Se tivesse que escolher, você ficaria com sua mãe ou seu pai? Indicado da Suécia ao próximo Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro, Charter, escrito e dirigido pela cineasta sueca de 34 anos Amanda Kernell, possui um arrepiante abre alas, um diálogo no escuro que diz muito sobre sentimentos dúvidas/incertezas que veremos ao longo dos intensos 94 minutos de projeção. No início tudo é muito misterioso, aos poucos vamos descobrindo as verdades e alguns porquês (nem todos) sobre como todos os personagens foram parar ali naquela situação complexa que envolve guarda das crianças, a polícia, assistentes sociais, e uma mãe em fuga com os próprios filhos. Um drama profundo, muito bem dirigido. A atuação de Ane Dahl Torp é uma das melhores dos últimos anos quando pensamos em filmes europeus.
Na trama, conhecemos Alice (Ane Dahl Torp) uma mulher que precisou se distanciar dos dois
filhos, Elina (Tintin Poggats Sarri)
e Vincent (Troy Lundkvist) por
alguns meses esperando sair a decisão sobre a custódia das crianças. Mas certo
dia, Vicent liga para mãe no meio da noite e isso faz com que ela volte
correndo para o lugar onde seus filhos vivem e acaba sequestrando as crianças
com destino às ilhas canárias. Mas o pai das crianças, o indecifrável Mattis (Sverrir Gudnason) não deixará barato e
aciona a polícia em busca do paradeiro deles.
O roteiro bate na tecla ‘Peso na consciência’
constantemente. Há uma mágoa imensa dos filhos para com a mãe deles. Por conta
de escolhas do passado, isso fica evidente com mais clareza quando analisamos
as atitudes pela ótica da filha Elina. Mas as demonstrações de arrependimento
os une, quando o espírito materno grita, atitudes desesperadas e impulsivas se
jogam na tela gerando uma fuga para redescobertas e um entrelinhado pedido de desculpas
embutido em cada atitude simpática vindo dessa mãe que se distanciou mas
voltou. Charter é uma poderosa Fita
nórdica que fala sobre assuntos importantes que acontecem diariamente no mundo,
principalmente quando envolve filhos, pais e separação.