Você vai fazer as coisas como querem que você faça ou da maneira como você quer fazer? Escrito e dirigido por Alan Ball (produtor de seriados de sucesso como A Sete Palmos e True Blood), em seu segundo longa-metragem como diretor, Uncle Frank é sensível recorte passado no início da década de 70 onde um professor universitário não assumidamente gay precisa enfrentar seus grandes fantasmas do passado quando seu pai falece. Delicado e com reflexivos diálogos, o filme percorre todas as dores de um personagem (e os ótimos coadjuvantes) inteligentes e cativantes. Os atores Peter Macdissi e Paul Bettany conseguem extrair de seus personagens todo amor e carinho de uma relação secreta que passa uma grande verdade para o lado de cá da tela. Um emocionante filme, disponível na Amazon Prime.
Na trama, conhecemos a jovem Beth (Sophia Lillis) que mora no interior dos Estados Unidos e não possui
muitos sonhos na vida. Sua grande referência acaba sendo o seu tio Frank (Paul Bettany) um homem inteligente,
educado, professor da Universidade de Nova Iorque, distante do resto da família,
por motivos que a princípio não sabemos, que a faz entender alguns conceitos
básicos para que tenha independência e consiga ser quem ela realmente quiser
ser. Os anos se passam e Beth passa para a mesa Universidade que o tio dá aulas
e acaba, durante uma festa meio que secreta, descobrindo que ele é gay e vive
casado com Wally (Peter Macdissi),
um engenheiro aeronáutico, a mais de 10 anos. Dias depois, Frank recebe a
notícia que seu pai, avô de Beth, faleceu, e os dois precisam embarcar para a
cidade natal deles para o funeral.
Há uma impressionante linda passagem entre os arcos,
harmônicos e com recheio de emoções perdidas ou encubadas principalmente do
amargurado protagonista que acaba se descontruindo e se construindo novamente
aos nossos olhos. Não chega a ser um road movie mas é um caminho de descobertas,
ou, encerramentos de capítulos não terminados de um passado que vivia gritando
dentro de Frank. A delicadeza percorre todos os menos de 100 minutos de
projeção, mesmo nas partes mais dolorosas como os preconceitos sofridos há uma
quebra de hipocrisia com sarcasmos e muitos risos, alguns desses provocados
pelo ótimo personagem Wally (o quase desconhecido por aqui, o ator libanês Peter Macdissi em grande atuação).
Fica mais rico ainda o filme se analisarmos pela ótica de
Beth, a referência em quase tudo que conhece sobre livros e vivência vem desse
tio tão especial para ela, como se fosse uma filha para ele. Uncle Frank não deixa de tocar o ponto
principal a todo instante, relacionamentos pais e filhos, na linha do
protagonista e na de muitos dos personagens coadjuvantes, seus conflitos e suas
escolhas. Um belo trabalho de Bell e cia.