31/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #493 - Jadilson Gomes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belém (Pará). Jadilson Gomes tem 47 anos. Negro, pai do Gabriel, professor de história, ama cinema e poesia. Antes da pandemia costumava ir ao cinema duas vezes por semana. Adora os filmes de Woody Allen, Fellini e Scorsese. Acompanha sites, canais e páginas sobre cinema. Tem amigos incríveis que estimulam os debates e as leituras sobre os filmes. O cinema o ajuda a viver com alegria, amizade e leveza.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinema Olympia. Motivos afetivos. Fez parte da minha formação de cinéfilo. Outro excelente motivo é o cinema mais antigo em atividade no Brasil.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O segredo do Abismo. Foi uma das primeiras experiências sozinho numa sala de cinema. Pude aproveitar o filme e compreender a importância do cinema como arte.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Woody Allen, Manhattan (1979).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Pra Frente Brasil Direção de Roberto Farias. Um filme impactante e corajoso que - mesmo na época de abertura – cumpriu um papel importante na denúncia e crítica ao regime militar. Este filme deveria ser relançado, especialmente no momento em que tentam negar a história.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar essa arte, buscar informações, ler bastante conversar e escrever sobre os filmes e seus respectivos contextos de produção.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte, não. O que predomina é o circuito comercial com seus blockbusters. Em minha cidade há dois cinemas que possuem uma programação para quem realmente gosta de cinema: Os cinemas Olympia e Líbero Luxardo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Espero que ações do poder público aconteçam de modo perene em outros locais do Brasil. Por exemplo, em Belém o cinema Olympia foi assumido pela Prefeitura e o Libero Luxardo é mantido pela Governo do Estado. Dessa maneira creio que haverá uma longevidade desses templos da cultura. Oxalá, ocorra o mesmo em outras cidades. .

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Cópia Fiel. Direção de Abbas Kiarostami. Um filme belíssimo, profundo e conta com uma excelente atuação de Juliette Binoche.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que não, mas aos poucos os cinemas comerciais voltaram em Belém.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Avançamos muito do ponto de vista técnico. Sempre tivemos bons realizadores e ótimos atores e ótimas atrizes. Os roteiros melhoraram bastante. O que chama atenção é a diversidade de gêneros. Bom sair das produções voltadas para um público infantil ou comédias que muitas vezes são mais do mesmo. Somos inteligentes e criativos para realizar mais. Temos produzido um cinema que dialoga com o mundo sem perder nossa identidade, cultura, história e o olhar crítico.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Pode ser mais de um? Dira Paes e Irandhir Santos. Adoro a versatilidade deles. Talentosíssimos. Merecem mais reconhecimento.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte que realiza os sonhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Era um sábado em 2014 e meu filho e eu fomos assistir “Não pare na pista” e, simplesmente, havia somente 14 pessoas na sala. Ficamos tristes incialmente, mas antes de começar o filme meu filho passeou pela sala dizendo que o cinema era nosso. Foi uma experiência inesquecível.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

Não vi. Não tenho como opinar.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Fica uma direção muito técnica. No entanto, ser cinéfilo permite um olhar mais profundo e dialógico com as referências. Todos precisamos de inspiração até os gênios do cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vi muitos filmes ruins. Mas não me agrada a franquia “Velozes e Furiosos”.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Ilha das Flores (1989) Direção de Jorge Furtado. Muito impactante em minha formação. Além do texto e da direção inteligentes tem a narração de Paulo José.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, quando vi Blue Jasmine. Cate Blanchett me emocionou bastante.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto muito do Papo de cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix