17/11/2020

Crítica do filme: 'Kadaver'


Existe limite para a sobrevivência? Como faço para parar minha imaginação? Disponível no catálogo da Netflix, Kadaver, escrito e dirigido pelo cineasta Jarand Herdal (em seu primeiro longa-metragem) é um filme que possui confusos jogos de cena contidos em um paradoxo sobre a sobrevivência e a moral. Há um clima de tensão, o espectador é levado até perguntas sobre o que diabos é aquilo ali que está vendo, mas só isso. Muito corrido, o roteiro peca pela falta de contexto. De positivo, podemos explorar o caminho de que distopias nos fazem entender melhor sobre relações sociais dentro do ‘normal’ onde vivemos.


Na trama, conhecemos Leonora (Gitte Witt) e Jacob (Thomas Gullestad), um casal que vive com sua filha pequena Alice em um mundo pós alguma coisa de ruim que deixou o planeta destruído e seus habitantes, sobreviventes, lutando diariamente por comida. Certo dia, descobrem um anfitrião com recursos que está encenando uma peça de teatro dentro de um luxuoso hotel e dando comida de graça por um preço simbólico. Chegando até lá, o casal se depara com situações que não sabem se são reais ou encenadas.


Fazer pensar pela originalidade não basta, é preciso ter mais ferramentas e conteúdo para atrair a atenção do espectador. Tempos assustadores (não explicados), perda, esperança, angústia, esses são elementos emocionais que nos levam a buscar um entendimento do que aconteceu e os sentidos morais que se colocam os assustados protagonistas. O show não é no palco, não há filas, o anfitrião Mathias (Thorbjørn Harr) é um eminente vilão que faz o que faz não pela situação do mundo mas pela sua própria, o que nos leva a raciocinar sobre o egocentrismo que mexe bastante as peças nesse tabuleiro confuso que tenta emplacar a cada cena uma ideia e nos fazem ter em mente sempre a mesma pergunta: Todas as verdades chegam em forma de mentiras?