Selecionado para a Mostra de Cinema de Tiradentes depois de passear - deixando ótimas impressões - em outros festivais de nosso país, o documentário Tijolo por Tijolo caminha pela era das redes sociais e, em consequência, as oportunidades pelo mundo dos influencers sem esquecer de paralelos com os sonhos e a realidade difícil. Nesses versos de imagens e movimentos urbanos com recortes de um cotidiano familiar chegamos de forma animada nas maneiras de como lidar com as dificuldades.
Dirigido por Victória
Álvares e Quentin Delaroche,
esse filme de 103 minutos nos leva até a história de uma carismática família,
moradores do Ibura, na periferia do Recife, com a realidade atravessando o
sonhar ainda numa época de pandemia. A reconstrução de uma casa se torna o
primeiro passo para abertura de camadas profundas onde descobertas chegam ao
mesmo tempo de recortes intimistas de um cotidiano guiados pela figura materna
que se lança como influenciadora digital.
Um dos grandes méritos desse projeto é o fato de não deixar de
ser interessante nem um minuto. Busca o dinamismo através das camadas que se
abrem como pontos de vistas sobre o trabalho, a reconstrução de um lar, a
relação familiar. Numa pequena mostra dentro da seleção de Tiradentes, onde há
um forte debate sobre temas e formas, Tijolo
por Tijolo apresenta sua simplicidade e a riqueza das possibilidades de
câmeras em várias mãos.
Muito bem montado, com filmagens que duraram dois anos,
consegue fluir numa narrativa onde questões sociais se ampliam para ótimos
debates. O empreender, a maternidade, se tornam pontos chaves sempre ligados ao
amor, a luta, a solidariedade e ao afeto. Esse é um daqueles documentários que
marcam. Tijolo por Tijolo é, sem
dúvidas, um dos melhores documentários brasileiros do ano passado.