As dores que nunca se apagam. Um dos cinco finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é um dos mais chocantes longas-metragens dos últimos tempos. Mostra os horrores de uma guerra sem fim na Bósnia, onde a sede por matança em meados da década de 90 levou a separação dolorosa de inúmeras famílias de várias regiões desse país que convivia com o medo frequente. Ao longo das mais de duas horas de projeção somos testemunhas de muita dor e sofrimento tendo como referência uma tradutora da ONU que luta a todo instante para proteger sua família. Um filme arrebatador. Belíssima direção da cineasta Jasmila Žbanić.
Na trama, ambientada em meados da década de 90, conhecemos Aida
(Jasna Đuričić) uma ex-professora e
agora tradutora/intérprete da ONU que precisa lidar com um caótico momento de
seu país tomado por um exército de vingativos soldados que praticamente
varreram a cidade de Srebrenica. O único porto seguro é a base da ONU na
região, comandada por patentes altas holandesas, para onde fogem todos os
sobreviventes, inclusive os dois filhos e o marido de Aida. Buscando soluções/escolhas
a todo instante, negociando bastante com todos que conhece, Aida viverá dias
que nunca sairão de sua memória.
Nossos olhos estacionam em Aida, uma forte mulher que luta
para executar seu trabalhar em meio a pressões de todos os lados em busca de
soluções que ela sozinha não consegue encontrar. Pela ótica dela acompanhamos o
desespero dos militares holandeses na base da ONU, abandonados pelo alto
escalão, sem saber direito como lidar com a situação tensa que lhes é
apresentada. Também acompanhamos memórias da mesma, quando os dias eram felizes
em um país destroçado por uma guerra que nunca acaba.
Exibido no Festival Internacional de Cinema de Veneza, Quo Vadis, Aida? tem um ritmo dinâmico,
intenso, mostrando uma dura realidade distante de muitos mas que passam
milhares de pessoas que fogem de um lugar que é seu mas comandado (ou tomado)
por pessoas ruins. Atemporal, inclusive quando esse texto é escrito o mundo lê
sobre os horrores que acontecem num outro país, o Afeganistão, tomado pelo
Talibã nos últimos dias fazendo com que milhares de pessoas fujam de suas casas
e consigam abrigo em qualquer outro lugar do mundo.
O filme consegue com toda a dureza que lhe é pertencente apresentar
pontos reflexivos aos montes. Há críticas sociais por todos os lados, críticas
sobre a questão da ONU sem comando também. O filme forte e necessário.
Imperdível.