O lembrar, o esquecer, o entender. Em uma interessante abordagem que reúne o concreto de reflexões com a transmissão de lições de moral através das histórias de três personagens que de alguma forma ajudam a criar retratos de um país cheio de perguntas sobre seus caminhos e destinos, A Vida Secreta de meus Três Homens é um filme que explora a originalidade em sua essência.
Selecionado para a Mostra Olhos Livres, da 28ª edição da
Mostra de Tiradentes, o longa-metragem com cerca de 70 minutos, repleto de
achados visuais, joga na tela perguntas sobre o lembrar e o esquecer além das conexões
entre o passado e o presente. Com roteiro e direção de Letícia Simões, a obra passa muito pela história da sua própria
família com contextos e a consciência invadindo o trânsito entre mundos, os contrapontos
até um fabular a partir da violência.
Construindo revelações através de um jogo de cena,
conhecemos versões de fatos de três fantasmas que envolvem a violência, a
sexualidade, a política. O próprio processo criativo do filme ganha forma como
se as cortinas caíssem e nos mostrassem cada canto de uma busca por verdades. O
rumo até descobertas de verdades não ditas cria um novo universo que vai de uma
desconstrução da admiração e o medo passando pela discussão da realidade.
Simples e criativo, esse é um filme corajoso que se arrisca
numa transmissão de lição de moral. O roteiro audacioso, fora da caixa,
costurado com uma narrativa que dribla o convencional, explora o infinito da
linguagem e o sons. Tudo que vemos em tela faz muito sentido, se complementam,
fazendo as reflexões pularem a todo instante.