Existe limite para a sobrevivência? Como faço para parar minha imaginação? Disponível no catálogo da Netflix, Kadaver, escrito e dirigido pelo cineasta Jarand Herdal (em seu primeiro longa-metragem) é um filme que possui confusos jogos de cena contidos em um paradoxo sobre a sobrevivência e a moral. Há um clima de tensão, o espectador é levado até perguntas sobre o que diabos é aquilo ali que está vendo, mas só isso. Muito corrido, o roteiro peca pela falta de contexto. De positivo, podemos explorar o caminho de que distopias nos fazem entender melhor sobre relações sociais dentro do ‘normal’ onde vivemos.
Na trama, conhecemos Leonora (Gitte Witt) e Jacob (Thomas
Gullestad), um casal que vive com sua filha pequena Alice em um mundo pós
alguma coisa de ruim que deixou o planeta destruído e seus habitantes, sobreviventes,
lutando diariamente por comida. Certo dia, descobrem um anfitrião com recursos
que está encenando uma peça de teatro dentro de um luxuoso hotel e dando comida
de graça por um preço simbólico. Chegando até lá, o casal se depara com
situações que não sabem se são reais ou encenadas.
Fazer pensar pela originalidade não basta, é preciso ter
mais ferramentas e conteúdo para atrair a atenção do espectador. Tempos
assustadores (não explicados), perda, esperança, angústia, esses são elementos
emocionais que nos levam a buscar um entendimento do que aconteceu e os
sentidos morais que se colocam os assustados protagonistas. O show não é no
palco, não há filas, o anfitrião Mathias (Thorbjørn
Harr) é um eminente vilão que faz o que faz não pela situação do mundo mas
pela sua própria, o que nos leva a raciocinar sobre o egocentrismo que mexe
bastante as peças nesse tabuleiro confuso que tenta emplacar a cada cena uma
ideia e nos fazem ter em mente sempre a mesma pergunta: Todas as verdades chegam
em forma de mentiras?