O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Miami (Flórida). Madu Garcez tem 19 anos. É recém
colunista no Instagram do Cinema Com Teoria (@cinema.com.teoria) e roteirista iniciante com alguns projetos em
andamento. Ama cinema como se fosse uma parte dela e está sempre aberta para
debater a sétima arte, indo desde os filmes surrealistas do David Lynch, até
uma boa maratona de Star Wars ou Senhor dos Anéis. Seu Instagram é o @maducez.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Eu me mudei para Miami um pouco antes da pandemia começar,
então eu só fui ao cinema uma vez, em junho de 2021 para ver A Quiet Place II. Mas admito que estava
com tanta saudade que a sala que fui é meu atual lugar favorito no mundo.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Her. É um dos
meus filmes favoritos da vida. Já revi dezenas de vezes (sem exagero) e toda
vez que assisto, me sinto extremamente impactada. Quero fazer isso. Causar esse
impacto na vida das pessoas pela arte.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
No momento, Wong
Kar-wai e definitivamente Amor à
Flor da Pele.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
O Animal Cordial -
Gabriela Amaral Almeida. Eu acho que esse filme é um estudo sobre a
sociedade brasileira, representada por uma alegoria no microcosmo de um
restaurante; e definitivamente não recebe a atenção que deveria.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Acredito que seja ultrapassar a barreira de ter filmes, como
apenas mais um entretenimento. É se intensificar na arte e tirar maior proveito
dela.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Definitivamente não. A maior parte da minha vida foi morando
em cidades pequenas, e eu sofria com a programação de sempre. Os blockbusters
dominavam todas as salas e filmes de "menor público" quase nunca
passavam. Claro que eu também amo um blockbuster, Star Wars é um dos meus maiores vícios, mas é extremamente injusto
que fique em cartaz por meses, enquanto outros filmes nem tem a chance de ficar
um dia sequer.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Duvido muito. Acredito que essa tradição seja pra sempre.
Mesmo no momento em que as pessoas literalmente não deveriam sair de casa,
algumas iam ao cinema no meio de uma pandemia.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Mulheres do Século 20
- Mike Mills. Eu já revi umas 10 vezes e nunca achei alguém para conversar
sobre. Caso você que esteja lendo, já tenha visto o filme, por favor me
contate.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Claro que quem mais sofre com isso é o trabalhador
comum, mas isso é um problema sistemático de sociedades capitalizadas.
Infelizmente.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
O cinema brasileiro sempre foi excelente. Acho que depois do
estouro de Bacurau, as pessoas se
interessaram mais pelo cinema brasileiro. Não só em assisti-lo, mas em fazê-lo.
Definitivamente essa nova leva de cineastas vai fazer um bem para o nosso cinema.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Anna Muylaert.
Essa mulher pode fazer até um comercial sobre golfe que eu assisto. E eu acho
golfe extremamente chato.
12) Defina cinema com
uma frase:
"Cinema é uma questão do que está no frame e do que
está fora dele" - Martin Scorsese.
Acho que essa frase diz muito sobre como o cinema transcende a tela.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
No final da sessão de Blade
Runner - 2049, um cara pediu a namorada em casamento, na frente de todos
assim que os créditos subiram. Brega e fofo.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Reset cultural.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Resposta: Não necessariamente. Acredito que podemos separar
uma coisa da outra, mas também acredito que quanto mais aprofundado você for em
uma arte, mais referências terá, o que pode enriquecer seu processo criativo.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
The Last Days of
American Crime. Eu não costumo ver os filmes de ação da Netflix, mas esse eu fui ver com um
parente. Absolutamente nada ali fazia sentido, sem falar da direção que me dava
náuseas com zooms aleatórios e enquadramentos completamente incoerentes. Sem
falar daquele roteiro que parecia ter sido montado num sorteio.
17) Qual seu
documentário preferido?
George - Martin
Scorsese. Já sou fã absurda do Scorsese, e mais ainda dos Beatles. Ver esse retrato tão lindo da
vida do George Harrison foi
extremamente emocionante.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim. Quando fui assistir Rogue One. Talvez tenha sido pega pelo sentimentalismo, mas eu
fiquei completamente apaixonada pelo filme, que se tornou um dos meus
prediletos da saga de Star Wars.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Adaptação - Spike
Jonze. Sou defensora fiel de Nicolas
Cage.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Jovem Nerd e Cinema Com Rapadura. Falhei em ser
cult.
21) Qual streaming
disponível no Brasil você mais assiste filmes?
HBO Max. O acervo
de filmes clássicos é simplesmente incrível.