03/04/2021

Pausa para uma série - Quem Matou Sara? (1a Temporada)


A resposta não está no hoje e sim no ontem. Diretamente do México para diversos países via Netflix, o seriado Quem Matou Sara? Tem sua primeira temporada repleta de altos e baixos, deixando a certeza de que a tentativa de originalidade de sua trama principal vai ficar dando voltas nas próximas temporadas, assim como foi nessa. Um curioso acidente vira assassinato levando à desgraça a vida de um homem que após 18 anos volta para sua vingança. Tudo caminha para uma decisão final mas as cartas mudam de repente, uma fórmula já vista e revista diversas vezes por aí, é o famoso feijão com arroz de roteiros de séries de suspense: prende por um tempo e depois se enrola mais que linha de pia quando ela volta do céu. Criado pelo chileno José Ignacio Valenzuela e estrelado pelo ator colombiano Manolo Cardona.


Na trama, conhecemos Alex (Manolo Cardona) um homem que passou quase duas décadas preso pelo assassinato de sua irmã Sara (Ximena Lamadrid), um crime que não cometeu. Jurando vingança pela desgraça de toda sua vida, ele tem um alvo: a família Lazcano. Assim, conhecemos as peças desse complicado quebra-cabeça, Cesar (Ginés García Millán) o chefão da família, Rodolfo (Alejandro Nones) o filho medroso que é o sucessor do pai e ex-melhor amigo de Alex, Jose Maria (Eugenio Siller) o filho que o pai não gosta porque ele é gay, Mariana (Claudia Ramírez) a matriarca da família. Ainda tem Elisa (Carolina Miranda), que era criança na época do assassinato e que agora mais velha acaba possuindo forte conexão com Alex. Assim, entre idas e vindas na linha temporal vamos tentando entender o que aconteceu.


Podemos dizer que as subtramas acabam sendo mais interessantes que a trama principal. Desde o amor proibido que nasce entre dois personagens, quase um romeu e julieta dos tempos modernos, até os conflitos internos da família Lazcano são inúmeros e bastante explosivos, desde a não aceitação do casamento de Jose Maria com outro homem, até as investigações detalhistas de Elisa, os segredos de um introspectivo Rodolfo e as manipulações de Mariana. Em cada um dos episódios dessa primeira parte vemos conflitos que acabam girando em torno do assassinato, mais especificamente do dia chave onde Alex recorre a alguns recursos que ganha para achar as soluções que tanto o atormentaram durante anos. Mas o roteiro tem graves problemas para uma primeira temporada, uma reviravolta tardia acaba inserindo na trama elementos complicados de entender deixando um ponto de frustração em cada um dos dez episódios.

Continue lendo... Pausa para uma série - Quem Matou Sara? (1a Temporada)

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #353 - Joel Caetano


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Joel Caetano tem 43 anos, é diretor, roteirista e ator de curtas-metragens premiados como "GATO" (2009), "ENCOSTO" (2013), “JUDAS" (2015), “CASULOS” (2017), “INSIDE” (2018), “SCRATCHES” (2018) e “COVA HUMANA” (2019) que foram exibidos em centenas de festivais pelo mundo. Os filmes “JUDAS” e “ENCOSTO”, dirigidos por Joel estão na programação do canal SPACE Brasil, onde foram reprisados diversas vezes no ano de 2020.

 

É também diretor de “A Loira do Banheiro”, segmento assustador do longa-metragem de antologia "As Fábulas Negras" (2015) que tem nomes como Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf e José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão na direção. Em 2019 Joel participou da antologia em quadrinhos VHS - Vídeo Horror Show, que em 2020 acabou ganhando o prêmio HQMIX de Melhor Publicação Independente em Grupo.

 

Seu conhecimento sobre cinema e efeitos especiais lhe proporcionou diversos trabalhos no setor, com destaque para os efeitos visuais do filme “O cemitério das Almas Perdidas” (2020) de Rodrigo Aragão, função que também executou na série “Noturnos” (2020) do canal Brasil, dirigida por Marco Dutra e Caetano Gotardo.

 

Joel também trabalha como educador, ministrando oficinas e palestras de cinema por todo país. Além disso, também desenvolve instalações artísticas sobre cinema.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

São Paulo, normalmente vou a cinemas no shopping, nenhum específico.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Labirinto - A Magia do tempo de Jim Henson.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sam Raimi, meu filme favorito é EVIL DEAD.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus, pois é um épico social muito bem realizado, criando além do entretenimento um comentário muito importante sobre nossa sociedade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É essencialmente ter curiosidade em se aprofundar na sétima arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que isso é relativo. O cinema além de arte é um negócio. Acho que os cinemas em geral se preocupam com o lucro e isso muitas vezes não vai de encontro ao gosto de uma parte da população que procura por filmes independentes.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Estamos passando por um período difícil, mas a magia de se assistir um filme no cinema é uma experiência única. Acredito que a nossa relação com o cinema irá mudar, mas não a ponto de extingui-lo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Solaris de Andrey Tarkovsky.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Existem ótimos filmes brasileiros, sobretudo no cinema independente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Magia.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Quando criança, o primeiro filme que assisti foi Labirinto - A Magia do tempo de Jim Henson. Me lembro de ter ficado tão impressionado que comecei a imaginar que estava vendo as criaturas do filme fora da tela. Foi um momento incrível que guardo até hoje na minha memória.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Acho que é um filme, sendo um filme é arte e deve ser respeitado, criticado e visto.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. O diretor pode se inspirar em outras coisas como artes plásticas, livros, quadrinhos, músicas, etc.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não saberia responder.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Ilha das Flores de Jorge Furtado.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já, com certeza.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Nenhum específico. Geralmente procuro notícias e críticas sobre os filmes em vários locais.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #353 - Joel Caetano

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #352 - Laize Minelli


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Manaus (Amazonas). Laize Minelli é formada em jornalismo, fez mestrado em Ciências da Comunicação. Trabalha como social media e comunicação política. Como diplomas e status profissional não são a melhor definição (embora a mais fácil), devemos acrescentar que ela é fã das crônicas do Rubem Alves, acredita nos amores derramados do cinema e sua temporada preferida do ano são as de festas de fim de ano.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu acabo tendo preferência pelo Cinépolis Millenium e o Ponta Negra por trazerem mais filmes como alguns especiais no caso do Pn que já trouxe várias vezes o Varilux, além da opção de assistir legendado.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi O Homem do Futuro, eu saí da sala muito apaixonada pelo filme e era só um dia comum pra fugir da aula da faculdade...

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu gosto muito do Clint Eastwood e de Menina de Ouro (2005).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Sem dúvida alguma eu conto que é O Homem do Futuro. Apesar de o Nolan não ser meu diretor favorito, eu amo a relação tempo/escolhas...Já era fã da Alinne Moraes e do Wagner e a trilha do filme colaborou também, enfim, muito fatores...

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É quem faz do cinema um novo lar. Alguém que ‘entra’ naquela caixinha nos dias bons e ruins pra sorrir, chorar, aprender ou só passar tempo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, mas todos tem programações para quem gosta de cinema. Nesse caso acho melhor ter para que cada vez mais pessoas gostem e aí procurem conhecer, estudar e assim a pressão aumenta para termos mais acesso aos festivais, cursos e programações mais específicas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito no fim, mas na transformação. As pessoas não vão às salas de cinema somente para ver filmes, elas vão pela experiência de ver filmes dentro daquelas salas, porque o filme por si pode ser visto na tela do celular ou em qualquer outro lugar por streaming e é pensar nisso como experiência que me faz acreditar que sempre haverá espaço para ele, ainda que diminua...

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Elena (2012), da Petra Costa.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Apoio a reabertura de salas desde que cumpridas as regras de distanciamento e higiene. Claro que para isso funcionar precisa também de uma boa dose de conscientização dos frequentadores, ou seja, nós.

 

10)Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu vejo com bastante qualidade e pouco reconhecimento. A dificuldade de acesso faz com que muita gente pense que não há produções qualificadas. O filme Casa de Antiguidades, por exemplo, já ganhou o prêmio Roger Ebert, já foi citado na Variety, mas ainda não chegou aos nossos cinemas...

 

11)Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

O Rodrigo Santoro. Tenho respeito pela trajetória e pela interpretação dele.

 

12)Defina cinema com uma frase:

É a extensão da história e da mente humana em uma tela na qual vemos passado, presente e futuro.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não lembro de histórias, acho que não vivenciei uma pitoresca ainda.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu nunca assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

É provável que depois que comecem a fazer seus próprios filmes passem a consumir menos as demais produções, mas antes já devem ter passado muito tempo estudando e assistindo filmes. Eu acredito que seja difícil isso acontecer pois por definição o cinéfilo gosta de cinema, se interessa pela sua história, sua evolução. O próprio movimento da Novelle Vague surgiu porque muitos dos que escreviam sobre cinema sentiam a necessidade de abordar outros assuntos e trazer novas perspectivas e mais realistas às telas. Clint se inspirou em Sérgio Leone...

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Já vi muito filme que não gostei, um dos mais recentes foi O Procurado.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Humano (2015).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não, nenhum.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Acho que gosto de tudo que já vi dele, desde motoqueiro fantasma à Cidade dos Anjos, hahahahaha.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu leio o The Hollywood Reporter e de críticas fico com o coletivo Elviras e o Críticos.com .

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #352 - Laize Minelli

02/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #351 - Rodrigo Passolargo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Rodrigo Passolargo tem 33 anos, é roteirista, escritor e produtor cultural cearense. Formado em Economia e graduando em História, com pesquisa voltada ao regional nordestino, cultura popular e armorial. Cursou também Cinema na Casa Amarela Eusélio Oliveira - UFC, e Documentário Autoral com Carlos Nader. É crítico do site SMUC - Só Mais Uma Coisa e criou o Laboratório de Escritores através da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará em parceria com a Biblioteca Pública Gov. Menezes Pimentel. Roteirizou e dirigiu “S.A.C”, selecionado no 30° Cine Ceará e 6ª MILC; roteirizou “Etiqueta”, selecionado para o DFB Festival, 6ª Mostra ICA e Festival de Cinema Fantástico - 6º POE. Participou do “Eu Amo Fortaleza - 293 Anos”, documentário produzido pelo Jornal O Povo e Sintonia Filmes. Compôs o Júri Oficial da Mostra Competitiva do IV Cine Festival.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha:

Amo o Cineteatro São Luís da minha cidade. É um dos cinemas mais lindos e com melhor acústica do Brasil.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Primeira sessão de cinema que fui foi na Praça de Quixeré, interior do Ceará. Tinha 7-8 anos. Era filme de Cangaço e só depois descobri que era Lampião, O Rei do Cangaço (Carlos Coimbra. 1964). Todo mundo levava sua cadeira de casa. Projetor no pano branco numa rua escura que dava na Praça.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Me divido entre Glauber Rocha com Deus e Diabo na Terra do Sol e Rosemberg Cariry com Siri-Ara e Notícias do Fim do Mundo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Os acima. São filmes que me fizeram entender a importância do cinema, da minha história, do meu recorte na sociedade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim. Aqui em Fortaleza, as curadorias dos cinemas São Luís e Dragão do Mar são exemplos para o Brasil. Não se restringem somente a exibição, mas a formação, abertura para comunidade, mesas e diálogos com produções e incentivo local.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aproveitem que têm muitos festivais de cinema online/gratuito e prestigiem cinema nacional. Ótimos filmes como os curtas Os Últimos Românticos do Mundo, Noite de Seresta, Eu Empresa. Longas como O Barco, Sertânia.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Com todos os perrengues e sucateamentos, é o melhor do mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rosemberg, Bárbara e Petrus Cariry. Alan Deberton. Wanderlandia Melo. Difícil dizer só um.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é arte, técnica e resistência.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

29º Cine Ceará. Era noite de exibição de Greta do Armando Praça, com Marco Nanini. Antes, teve exibição de curtas. Um deles era o potiguar O Grande Amor de um Lobo (Kennel Rogis). Que por sinal ganhou melhor roteiro pra curta naquele festival). Foi inusitado porque atrás de mim sentou Marco Nanini (um amor de pessoa) e curta começou com trilha de Aldair PlayBoy. Pensei “Não é todo dia que você está num dos maiores festivais de cinema do Brasil, sentado quase encostado com o Lineu da Grande Família e escutando Falso Amor. Épico”

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

”Voa, Passarinho”.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que para dirigir um filme não precisa amar cinema. Para ser um bom diretor/cineasta, sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não lembro (por isso ele deve ser ruim). Mas posso não lembrar porque sempre aprendo mais com filmes ruins do que os bons.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Difícil. Mas Caldeirão de Santa Cruz, do Rosemberg e Soldados de Borracha, do Wolney Oliveira.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Sou da época que passava Con Air - Rota da Fuga, no SBT. Mas gosto de Cidade dos Anjos, pois combina com a cara de cachorro pidão dele.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu acompanho mais críticos em si do que portais, como Diego Benevides, Kamilla Medeiros, Arthur Gadelha, Mylla Fox, CineVitor, que são críticos que admiro e me importo com suas visões.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #351 - Rodrigo Passolargo

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #350 - Sabrina Demozzi


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Curitiba (Paraná). Sabrina Demozzi tem 37 anos, é jornalista, mestre em História, pesquisadora, roteirista e professora. Desde 2014 vem se especializando em criação e planejamento de conteúdos audiovisuais de não-ficção com foco em Direitos Humanos, Soberania Alimentar, Comportamento e Educação. Tem um imenso interesse por tudo o que nos torna humanos. Ajuda a descobrir e contar histórias por meio do audiovisual; Achar outros jeitos de ver o mundo. Compartilhar saberes com quem tem vontade de aprender, e: buscar os meios para entender a nossa sociedade.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação?

Detalhe o porquê da escolha- Foram algumas em Curitiba: o Cine Luz que fechou em 2009, o Ritz (que fechou em 2005)...  Hoje aguardo ansiosa a volta do queridíssimo Cine Passeio, que é um "oásis" em Curitiba pra quem gosta de cinema e não quer entrar em um shopping. O espaço é lindo, a programação é mais voltada ao cinema independente e há ali uma preocupação em valorizar a memória cultural da cidade.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Impossível mencionar só uma diretora ou um diretor...  Sou de sagitário e gosto de muita coisa ;) Te digo três coisas favoritas em três filmes favoritos: a) a capacidade de retratar a dor e o medo a partir da experiência de um jovem camponês na Segunda Guerra Mundial (Vá e Veja do Elem Klimov, 1985); b) a complexidade das emoções humanas e personagens incríveis (além da aula de fotografia) Paris, Texas (Wim Wenders, 1984); c) o retrato da falta de empatia e ausência de vitalidade na classe média argentina (O Pântano, Lucrécia Martel, 2001).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Idem... adoro o cinema nacional e acho difícil elencar um só. Vibro com o trabalho da Laís Bodanzky, da Anna Muylaert, da Susanna Lira (documentários), do Kleber Mendonça, do João Moreira Salles. Adoro, óbvio, Vidas Secas, Deus e o Diabo, o doc. Serras da Desordem do Tonacci... mas, já que é pra escolher um, vou mais pela referência do tipo de cinema que eu gosto muito:  Que horas ela volta (Anna Muylaert, 2015).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfila é encontrar a força pra continuar se encantando com o cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não tenho como afirmar, mas prefiro crer que sim. Tenho confiado e tem dado certo ;)

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Ao contrário. As pessoas estão ávidas para experienciar o cinema em toda a sua dimensão. Uma coisa não substitui a outra: streaming é legal, mas é mais uma forma de assistir as coisas. Há o espaço de viver o filme, falar sobre. Cinema é interação também. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Millennium Mambo (Hou Hsiao-hsien, 2001).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, né? Escrevo hoje (21/03) em um momento especialmente complicado para o Brasil.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sempre existiu qualidade no cinema brasileiro, apesar de toda a "pancadaria" contra o cinema nacional. A história do cinema no Brasil é reflexo do trabalho de muita gente aguerrida, que sonhou (e sonha) em fazer cinema. Nos últimos 12 anos houve maior profissionalização, mais parcerias internacionais e diversidade de produções.

 

Vale mencionar que o setor do audiovisual brasileiro figura entre os cinco mais relevantes da economia brasileira, gerando empregos e movimentando a economia criativa no país. Essa "qualidade" a que você se refere, só se mantém se houver apoio e incentivo à produção audiovisual no país. Isso é um dos maiores desafios de quem trabalha com audiovisual atualmente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

A artista que, pra mim, simboliza o máximo do talento e do trabalho em prol da cultura no Brasil é a Fernanda Montenegro. Desde menina eu me encanto com ela.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é enfrentamento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Vi duas senhoras muito elegantes "passando mal" ao perceberem que haviam entrado na sala errada, onde passava Flores Raras (Bruno Barreto). Elas foram ver um filme bobinho sobre um casamento e acabaram se deparando com a história da paixão arrebatadora entre a poetisa Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo. Elas estavam inconsoláveis, faziam negativas com a cabeça, mas não tiraram o olho da tela e nem arredaram pé da sala. 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Realmente não consigo... é um não-filme, mas poderia ser legal. Adoro axé e a premissa de conto de fadas na Bahia poderia render uma boa história, já que se trata de um gênero musical que sofreu bastante preconceito à época.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que para se dirigir um filme é preciso associar conhecimento técnico e paixão. A pessoa pra dirigir um filme tem que amar filmes, acima de tudo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Só guardo as lembranças dos bons filmes.

Dos ruins nem o nome lembro ;) 

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Adoro documentários e saber como realizá-los é o meu ofício. Assisto a muitos documentários e não tenho um preferido. Mas, pra trazer umas referências contemporâneas de verdadeiras joias, indico Honeyland (Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov, 2019), Notturno (Gianfranco Rosi, 2020), Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar (Marcelo Gomes, 2019), Agente Duplo (Maite Alberdi, 2020).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não... 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem, obviamente. 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto muito da Revista Cinética, o Indiewire, o Independent e a Variety.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #350 - Sabrina Demozzi

01/04/2021

,

Crítica do filme: 'O Presente'


Os absurdos de um presente que não esquece do passado. Vencedor do BAFTA de melhor curta-metragem de ficção e indicado ao Oscar 2021 na mesma categoria, O Presente, sendo bem objetivo, gera angústia, raiva e um enorme sentimento de tristeza com a absurda situação vivida por um pai, sua filha e uma geladeira. Bons curtas são aqueles que dentro de um recorte chamativo, conseguem expor problemas universais. Dirigido pela cineasta britânica Farah Nabulsi, esse projeto palestino faz refletir sobre a intolerância jogada na nossa cara. Esse filme gera uma indignação profunda por sabermos que os fatos aqui relatados acontecem de diversas maneiras na realidade.

Na trama, conhecemos Yusef (Saleh Bakri), um homem de meia idade, trabalhador, que acorda em uma manhã, após uma noite onde chegara muito tarde, com o objetivo de comprar um presente para a sua esposa já que ambos completam mais um aniversário de casamento. Assim, ele leva sua filha Yasmine (Mariam Kanj) para ir até Beitunia fazer compras e pegar o presente da esposa. Só que para ir e vir, Yusef e todos que moram naquela região da Cisjordânia precisam passar por um ponto de checagem israelense. E assim, um conflito se estabelece na ida e na volta do resgate do presente.


A falta de liberdade do ir e vir é o principal ponto de reflexão desse pequeno grande projeto. A falta de humanidade, compaixão dos soldados na ‘fronteira’ mostram as hipocrisias que comandam ações do universo da generalização em vez de olhar para o indivíduo. Sensibilidade? Isso não existe nesses lugares. Tentando se locomover por uma Cisjordânia controlada, com estradas segregadas, milhares de pessoas diariamente precisam ser ‘checadas’ perdendo princípios básicos dos seres humanos. O filme escancara verdades que poucos gostam de dizer ou até mesmo conhecem. O cinema tem esse papel: gerar reflexões para quem sabe trazer mudanças.

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Presente'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #349 - Renato Cavalari


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Indaiatuba (Sâo Paulo). Renato Cavalari tem 33 anos, é cinéfilo desde criança, telespectador assíduo de qualquer modalidade esportiva e fã de filmes que precisa de certo esforço para entender. Todo dia 1º de janeiro assiste A Origem, como ritual de início de ano. Acredita que os sonhos são A Origem de grandes realizações, que heróis não precisam ter super poderes, como O Cavaleiro das Trevas, e que você pode transformar simples histórias em jornadas maravilhosas, se contá-las como Forrest Gump.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui na cidade o cinema é gerenciado pelo Topázio Cinemas. Não tenho necessariamente uma preferida, mas eles tem uma sala em cada Shopping que é mais 'premium', e certamente essas são as melhores.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Inception. Sempre fui apaixonado por trilhas sonoras, quando escutei os metais graves de Hans Zimmer numa sala de cinema em 2010, foi ali que eu realmente me lembro de ter me sentido num dos meus lugares favoritos, que é dentro de uma sala de cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Steven Spielberg (sim, clichê, mas é pelo conjunto da obra) e Jurassic Park é meu filme favorito dele.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tropa de Elite. Além de bem dirigido e com excelente roteiro, o filme escancara uma verdade dolorosa do Brasil. Menção Honrosa para Cidade de Deus que é um filmaço.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É viver o cinema em toda a sua essência (história/estória, atuação, emoção, parte técnica, música... apreciar a arte além do que assistimos em tela).

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

No geral sim. Programação não é algo que me incomoda no cinema. Acredito que os profissionais fazem o que podem para trazer o melhor para os cinemas, mas existem outros fatores corporativos envolvidos antes de um filme chegar até o público.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ponto Cego (2018).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, porém com adaptações e restrições sérias quanto à segurança e saúde das pessoas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Confesso que não tenho acompanhado o que acontece de mais recente. Sinto falta de algo que chame atenção, mas talvez seja culpa minha. Bacurau é próximo de uma obra-prima e foi a única obra nacional que assisti recentemente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não tenho preferência quanto a isso. Mas gosto muito do diretor Fernando Meirelles, e tento sempre acompanhar seu trabalho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema para mim é um dos meus refúgios favoritos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Durante a transmissão do filme "A Teoria de Tudo", o programa deu problema e ficamos cerca de 15 minutos parados esperando o retorno. Quando o filme retornou, voltou em espanhol e foi muito engraçado.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Como diria Glória Pires, não sou capaz de opinar!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, mas precisa ao menos ser estudioso, criativo e ter boas referências.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

365 dias (Nota 3 de 100).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Senna: O Brasileiro, O Herói, O Campeão.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não digo o melhor, mas meu preferido é Con Air.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não leio muito sobre cinema, assisto mais vídeos. Site: Adorocinema e Rotten. Youtube: Meus 2 Centavos, Super 8, Raphael PH Santos e Pipocando

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #349 - Renato Cavalari
,

Crítica do filme: 'A Fuga da Mulher Gorila'


Vencedor de dois prêmios na Mostra Tiradentes de anos atrás, A Fuga da Mulher Gorila basicamente se constrói de maneira bastante trivial em volta da saga de artistas, uma trupe nômade pelas estradas, que circulam em volta do que acreditam, do prazer que sentem em representar e mexer com as emoções. Road movie musical? Filme experimental? Frases soltadas deixam lacunas sem respostas e ao mesmo tempo, também, entram em complexa reflexão sobre hábitos sempre em volta do tempo, quase uma brincadeira com o incompreendido. Parece uma grande loucura, como se fosse um cinema feito de maneira pra fazer sentido aos seus realizadores mas o espectador precisa exercitar o prazer de refletir, sempre há de se encontrar razões dentro de emoções que parecem tão particulares.

Na curiosa trama, duas mulheres, irmãs, que se movimentam em uma Kombi preparada como um camaleão para ser suporte em apresentações circenses. Entre uma cidadezinha e outra, vivem como nômades, entre uma apresentação e outra. A grande atração da dupla é a ser humana que vira gorila por conta de um efeito visto muitas vezes em circos por aí. Será essa a vida de muitos artistas aqui na realidade? O projeto foi rodado pelas estradas, com baixo orçamento, em pouco mais de uma semana, no ano de 2008.

Espírito nômade On! Pelas estradas da vida vamos tentando acompanhar os conceitos alicerces dos realizadores. Há cenas incompreensíveis, mas o provocar as vezes também é não dizer. Cinema é corpo, movimento, é reflexão dentro de contextos mas nem sempre tudo isso se transforma em informação clara e objetiva do que realmente querem dizer. Vale a mais fácil das afirmações que tiramos, o filme é sobre uma trupe artística com grande valor dado à arte que acreditam, até certo ponto sua essência simplifica em muitos sentidos o que enxergamos sobre a nossa cultura e sua tentativa em ser original.

A Fuga da Mulher Gorila / The Escape of the Monkey Woman - Teaser from Duas Mariola Filmes on Vimeo.

Continue lendo... Crítica do filme: 'A Fuga da Mulher Gorila'
, ,

Crítica do filme: 'O Céu de Suely'


Que bom seria ter seu amor mais uma vez. Um dos filmes mais aclamados da última década quando pensamos em cinema brasileiro, O Céu de Suely, segundo longa-metragem da carreira do cineasta cearense Karim Ainouz, é um projeto que nos diz muito sobre desilusões e as escolhas que precisamos tomar, mesmo dentro da inconsequência, quando nada mais faz sentido em nossas vidas. Dentro de um contexto melancólico, desesperada, aflita, sem rumo, a protagonista toma uma decisão no mínimo polêmica, sofrendo o preconceito e travando uma batalha interna, gerando conflitos inclusive na casa onde está hospedada. Um filme que gera muitas reflexões. Uma atuação impactante da atriz Hermila Guedes. Tem no catálogo da Globoplay.


Na trama, conhecemos Hermila (Hermila Guedes), uma jovem que chega de São Paulo com seu filho pequeno de volta para o interior do Ceará, mais precisamente a cidade de Iguatu, para morar um tempo na casa da avó e da tia mototáxi, na espera da chegada de seu marido. Vive de bicos para conseguir sobreviver até o seu marido chegar de São Paulo. Mas será que ele vem? Rodeada de incertezas e com uma certa desconfiança nesse relacionamento aos olhos de sua família, ela reencontra João (João Miguel), um antigo amor. Mas conforme os dias passam, ela começa a ter mais certeza que está sozinha nesse mundo, e assim, resolve tomar uma atitude desesperada e rifa a si mesmo gerando um grande bafafá na cidade.


Desilusões. Solidão. Incertezas. Entre um cigarro e outro, a protagonista vive conflitos internos bastante profundos, não se encaixando em praticamente nenhum lugar. No lado do amor, vive a desilusão com a falsa promessa do marido. Nas noites mal dormidas, reflete sobre sua solidão e o que vai fazer da sua vida sozinha. A chegada (ou retorno, como preferir) de João em sua vida, um trabalhador honesto que gosta muito dela faz muito tempo, gera a incerteza pois dentro dela a certeza é de que ela não pertence aquele lugar.


Nos arcos conclusivos, refletimos sobre as questões das promessas e nessa parte onde Hermila encarará a porta que deseja abrir. Se vai deixar seu filho com a avó e a tia e partir para uma nova cidade para ganhar a vida, se vai se deixar envolver por um novo antigo amor, se ainda dentro do seu coração cabe a esperança de um dia seu marido ainda a encontrar. O Céu de Suely mostra através dos olhos de uma forte protagonista feminina as dores de um mundo que muitas vezes não lhe foi leal.

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Céu de Suely'
, ,

Crítica do filme: 'Meu Pai'


Como superar o que para você mesmo é insuperável? Indicado a seis Oscars em 2021, Meu Pai, é uma espécie de um jogo de suposições dentro de um labirinto de situações. Um vai e vem emocional constante, do êxtase à amargura. Um engenheiro aposentado cheio de manias, apreciador de ópera, dentro de um apartamento em Londres com um quebra-cabeça para resolver, um jogo de um jogador apenas, mesmo com personagens surgindo a todo instante, passa seus dias, de alguma forma, bastante solitário. Nossos olhos são Anthony, vamos descobrindo onde cada peça se encaixa junto com ele. Um roteiro primoroso onde não conseguimos tirar os olhos da tela. Magistral atuação de Anthony Hopkins. Roteiro e direção assinados pelo cineasta francês Florian Zeller, seu primeiro longa-metragem como diretor.   


Na trama, conhecemos Anthony (Anthony Hopkins), um homem já no terço final de sua vida, perto dos 80 anos, que vive seus dias em um apartamento confortável em Londres onde recebe a visita constante de sua filha Anne (Olivia Colman). Quando essa última conta para ele que está indo morar em Paris, situações diferentes começam a aparecer nos seus dias, até mesmo personagens diferentes mas que significam algo ao redor da vida dele, e assim conflitos familiares são trazidos à tona. Alucinações? Lembranças? Quais peças não estão lugar?


Guiado por uma trilha sonora bastante incisiva (assinada pelo compositor e pianista italiano Ludovico Einaudi), o filme é a constatação do tempo em poucos momentos no sofrido acesso às memórias de um homem que nunca conseguiu se desvencilhar dos traumas de sua vida, principalmente uma tragédia com uma de suas filhas. Lutando contra a própria mente, buscando ao equilíbrio entre a razão e emoção para entender tudo que projeta com vida nesse momento, Anthony embarca em uma viagem com objetivo de desatar algumas amarras de consternação das lembranças de sua alma detalhista.


Paranoico? Medo de ficar sozinho? Aos poucos, junto com o inesquecível personagem, vamos percebendo que algumas coisas não fazem um certo sentido, há muitas coisas estranhas acontecendo ao seu redor, o que faz a passos largos caminhá-lo para um ato final angustiante. Vale novamente destacar a maestria de um ator que possui um domínio impressionante de seu espaço cênico, o inesquecível Anthony Hopkins em uma de suas melhores performances na carreira.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Meu Pai'

31/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #348 - Mayara Magalhães


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Fortaleza (Ceará). Mayara Magalhães tem 37 anos, é graduada em Ciências Sociais na Universidade Federal do Ceará, fez mestrado e doutorado em Sociologia na mesma Universidade. No Doutorado pesquisou recepção de telenovelas em grupos de discussão em redes sociais. Fez cursos livres na área de roteiro e fotografia. Atualmente trabalha no Cine CearáFestival Ibero-americano de cinema, colaborando na coordenação de cursos e seminários. Também trabalha elaborando projetos culturais e realizando pesquisas para documentários.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Praticamente é o único da cidade que exibe filmes independentes e de arte. Além disso a grade de horários para estes tipos de filmes é mais diversa e o preço do ingresso mais acessível.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Tive a oportunidade de assisti-lo pela primeira vez em projeção em sala de cinema. Assistir aquela construção a respeito da violência numa tela grande foi uma experiência que na época me impactou bastante. Acho que a partir dali percebi que cinema também é experiência e imersão em universos distantes do nosso, seja em relação a cultura, condições socioeconômicas, afetivas, ou, muitas vezes, uma conjugação dessas 3 camadas.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Creio que não tenho um diretor favorito, mas existem diretores que considerando a obra como um todo, gosto muito, são eles: Ingmar Bergman, que apesar de ter um universo feminino que eu gosto demais, para mim O sétimo selo realmente é o auge! De Stanley Kubrick, meu favorito é Dr. Fantástico. Mesmo sabendo que Quentin Tarantino tem filmes muito mais celebrados, eu gosto demais de À prova de morte. Também gosto do David Fincher, e adoro Garota Exemplar. Gostaria também de citar a Ava DuVernay. Ela é engajada, narra histórias extremamente relevantes. Acho que a forma como ela fala do racismo consegue transformar as pessoas. Fugindo um pouco dos filmes, a série Olhos que condenam é incrível. Ela monta a história do ponto de vista daquelas crianças e adolescentes, é doloroso, mas necessário.  Do cinema nacional gosto da perspectiva que Kleber Mendonça Filho tem do Brasil, em especial em Bacurau. E aqui do meu estado, o Ceará, destaco Petrus Cariry, que além de diretor, também faz a fotografia dos filmes dele, que são deslumbrantes. O choque geracional nas relações familiares é um tema presente nos filmes do Petrus, a forma como ele narra esses impasses é impactante. Mãe e Filha é o meu favorito.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho vários! Primeiro quero citar os dois longas metragens do meu companheiro, Wolney Oliveira, diretor de Os Últimos Cangaceiros e Soldados da Borracha, ambos são documentários que possuem uma estrutura dramática da jornada do herói e cativam os espectadores. É difícil manter o público brasileiro interessado num filme documentário, mas Wolney consegue. Ele inclusive tem vários prêmios de júri popular, imagino que esse feito não é algo muito comum para o gênero documentário. Já vi os dois filmes várias vezes e não canso de assistir. Outros filmes brasileiros que já vi várias vezes e continuarei vendo sempre que tiver oportunidade são: O Auto da Compadecida, de Guel Arraes; Ó Paí, Ó, Monique Gardenberg; Madame Satã, de Karim Aïnouz e Cidade de Deus, Fernando Meirelles e Kátia Lund. Algo em comum que vejo nesses filmes é o fato de serem protagonizados por personagens que estão na periferia das cidades, e do Brasil profundo, e lutam com as armas que tem para sobreviver e resistir ao abandono e à invisibilidade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim ser cinéfilo é curtir a magia do cinema, mas também ser curioso. É tentar entender e mergulhar no universo de um diretor. Conhecer o momento histórico em que o filme foi produzido, no que diz respeito ao contexto social, mas também tecnológico, e as influências daquele momento na produção do filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nas salas de cinema comercial creio que não. No que se refere às salas de cinema fora do circuito comercial, com certeza existe curadoria qualificada.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Como eu acredito que cinema é experiência, acho que as salas são espaços privilegiados em proporcionar isso ao público, deste modo creio que as salas de cinema não acabam. Contudo, imagino que no futuro as experiências que as salas de cinema oferecerão serão cada vez mais tecnológicas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987), de Roberto Farias. Recomendo o filme por vários motivos. Primeiro que a adaptação da peça teatral para o cinema contou com a colaboração do próprio Ariano Suassuna. Segundo, gostando ou não de Os Trapalhões, Renato Aragão é um dos artistas que mais produziu e somou público no cinema brasileiro. Muita gente da minha geração, inclusive eu, foi a primeira vez ao cinema para ver um filme de “Os Trabalhões”. Seguramente a versão de Guel Arraes é um dos filmes mais queridos do cinema nacional, portanto, vale muito a pena conferir essa versão de 1987. Além der ser muito bom, creio que todos esses elementos fazem de “Os Trapalhões no Auto da Compadecida” um filme que tem um lugar relevante na trajetória do cinema brasileiro.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Estou respondendo esta questão em 21/03/2021, até esta data estamos vivendo o momento mais dramático da pandemia no Brasil. Não há condições de reabrir as salas de cinema agora, mesmo com protocolos sanitários rigorosos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que o cinema brasileiro conseguiu chegar num patamar de agradar vários públicos. Cada público assiste o que gosta. Acredito que conseguir manter uma diversidade de gêneros é importante para a indústria audiovisual nacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Nachtergaele, ele está no elenco de quase todos os filmes brasileiros! E é um ator maravilhoso.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é experiência, precisa fazer a gente rir, chorar e se colocar no lugar do outro.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Eu não diria inusitada, mas que revela o conservadorismo brasileiro. Lembro de ter ido assistir Praia do Futuro e uma galera sair da sala de cinema quando descobriram que o Donato era gay. Imagina o choque, o Wagner Moura, super conhecido por ter interpretado o Capitão Nascimento, apaixonado pelo boy gringo e vivendo aquela paixão caliente.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

 

Um meme clássico da internet brasileira.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sem dúvidas! Ter referências é fundamental em qualquer área de atuação profissional, sobretudo naquelas que envolvem criatividade.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Recentemente assisti o filme “Eu me importo”, original Netflix, não tem como defender.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Para não citar novamente os filmes do Wolney, vou citar o Ex-Pajé, do Luiz Bolognesi. Esse documentário me remete ao Nanook, o esquimó, Robert Flaherty, que é um filme básico no repertório acadêmico de quem estuda ciências sociais, que é a minha área de formação.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, em As Sufragistas e em Bacurau.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Por conta do meu trabalho costumo acompanhar o Filme B e Tela Viva News. Sites de crítica de cinema, não sou muito específica. Normalmente pesquiso sobre algum filme e leio resenhas de vários portais.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #348 - Mayara Magalhães

30/03/2021

Crítica do filme: 'Quando um Homem Volta Para Casa'


Sobre as várias facetas do amor, da paixão, quais são as regras da atração? Quinto longa-metragem escrito e dirigido pelo genial cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg, lançado em meados de 2007, Quando um Homem Volta Para Casa é um recorte tragicômico de um jovem que entra em erupções com seus conflitos amorosos e paternais quando o presente parece pedir passagem às linhas de raciocínio concretas feitas em seu passado. O dinamismo do roteiro chama atenção. São fragmentos de subtramas que passam e repassam sobre os conformes dentre o pensar dos personagens envolvidos, descamuflando suas lacunas escondidas retratando as ações da inconsequência de maneira honesta e com certo ar de naturalidade. Um trabalho pouco falado do gênio dinamarquês.


Na trama, seguimos a trilha de Sebastian (Oliver Møller-Knauer), um jovem auxiliar de cozinheiro que está envolvido em um grande banquete para uma personalidade local, um tenor chamado Hans (Thomas Bo Larsen) que retorna à sua terra natal depois de décadas para uma apresentação. Até aí nada muito curioso, a não ser o complementar fato de que sua mãe, que é lésbica, o surpreende dizendo que a tal personalidade é seu pai biológico. Assim, o jovem, que possui uma gagueira forte desde sempre precisará enfrentar seu passado de algumas formas.


Muitos personagens excêntricos, um ar nostálgico que parecem assumir de vez seus conflitos para uma tentativa quase desesperada e até mesmo surpreendente de tomar as rédeas de suas vidas. Os conflitos de personalidades dentro do contexto amarrado no roteiro cria soluções para muitas lacunas que precisamos preencher. Há muitas óticas para serem analisadas, sempre aliadas com o ar provocativo de Vinterberg. Um jovem em crise, trai a namorada com um antigo amor, só aí nesse caso, há um triângulo formado e as resoluções desses embates partem do princípio do sentido de amadurecimento que os personagens passam. Por outro lado, talvez a parte mais complexa, a relação de Sebastian com o novo pai cria laços inimagináveis tendo sua amada Maria (Ronja Mannov Olesen) em mais um epicentro de conflito.


Buscando a naturalidade em profundas argumentações e tensões provocadas por atos inconsequentes, um dos criadores do Dogma 95 (ao lado de Lars Von Trier) usa e abusa do seu estilo provocador descontruindo a tradição e dando um ar de atualidade ao que pensamos sobre família.  

Continue lendo... Crítica do filme: 'Quando um Homem Volta Para Casa'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #347 - Eduardo Cabanas


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Eduardo Cabanas tem 31 anos é produtor e gestor artístico, formado em Produção Cultural pela UFF, atua no mercado de cultura desde 2009 com experiência em produção executiva, curadoria e coordenação de espaços culturais. Cinéfilo desde a adolescência, também escreve sobre cinema e TV em portais independentes e nas redes sociais. Atualmente organiza o blog Cinema & Cannoli e a conta Cine Japão no Instagram (@cinejapao), esta última dedicada a dicas, informações e opiniões sobre cinema japonês.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Estação Rio em Botafogo - Ambiente agradável, muitas mostras, boa programação e ótimo café.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Star Wars (relançamento na década de 90).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tantos, que pergunta difícil! Se tivesse que resumir...

 

Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro), Pete Docter (Divertida Mente), Stanley Kubrick (2001), Akira Kurosawa (Rashomon), Hirokazu Koreeda (Assunto de Família), Kleber Mendonça Filho (Bacurau), Sofia Coppola (Encontros e Desencontros), Steven Spielberg (Jurassic Park), Isao Takahata (O Túmulo dos Vagalumes), Céline Sciamma (Retrato de Uma Jovem em Chamas), Spike Lee (Malcolm X).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Não dá pra responder um só nessas perguntas! Mas atualmente ando apaixonado por três: Bacurau, Que Horas Ela Volta? e Cabeça de Nêgo. Todos são bem diferentes entre si, mas ao mesmo tempo representam o Brasil como ninguém. Só mostra a beleza do nosso cinema.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ver filmes de todas as épocas, países e gêneros, sem preconceitos e de cabeça aberta. Saber debater uma obra, ter olhar sobre suas características formais, políticas e narrativas. E, claro, respeitar e amar cinema em sua pluralidade: de Vingadores a Coutinho, de Pixar a Charles Chaplin e por aí vai!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Só as redes de nicho, como Belas Artes, Estação, Espaço Itaú.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Jamais. Creio que as salas pequenas podem ficar mais nichadas e as grandes redes cada vez mais investir só em grandes lançamentos, mas acabar é impossível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Pra ficar no tema do meu Instagram: O Funeral das Rosas, um documentário ficcionalizado e experimental japonês da década de 60. Transgressor e inacreditável.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se tivesse com baixa contaminação e hospitais com muitas vagas livres, acho um assunto digno de se discutir. Infelizmente nunca foi o nosso caso, então pra mim tem que ficar fechado. Pessoalmente, só voltarei aos cinemas com a vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Altíssima. Aliás, não só eu, o mundo todo. Olha 2019, tivemos filmes premiados e/ou fazendo barulho em Cannes, Sundance, Locarno, Berlim e até no Oscar. Nosso cinema é riquíssimo, diverso e extremamente prestigiado.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Laís Bodanzky, diretora fantástica.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Se for, vá na paz."

Bacurau é lição de vida!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Assistindo 12 Anos de Escravidão de Steve McQueen, filmaço ganhador do Oscar, duas situações: uma mulher desmaiou e um senhor vomitou. Foi uma sessão e tanto!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não anulem minha carteirinha cinéfila, mas nunca assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não, mas certamente ajuda. Pelo menos nas entrevistas, os diretores cinéfilos são os que tem mais assunto, falam melhor e gostam de debater o tema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Internet - O Filme e Movie 43. Não consigo escolher.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Atualmente Emicida: Amarelo - É Tudo Pra Ontem. Imperdível!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Diversas vezes. Em festival isso é bem comum. Gravidade, Eu Daniel Blake, Infiltrado na Klan, todos muito aplaudidos no Festival do Rio, inclusive por mim. :)

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Caramba, heim! Vou de Adaptação, mas já me sentindo injusto com tantos outros.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinema em Cena.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #347 - Eduardo Cabanas