Sabe quando você julga saber tudo sobre uma pessoa? Você acaba não sabendo nunca tudo sobre uma pessoa. Brincando de maneira muito inteligente dentro da tese de que a teoria do impossível possa ser possível, no ano de 1986 (ano inclusive que quem vos escreve nasceu) estreava nos cinemas a comédia repleta de fantasia Peggy Sue - Seu passado a espera. Dirigido por Francis Ford Coppola e com elenco de astros da época e futuros, como Kathleen Turner, Nicolas Cage, Jim Carrey, Joan Allen e Helen Hunt, o longa-metragem, inspirado em partes por uma canção do músico e um dos pioneiros do rock and roll Buddy Holly, nos faz uma mesma pergunta a todo instante: Que escolhas tomaríamos se tivéssemos o dobro da idade em uma época passada e já vivida? Qual recheio você colocaria se pudesse voltar no tempo?
Na trama, conhecemos Peggy Sue (Kathleen Turner), uma mulher de meia idade, mãe de dois filhos que está prestes a se divorciar do marido Charlie (Nicolas Cage) por conta de inúmeras traições por parte dele e do distanciamento que o mesmo mantém de sua família, deixando outros assuntos serem mais importantes. Durante um baile de comemoração de 25 anos da formatura da sua turma do High School, inclusive onde conheceu Charlie, a protagonista desmaia e acaba indo parar 25 anos atrás podendo assim reviver momentos, driblar algumas escolhas e seguir um novo caminho. Ou não.
Memórias, experiências. O grande pulo do filme é buscar
recriar momentos na vida de uma mulher que vivia um cotidiano sem muito brilho
e a colocar de volta ao tempo onde tomou as principais escolhas que moldaram sua
vida. 25 anos para trás e antes do homem pisar na lua o mundo era muito
diferente e Peggy entra em conflito a todo instante, seja nos caminhos inicias
de seu namoro com Charlie, outros possíveis amores da época. O roteiro assinado
por Jerry Leichtling e Arlene Sarner é um reflexivo recorte sobre
escolhas em uma época de juventude onde todos os sonhos eram possíveis de serem
imaginados.
Indicado a três Oscars, Peggy
Sue - Seu passado a espera é um filme pouco falado pelos cinéfilos. As
dúvidas de uma futura divorciada, uma viagem no tempo e os conflitos sobre as
escolhas perdidas em suas memórias são alguns dos bons ingredientes desse ótimo
trabalho.