09/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #362 - Marcelo Lima


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Marcelo Lima tem 40 anos. É consultor e conselheiro no setor audiovisual. Ele cresceu no mercado exibição, onde seu pai fundou uma rede de salas de cinema. Com formação na área de TI, em 2006 fundou a Tonks, empresa de soluções em gestão, banco de dados e marketing digital dedicada ao mercado cinematográfico, atendendo empresas como Disney, Sony, Paramount, Universal, Paris, Cinemark, Cinépolis entre outras. Como desdobramento dessa atividade, fundou em 2011 a revista e o portal Exibidor e, desde 2014, realiza a maior convenção latino americana de negócios do indústria do audiovisual: a Expocine, reunindo empresas de todos os países da região.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Qualquer cinema do circuito da Av. Paulista é um deleite para qualquer cinéfilo. Fica difícil escolher. Mas tenho certeza que o Cine Marquise terá a melhor programação de toda a região quando ele for aberto.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu nasci literalmente dentro de um cinema (Cine São Luiz em Poços de Caldas-MG, primeiro cinema do meu pai). Meu berço ficava na bilheteria. Tenho vagas lembranças das imensas filas de OS CAÇA-FANTASMAS, OS GREMILINS, GOONIES e OS TRAPALHÕES e meus pais trabalhando feito louco para atender o mundo de gente que chegava a um cinema de 1100 lugares. Jamais conseguiria lembrar qual foi o primeiro filme que eu assisti de ponta-a-ponta.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Cresci com Spielberg (Jurassic Park), aprendi com James Cameron (O Exterminador do Futuro 2) mas aprendi a entender como se conta uma boa história com Christopher Nolan (O Grande Truque).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Qualquer filme de OS TRAPALHÕES. O que aqueles caras fizeram nos anos 80 e tudo que vivenciei como "exibidor mirim" naquela época, jamais irá tirar da minha cabeça o potencial que o cinema nacional tem na mente das pessoas. Eram milhares e milhares de pessoas querendo assistir o mesmo filme. E era nacional. Era incrível!

 

Agora, do ponto de vista poético e artístico, O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (Cao Hamburger).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ter a façanha de ir ao cinema todos os dias e sozinho (hahha). Fiz muito isso na época de solteiro e sem filhos (anos luz atrás).

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Jamais.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O FEITIÇO DE ÁQUILA - um dos maiores fracassos da Fox e um filme grandioso.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Com número de leitos de UTI controlados e baixa taxa de contaminação na população, os cinemas podem voltar normalmente respeitando todos os protocolos vigentes. Cinemas são muito mais seguros que supermercados, bares e restaurantes. Ali não se fala, há espaçamento e ninguém toca em nada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito a melhorar. Temos muitos filmes bons (até excelentes). Mas na estatística, a maioria ainda insiste em ser de baixa qualidade técnica.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

O diretor Kléber Mendonça Filho me conquistou!

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é minha vida!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Pergunta para um cara que nasceu dentro de um cinema. Fica difícil escolher uma (hahaha).

Quando BATMAN (Tim Burton) estreou nos cinemas, foi no meio da crise dos cinemas no mundo. Muitas pessoas vieram da roça para ir ao cinema pela primeira vez no Cine São Luiz (Poços de Caldas). Havia sessões lotadas com poltronas (naquela época cadeiras) vazias e corredores abarrotados de pessoas. O povo da roça não sabia se podia sentar naquela cadeira ou não.

 

Até mesmo um Menàge em plena sessão verpertina em uma segunda-feira em um cinema da Zona Oeste de SP que era gerente.

 

Muitos causos!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Conheci o produtor. Ele jurava que qualquer filme com Carla Perez iria explodir de bilheteria. Apostou a vida dele neste filme e faliu com ele. Morreu sozinho, em uma cadeira de rodas e em um asilo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Hollywood é movido por dinheiro e não por cinefilia. Se você faz algo que enche os olhos de um espectador e o faz arrepiar, não precisa ser cinéfilo. Mas vai ser amado por cinéfilos!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Segurança Nacional. Até hoje tenho vergonha alheia do diretor Roberto Carminati e todo o elenco (Thiago Lacerda, Milton Gonçalves e cia). Que horror!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Senna.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Muitas vezes!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

8MM.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Hollywood Reporter, Variety, Indiewire e Empire.