Rolou na RIO2C 2023 o aguardado painel com Jantje Friese e Baran Bo Odar, os criadores dos seriados Dark e 1899. A jornada criativa das séries da dupla foi a base do bate-papo que visitava pela primeira vez o Brasil. Antes do bate-papo, que ocorreu em uma sala lotada às 9 da manhã de um dia de semana, passearam por 7 horas pela capital carioca, andaram de metrô, foram nas praias, aproveitaram muito bem a cidade maravilhosa!
Logo no
início do papo, começaram dizendo que a maneira como abordam as suas séries tem
a haver com mentalidade dos filmes que fizeram, concluindo que aprenderam
durante o processo como fazer um seriado. Grande fãs do seriado Lost, falaram para o público que adoram
charadas e quebra-cabeças além da ação de pesquisa na internet para buscar
códigos, e isso é exatamente o que eles querem com seus projetos: criar uma
experiência como essa, que o público pegasse uma caneta e fosse pesquisar, buscar
as peças.
A
importância do tema ganhou os holofotes. Para a dupla, você precisa definir um.
O tema pra eles é como um instrumento musical, você apresenta a
história e ele toca o tempo todo. E sobre as séries que criaram, em uma
delas, o que os interessava é falar sobre física quântica, sobre a dicotomia
entre livre arbítrio e determinismo, personagens presos no loop de causa e
efeito. A partir disso juntaram todos os elementos para criar um dos famosos
projetos deles.
Mostrando seu lado cinéfilo, Baran Bo Odar, citou Fogo contra Fogo (Heat) como um dos seus filmes preferidos principalmente pelo fato que há um tema circulando durante todo o projeto, no caso um longa-metragem sobre solidão com uma trilha que passeia pelo filme durante as três horas sem deixar de ter a ação, entre outros elementos. Depois citou o longa-metragem brasileiro Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, e o potencial das histórias que conseguem chegar em qualquer lugar do mundo. Mais pra frente no papo, citou também Seven – Os Sete Crimes Capitais, de David Fincher, como um ótimo filme pelo fato de fazer uma crítica à sociedade. Baran disse que comprou o ingresso pra ver o filme, saiu do cinema quando acabou e foi ver de novo!
A indústria audiovisual e o mercado desse segmento ganhou espaço no bate-papo. Sobre isso, em resumo, bateram na tecla de que a audiência está mudando, de que o público está tendo uma visão diferente do que antigamente. Logo após, emenderam sobre confiança e liberdade criativa, falaram que tiveram grandes executivos da Netflix que os ajudaram a criar os programas sendo uma jornada em conjunto no processo criativo. Mas ponderando que o caminho para chegar nesse ‘construir’, no desenvolvimento, em algum momento pode haver visões diferente sobre os rumos da história.
Falando sobre a parceira na vida profissional e na pessoal (já que eles são casados na vida real), eles de forma bem-humorada falaram que fazem isso faz 21 anos. Eles se conheceram na faculdade e sempre gostaram dos mesmos filmes e pensam da mesma maneira, isso ajuda muito. Ter o mesmo objetivo em comum e confiar na equipe pra tomar decisões com eles também é fundamental. Pra finalizar esse tema, Bo disse:“A principal dica é nunca falar antes do almoço sobre coisas criativas”, causando risos em todos os presentes.
Deu tempo
para falar sobre os desafios de rodar 1899,
um projeto que foi filmado no estúdio onde gravaram Metrópolis de Fritz Lang.
Os criadores falaram que a série quase não foi feita por conta da pandemia, em
tempos onde não se podia viajar, mas aí chegou a tecnologia por meio de um telão
enorme sem precisar se deslocar. Eles falaram que foram aprendendo aos poucos a
mexer na tecnologia que estava disponível ao longo do processo que acabou tendo
um tempo de preparação muito longo (1 ano), pois poucas pessoas tinham usado o
equipamento. Um fato que ajudou foi que no seriado The Mandalorian, da Disney Plus, foi usada essa mesma tecnologia antes,
aí várias dicas foram dadas à toda a equipe.
Chegando no final do papo, a pergunta que todos queriam uma resposta: ‘Por que a série 1899 foi cancelada?’, Baran Bo Odar se antecipou e rapidamente soltou: “É uma coisa que precisamos perguntar a Netflix”. Jantje foi mais a fundo: “Muita gente assistiu a série. Mas mudaram a métrica da relação custo da série. 1899 é uma serie muito cara, certamente muita gente viu mas nessa relação métrica o resultado não foi o suficiente.
Uma próxima
série em parceria da dupla com a Netflix já está sendo preparada, ainda na fase
de concepção do projeto. Nos resta é aguardar, para conferir!