A eterna busca sobre as razões e/ou porquês da vida. Completando cerca de 20 anos de carreira, seja como roteirista ou diretor, o cineasta dinamarquês Anders Thomas Jensen escreve e dirige um profundo drama, puxado inclusive para a psicologia, camuflado de ação. Há leveza didática para nos mostrar os problemas diversos psicológicos que os personagens possuem. Onde há o riso também há reflexão. Tem o pós luto de um militar frio que viveu mais tempo no exército do que com a própria família, estáticos e matemáticos com problemas de aceitação, bullying e traumas de violência no passado. Riders of Justice é dinâmico, vivo e pulsante. Em cena, um show de Mads Mikkelsen, Nikolaj Lie Kaas e cia.
Na trama, conhecemos o militar Markus (Mads Mikkelsen) que após prorrogar sua missão em algum lugar do
mundo fica sabendo que sua esposa faleceu em um acidente dentro de um trem onde
inclusive estava sua filha que sobreviveu. Aprendendo a lidar com a filha que
pouco conhece por estar sempre defendendo seu pais em missões pelo planeta, seu
destino acaba se unindo a de Otto (Nikolaj
Lie Kaas) um matemático que busca em suas lógicas de softwares paralelos
entre ocorridos e pré-disposições de ações anteriores, inclusive estava no
mesmo trem que a esposa de Markus e desconfia que não fora um acidente. Assim,
essas duas almas, juntamente com outros personagens vão buscar os responsáveis pelo
ocorrido. Mas quem é o real responsável?
Os números não mentem. Será? Não é bem uma amizade no início
formada pelo excêntrico grupo, é uma aceitação do mesmo objetivo por cada um de
maneira única e não igual. Impressionante como as linhas do roteiro buscam nas
lógicas matemáticas até mesmo suas aplicações de dinamismo da trama. Em duas
retas paralelas acompanhamos dois homens em busca de provação para uma tragédia,
as inteligentes analogias com o xadrez, ações atribuindo resultados, com todas
as peças na mesa, até mesmo as profundas interpretações da fé no luto (conflito
entre realidade e fantasia?). O equilíbrio entre o drama e a ação é feito de
maneira muito sutil, ainda com recursos cômicos de um humor ácido e sangrento.
O lado psicológico do intensificado abalo emocional de um
luto mal vivido, chega por diversas variáveis, talvez a transformação mais
sentida é a de Markus, uma desconstrução sentida já nos arcos finais quando as
razões lógicas, as estatísticas e as coincidências parecem de alguma forma
fazer sentido para esse ser humano gelado que não expressa um sorriso durante
todo o filme. Mais um trabalho muito difícil e sensacional de um dos melhores
atores do planeta Mads Mikkelsen.