambicioso onde trabalha elementos de ritmo e interação poucas
vezes vistos em filmes de suspense/terror. Um
Lugar Silencioso possui uma força gigante em seu roteiro, com uma adequada
direção de Krasinski, além de vários pontos de clímax, culminando em um
desfecho para lá de épico.
Na trama, conhecemos uma família que se comunica pela
linguagem de sinais e o espectador é surpreendido em sua ambientação, aparece
um Dia X na tela. Durante os primeiros quinze minutos somos envolvidos no
espaço/tempo da história, descobrindo aos poucos o porquê das ações estranhas
dos personagens. Tentando reverter uma situação apocalíptica, e completamente
isolada em uma casa gigante, a filhos dessa família aprenderão aos poucos regras
de sobrevivência nesse mundo completamente novo e repleto de perigos causados
pelo som.
Impressionante como a mistura de gêneros funciona com
perfeição. Suspense, drama, terror, sci-fi são embutidos cada qual na sua
medida correta, criando uma atmosfera que passa para quem assiste, provocando
um tenso silêncio durante grande parte da projeção. Os arcos do roteiro são
muito bem definidos, cenas de alto impacto acompanham grande parte do desenvolvimento da
narrativa. As óticas definidas por subnúcleos. A dos filhos, a do casal e as
individuais, se tornam peças de um quebra cabeça angustiante dentro de um contexto
de sobrevivência. As atuações são excelentes, Emily Blunt e John Krasinski
(além de diretor, é um dos protagonistas), casal na vida real, dão vida aos
pais da família.
Gratíssima surpresa no circuito. Chega para preencher um
lugar não só na galeria carente de bons filmes de suspense esse ano, mas também
para se consolidar na memórias de nós cinéfilos como um dos filmes mais
originais de 2018.