13/09/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #515 - Duda D’Elia


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Duda D’Elia tem 21 anos. É Graduanda em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense com experiência em Produção e Assistência de Direção. Co-criadora e co-coordenadora da Liga de Produção de Distribuição da UFF - A ProdUFF (@produff) e Co-criadora e Coordenadora de Curadoria do Cineclube Prainha Play (@prainhaplay) pelo canal do YouTube da Unitevê UFF (@uniteveuff).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui no Rio, as salas com as programações mais compatíveis ao que eu curto assistir certamente são as do Estação, principalmente as de Botafogo. A seleção dos filmes sempre é super completa e alinhada aos melhores lançamentos. De qualquer forma, a minha sala favorita do mundo fica em Niterói, no Centro de Artes da UFF. A seleção de lá é sempre impecável, além das condições incríveis de exibição. Recomendo para todo cinéfilo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Mágico de Oz é um marco na minha vida. Lembro de assistir em loop quando criança. O uso das cores me marcou muito. Foi o primeiro filme que assisti que não era completamente “colorido”. Nunca havia pensado na possibilidade e, desde então, comecei a questionar sobre os recursos do audiovisual.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Certamente não tenho diretora ou diretor favorito, mas uma realizadora que me inspira há muitos anos é a Agnès Varda. A sua habilidade de contar histórias e criar estéticas únicas para seus filmes é admirável. Sou uma grande fã. A trajetória dela é muito plural, tornando difícil escolher um filme favorito, mas As Duas Faces da Felicidade é um dos meus favoritos, devido à leveza da fotografia e arte em contraste com a dureza da temática.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Cinema Brasileiro é muito potente, o que torna essa pergunta muito difícil. Sinto que, levando em consideração o histórico político-social do país, Terra em Transe é uma força dentro do panorama Audiovisual Brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é amar o Cinema, a sala escura, a experiência espacial como um todo. Não necessariamente assistir quatro filmes por dia, mas apreciar o Cinema, reconhecer as belezas dessa forma de arte, e isso inclui a experiência física.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

O conceito “entender de cinema” é muito complexo. Acredito que essas pessoas tenham uma visão mercadológica que, infelizmente, negligencia certos filmes - nacionais não de comédia e os internacionais fora do circuito estadunidense.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Com certeza não. Acredito que a pandemia é uma prova disso. Estamos todos muito ansiosos para voltar a todo vapor para as salas de cinema. A experiência coletiva é insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Negligenciamos, por vezes, os curtas-metragens, peças audiovisuais cuja capacidade de síntese dramática e estética pode ser mais interessante que a de um longa-metragem, por exemplo. Recomendo o curta Maioria Absoluta do grande Leon Hirszman. É um filme maravilhoso.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente, temos que ser pacientes. A vacinação é um processo muito importante e, para voltarmos completamente com atividades que envolvem aglomerações, precisamos de todas as medidas sanitárias possíveis. Esperar vai valer a pena!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O Cinema Brasileiro é muito talentoso. Temos muitas potências aqui. Somos muito capazes e criamos, dia após dia, conteúdos cada vez mais relevantes. Tenho certeza que o nosso potencial será cada vez mais conhecido.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perco produções que tenham a Grace Passô no elenco ou por trás das câmeras. Ela é simplesmente genial. Também acompanho de perto a produtora mineira Filmes de Plástico. Eles são sensacionais.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema é um importante reflexo da vida, sendo irreal ou não.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Bem, essa história eu protagonizei (risos)! Uma vez fui ao cinema, numa dessas sessões com debates, e a realizadora estava lá e, antes da exibição, tinha um evento com comes e bebes. Foi uma das minhas primeiras experiências nesse tipo de sessão e eu estava um pouco nervosa, até por ser fã da realizadora. Bem, em poucos momentos, a diretora e seus amigos se aproximaram do lugar que eu estava sentada e eu, muito nervosa, fui mudar de lugar. Quando vi, tinha derrubado a minha bebida no chão e no vestido da realizadora. Enfim, um desastre (risos)!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um marco no Audiovisual Brasileiro!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que qualquer realizador deve ter suas referências cinematográficas, então sim, julgo ser muito importante assistir filmes com frequência, e filmes dos mais variados. Inclusive, ler também é muito importante, assim como consumir artes visuais no geral. Todo repertório é válido.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, comprometedor (risos)! Pior é MUITO relativo, fora que eu não sou o tipo de odiar filmes, acho que sempre podemos achar algo proveitoso. De qualquer forma, filmes sobre bispos são irrecuperáveis. Esses são ruins mesmo (risos).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Eu sou apaixonada por documentários, o que torna essa pergunta muito difícil. Não citar Eduardo Coutinho seria um crime, então escolho Jogo de Cena, que sempre me emociona muito. Como falei sobre a Varda anteriormente, vou incluir Os Catadores e Eu, por ser um filme que amo profundamente.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Ah, sim. Com certeza. Mas apenas em sessões com debate. Sou tímida para esse tipo de coisa (risos).

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma? Brincadeira (risos). Eu gosto bastante de Adaptação. Sei que as pessoas amam ou odeiam esse filme, mas eu acho bacana, me divirto assistindo.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O Guia do Cinéfilo, com certeza. Acho o site bem completo mesmo, sempre atualizado. Adoro acompanhar em todas as mídias. Eu também gosto muito do Filme B, ele é ótimo para pesquisas mais direcionadas à realizadores brasileiros. Recomendo.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Para filmes, o mais completo que temos é o TelecinePlay, sem dúvidas. Principalmente no catálogo mais “cult” e nacional. Curto bastante, um ótimo investimento.