O real sentido do que é ser pai. Abordando uma complicada e cheia de variáveis relação entre pais e filhos, o longa-metragem Um Filho é um impactante drama que em 15 minutos conquista a atenção do espectador embarcando em uma jornada dolorosa cheia de altos e baixos, mentiras, onde a infelicidade, a dor imperceptível se tornam protagonistas. Baseado na peça teatral do próprio diretor Florian Zeller, esse é um filme necessário para todos que gostam de refletir sobre relacionamento entre pais e filhos.
Na trama, ambientado na cidade de Nova York, conhecemos Peter
(Hugh Jackman), um homem com enorme
sucesso na sua vida profissional, que se tornou pai novamente faz pouco tempo e
mantém um relacionamento com nova esposa Beth (Vanessa Kirby). Toda sua rotina muda completamente quando Kate (Laura Dern), sua ex-esposa o avisa que
o filho adolescente deles Nicholas (Zen
McGrath) está passando por uma fase difícil e precisa do pai. Assim,
Nicholas vai morar com o pai e a relação deles irá passar por muitos conflitos,
afetando em todas as esferas a vida do pai.
Uma mãe desgastada na relação com o filho, um pai tentando
se reaproximar, um filho na solidão de seus quase imperceptíveis conflitos.
Nesse triângulo familiar, vamos entendendo alguns porquês jogados em
lembranças, em um passado marcado pela ruptura. Atingido profundamente com a
separação dos pais, deslocado perto das pessoas da mesma idade, Nicholas não
consegue se encontrar, seja com no elo com a mãe, seja na tentativa de
reestruturar laços com o pai que atualmente está dedicado a formação da nova
família. Os conflitos vistos são inúmeros, há dor, incapacidade de rápidas
resoluções, diálogos repleto de desespero. Será que a culpa pela fase difícil
que o filho passa reflete nas inconsequências de seus pais?
Assim, chegamos na visão de Peter sobre tudo que acontece nas
pouco mais de duas horas de projeção. O roteiro gira muito em torno desse pai que
busca a todo instante respostas nas lembranças para seu conturbado presente,
não sabendo lidar com os problemas do filho, o fazendo recriar momentos na
relação com o próprio pai, Anthony (Anthony
Hopkins), um homem que se dedicou ao trabalho e deixou a família em segundo
plano. Seu maior conflito passa pelo fato de não querer repetir a relação que
tinha com seu pai mas a vida é repleta de variáveis incontroláveis, fato que
causa tamanho desespero, afetando seu relacionamento com Beth, seu trabalho.
As decisões difíceis que os pais enfrentam, o olhar incerto
para o futuro, a visão da psiquiatria, também ganham espaço. A depressão aguda
é um mal que assola famílias por todo o mundo, a discussão sobre o tema nesse
projeto é um importante alerta que gera reflexões.