Nosso convidado de hoje é cineasta e cinéfilo! Cristiano
Requião, profissional de cinema há mais de 40 anos, trabalhou em onze longas-metragens
como assistente de direção e diretor de fotografia, além de realizar centenas
de filmes institucionais. Durante dez anos trabalhou em um Centro Universitário
nos cursos de Comunicação e Propaganda e Publicidade. Retornou ao cinema
comercial em 2009 e até hoje dirigiu, roteirizou e fotografou sete curtas e os
longas-metragens Outro Olhar e Morrer de Amor.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
O Cine Joia e os
cinemas do Estação em Botafogo, os
dois. Saem do esquemão de filmes meramente comerciais, exibindo uma variedade
maior de gêneros e estilos.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Fazem muitos anos... Mas eu lembro de um filme francês que
marcou a minha adolescência. Chama-se Os
Aventureiros, do Robert Enrico
com Alain Delon e Lino Ventura. Neste filme eu decidi que
queria trabalhar em cinema. Não pela narrativa, mas sim pela capacidade de um
filme de gerar emoções.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Jacques Audiard e
o Sur mes Lèvres de 2001 com uma
atriz que eu considero uma das maiores, a Emmanuelle
Devos.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
O Bandido da Luz
Vermelha do Sganzerla. Um filme
feito na garra e com uma história incrível explorando, na época diversas
linguagens.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É quem ama e estuda cinema.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Não posso dizer. Vejo acertos fantásticos e equívocos
terríveis. Dos cinemas menores com seus donos próximos o resultado tem sido
melhor.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Temo que isso ocorra, mas acredito que não. Tem filmes que
são feitos e devem ser assistidos nos cinemas. Tomara que sobrem os cinemas
independentes, principalmente.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
O Roubo da Taça
do Caito Ortiz. Para que as pessoas
cinéfilas e não cinéfilas possam ter certeza que filmes comerciais podem ter um
recheio com conteúdo, sejam divertidos e questionadores.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Fosse eu um biólogo ou infectologista poderia responder.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Qualidade é um termo equivocado, a meu ver. Pode significar
algo bem acabado e vazio. O cinema brasileiro têm excelentes filmes num
determinado formato de produção que lamentavelmente não chega a todos os
realizadores.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Com algumas decepções, Julio Andrade.
12) Defina cinema com uma frase:
Uma ferramenta política com dois gumes.
13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa
sala de cinema
Estreia do Pedro Mico no antigo Ricamar em Copa. Não havia
público, convidados, só alguns apareceram. Para que a sessão não ficasse vazia,
nós da equipe fomos a rua pedir para que as pessoas entrassem de graça. Não me
lembro sequer da presença da imprensa. Público voluntário na plateia de baixo e
no girau equipe e atores. Bastaram aparecer as cenas mais eróticas entre o Pelé
e a Tereza Raquel para rolar uma vaia acompanhada de observações a respeito da
performance em cena. Depois disso a maior parte das pessoas foi embora.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Uma tentativa pretensiosa de fazer cinema apostando na fama
de uma atriz. Um filme risível.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Eu acho que ajuda muito. O que colocamos na tela é um MMC do
que vimos e vivenciamos. A gramática cinematográfica é a ferramenta. Quanto
mais filmes, desde que selecionados, mais afiada fica a nossa léxica.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?