O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Duda D’Elia tem 21 anos. É Graduanda em
Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense com experiência em
Produção e Assistência de Direção. Co-criadora e co-coordenadora da Liga de
Produção de Distribuição da UFF - A ProdUFF (@produff) e Co-criadora e
Coordenadora de Curadoria do Cineclube Prainha Play (@prainhaplay) pelo canal
do YouTube da Unitevê UFF (@uniteveuff).
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Aqui no Rio, as salas com as programações mais compatíveis
ao que eu curto assistir certamente são as do Estação, principalmente as de Botafogo. A seleção dos filmes sempre
é super completa e alinhada aos melhores lançamentos. De qualquer forma, a
minha sala favorita do mundo fica em Niterói, no Centro de Artes da UFF. A seleção de lá é sempre impecável, além das
condições incríveis de exibição. Recomendo para todo cinéfilo.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
O Mágico de Oz é
um marco na minha vida. Lembro de assistir em loop quando criança. O uso das
cores me marcou muito. Foi o primeiro filme que assisti que não era
completamente “colorido”. Nunca havia pensado na possibilidade e, desde então,
comecei a questionar sobre os recursos do audiovisual.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Certamente não tenho diretora ou diretor favorito, mas uma
realizadora que me inspira há muitos anos é a Agnès Varda. A sua habilidade de contar histórias e criar estéticas
únicas para seus filmes é admirável. Sou uma grande fã. A trajetória dela é
muito plural, tornando difícil escolher um filme favorito, mas As Duas Faces da Felicidade é um dos meus
favoritos, devido à leveza da fotografia e arte em contraste com a dureza da
temática.
4) Qual seu filme nacional
favorito e porquê?
O Cinema Brasileiro é muito potente, o que torna essa
pergunta muito difícil. Sinto que, levando em consideração o histórico político-social
do país, Terra em Transe é uma força
dentro do panorama Audiovisual Brasileiro.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ser cinéfilo é amar o Cinema, a sala escura, a experiência
espacial como um todo. Não necessariamente assistir quatro filmes por dia, mas
apreciar o Cinema, reconhecer as belezas dessa forma de arte, e isso inclui a
experiência física.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por
pessoas que entendem de cinema?
O conceito “entender de cinema” é muito complexo. Acredito
que essas pessoas tenham uma visão mercadológica que, infelizmente, negligencia
certos filmes - nacionais não de comédia e os internacionais fora do circuito estadunidense.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Com certeza não. Acredito que a pandemia é uma prova disso.
Estamos todos muito ansiosos para voltar a todo vapor para as salas de cinema.
A experiência coletiva é insubstituível.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Negligenciamos, por vezes, os curtas-metragens, peças
audiovisuais cuja capacidade de síntese dramática e estética pode ser mais
interessante que a de um longa-metragem, por exemplo. Recomendo o curta Maioria Absoluta do grande Leon Hirszman. É um filme maravilhoso.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Infelizmente, temos que ser pacientes. A vacinação é um
processo muito importante e, para voltarmos completamente com atividades que
envolvem aglomerações, precisamos de todas as medidas sanitárias possíveis.
Esperar vai valer a pena!
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
O Cinema Brasileiro é muito talentoso. Temos muitas
potências aqui. Somos muito capazes e criamos, dia após dia, conteúdos cada vez
mais relevantes. Tenho certeza que o nosso potencial será cada vez mais
conhecido.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Não perco produções que tenham a Grace Passô no elenco ou por trás das câmeras. Ela é simplesmente
genial. Também acompanho de perto a produtora mineira Filmes de Plástico. Eles são sensacionais.
12) Defina cinema com
uma frase:
O Cinema é um importante reflexo da vida, sendo irreal ou
não.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Bem, essa história eu protagonizei (risos)! Uma vez fui ao
cinema, numa dessas sessões com debates, e a realizadora estava lá e, antes da
exibição, tinha um evento com comes e bebes. Foi uma das minhas primeiras experiências
nesse tipo de sessão e eu estava um pouco nervosa, até por ser fã da
realizadora. Bem, em poucos momentos, a diretora e seus amigos se aproximaram
do lugar que eu estava sentada e eu, muito nervosa, fui mudar de lugar. Quando
vi, tinha derrubado a minha bebida no chão e no vestido da realizadora. Enfim,
um desastre (risos)!
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Um marco no Audiovisual Brasileiro!
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Acho que qualquer realizador deve ter suas referências
cinematográficas, então sim, julgo ser muito importante assistir filmes com
frequência, e filmes dos mais variados. Inclusive, ler também é muito
importante, assim como consumir artes visuais no geral. Todo repertório é
válido.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Nossa, comprometedor (risos)! Pior é MUITO relativo, fora
que eu não sou o tipo de odiar filmes, acho que sempre podemos achar algo
proveitoso. De qualquer forma, filmes sobre bispos são irrecuperáveis. Esses
são ruins mesmo (risos).
17) Qual seu
documentário preferido?
Eu sou apaixonada por documentários, o que torna essa
pergunta muito difícil. Não citar Eduardo
Coutinho seria um crime, então escolho Jogo
de Cena, que sempre me emociona muito. Como falei sobre a Varda anteriormente,
vou incluir Os Catadores e Eu, por
ser um filme que amo profundamente.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Ah, sim. Com certeza. Mas apenas em sessões com debate. Sou
tímida para esse tipo de coisa (risos).
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Motoqueiro Fantasma?
Brincadeira (risos). Eu gosto bastante de Adaptação.
Sei que as pessoas amam ou odeiam esse filme, mas eu acho bacana, me divirto
assistindo.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
O Guia do Cinéfilo,
com certeza. Acho o site bem completo mesmo, sempre atualizado. Adoro acompanhar
em todas as mídias. Eu também gosto muito do Filme B, ele é ótimo para pesquisas mais direcionadas à realizadores
brasileiros. Recomendo.
21) Qual streaming
disponível no Brasil você mais assiste filmes?
Para filmes, o mais completo que temos é o TelecinePlay, sem dúvidas. Principalmente
no catálogo mais “cult” e nacional. Curto bastante, um ótimo investimento.