Tava procurando uma série que me deixasse empolgado e que se tornaria uma brilhante jornada de reflexões. Encontrei! Ambientada no universo de um jogo famoso criado nos anos 90, chegou na Prime Video um seriado empolgante que busca reflexões quando a tragédia flerta com a oportunidade. Nos longos e excelentes oito episódios dessa primeira temporada, em Fallout, somos guiados por carismáticos personagens que embarcam em uma trajetória de absurdos que os levam ao encontro de verdades não ditas e suas as interpretações da moral, dos valores ligados a um princípio darwiniano. Nesse enorme tabuleiro de mentiras, a narrativa brilha ao mostrar as inversões de perspectivas que nos ajudam a entender melhor esse universo fascinante que merece toda nossa atenção.
Na trama, bem à frente no futuro, conhecemos a Terra
dizimada por ações nucleares. Para proteger alguns, os Estados Unidos junto à
um grupo de empresas, principalmente uma, a Vault- Tec , resolvem criar refúgios
subterrâneos. Assim, 200 anos depois do caos começar, conhecemos a jovem Lucy (Ella Purnell) que após o lugar onde
nasceu e foi criada ser atacado, e ainda com o sequestro de seu pai, resolve ir
atrás dele e desbravar a superfície, um lugar onde nunca antes havia ido. A
cada caminhada, uma nova descoberta, e assim seu destino se cruza com Maximus (Aaron Moten), um sobrevivente de um dos
ataques nucleares mais impactantes e o enigmático necrótico Cooper (Walton Goggins), esse último com um passado
com vivas memórias do início do fim.
O que é preciso fazer para sobreviver? Os protagonistas se
misturam na própria angústia, cada um no seu objetivo, em modos diferente de
viver, de se adaptar. Saindo de um universo de regras tendo a meritocracia como
pilar, com um mundo lá fora com outras, seguimos na maior parte do tempo os olhares
de Lucy e sua busca incessante que geram perguntas do tipo: Como melhorar um
mundo perdido? Essa ótima personagem passa por uma desconstrução absurda com o medo
que logo vira coragem passando pelas dificuldades do confiar.
Não podemos esquecer da jornada de Maximus e Cooper. O
primeiro, um jovem traumatizado com seu passado devastador, que é adotado por
um grupo militar e almeja dias mais tranquilos num universo onde o poder é
tomado, não dado. O segundo, um homem com ações moralmente questionáveis, detentor
de muitas memórias dos tempos onde o mundo vivia como os dias de hoje,
sobreviventes na superfície dos males da radioatividade, que viu a construção
de um império do mal e luta para tentar se encontrar novamente com sua família.
O tempo e a manipulação de tudo. A variável ‘Tempo’ aparece
como elemento principal, um catalisador de ações e inconsequências em meio a
uma terceirização da sobrevivência. Animais radioativos, clérigos em busca de
poder, necróticos que vagam como nômades se juntam à ambição e ao princípio de
querer ser Deus, esse último ponto personificado na linha de comando da empresa
Vault-Tec. Aliás, as poucas descobertas sobre as criações dessa empresa, e as
maiores explicações sobre o potencial de ganhos com o fim do mundo, é o ótimo
gancho para uma possível (e provável) segunda temporada.
Fallout já tem
toda sua primeira temporada disponível na Prime Video e já posso dizer, é a melhor
série do ano até aqui! Brilhante!