18/10/2021

,

Crítica do filme: 'O Segredo dos seus Olhos'


Um olhar vale mais que mil palavras e as facetas do ser humano são indecifráveis. No ano de 2009, chegou as telas de cinema de todo o planeta um filme argentino que fiaria marcado para sempre no coração de todos aqueles que gostam de uma boa história, repleta de suspense e com final surpreendente. O Segredos dos Seus Olhos na verdade é a junção de histórias com o mesmo personagem que são intercessivas, andam juntas, com seus paralelos alinhado as facetas misteriosas da emoção humana. Ganhador do Oscar de Melhor filme Estrangeiro e dirigido pelo genial cineasta Juan José Campanella, esse filme tem como protagonistas os excepcionais Soledad Villamil e Ricardo Darín.


Na trama, acompanhamos o solitário oficial de justiça Benjamin (Ricardo Darín) que acabara de se aposentar e preso a uma história de seu passado, um caso mal solucionado de assassinato, resolve escrever um livro e assim acompanhamos sua vida no tempo do ocorrido, anos atrás, onde inclusive ele conhece o grande amor de sua vida, Irene (Soledad Villamil). Com o passar dos fatos vamos acompanhando as investigações e absurdos dos fatos, que inclusive fere demais o ex-marido da vítima, uma homem que parou no tempo por conta da tragédia e a quem Benjamin promete ajudar.  


Impressionante como o cinema argentino tem sempre uma criatividade envolvente pra contar uma história cheia de atalhos, cheia de obstáculos, paralelos, sem perder um segundo sequer de nossos olhos apontados para a tela. Baseado na obra La Pregunta De Sus Ojos do escritor Eduardo Sacheri, esse projeto preenche com delicadeza as armadilhas do amor, seus atos medrosos, sua paralisia, seus medos, e por outro lado mostra facetas profundas da capacidade do ser humano em lidar com a perda. Esse paralelo é a cereja do bolo que acaba contornando toda a trama culminando em um impactante, surpreendente desfecho que nunca mais sairá das memórias de todos nós amantes da sétima arte. Baita filme! Bravo!



Continue lendo... Crítica do filme: 'O Segredo dos seus Olhos'
,

Pausa para uma série: 'Heels'


As dificuldades no relacionamento entre dois irmãos completamente diferentes. Focando na história de uma família ligada ao universo da Luta Livre de mentirinha (aquelas lutas onde heróis e vilões brigam sem golpes que acertam), Heels chegou de mansinho, sem muito alarde, no ainda pouco conhecido streaming Starzplay. Com oito episódios nessa primeira temporada, o roteiro segue para caminhos bem profundos e outros ainda rasos se tornando interessante para pontos reflexivos quando pensamos em família, negócios no complicado e cheio de atalhos universo do entretenimento. Criada por Michael Waldron (showrunner do aclamado LOKI), Heels tem como protagonistas Stephen Amell e Alexander Ludwig.

Na trama, conhecemos Jack (Stephen Amell), um pai de família que após o suicídio do pai, um famoso ex-lutador de luta livre na cidade onde mora, resolve assumir os negócios dele, um empreendimento, ou Dome, uma arena de lutas onde a cada semanas lutadores performáticos lutam pelo tão sonhado cinturão. Jack também luta, é o grande vilão dessa luta de encenação que atrai bastante público. Seu irresponsável e imaturo irmão Ace (Alexander Ludwig) é o herói das lutas mas isso acaba mudando bastante com o desenrolar dessa primeira temporada. Os conflitos preenchem muitas lacunas ao longo dos oito episódios sempre caminhando na linha complexa dos heróis e violões, uma marca inteligente desse bom seriado.


Os personagens que cercam os protagonistas adicionam muito à trama, seja os lutadores com pouco espaço de cena ou mesmo Staci (Alison Luff), esposa de Jack, que parece ser a única a quem ele escuta. Ela é peça fundamental nas viradas da trama, principalmente quando Jack entra em modo inconsequente praticamente virando o grande complicador de muitas situações que acontecem. Do lado de Ace, parece estar ligado sempre Crystal (Kelli Berglund), disparada a melhor personagem da série, uma jovem que tem o sonho de ser lutadora mesmo ainda sendo alvo do machismo que reina nesse meio.


A troca de papéis entre mocinhos ou vilões acontece a todo instante, ninguém é santo nessa história que fala muito sobre inconsequência e imaturidade, sobre fatos presos em um passado e como isso acaba definindo atitudes em um presente tão cheio de variáveis incontroláveis.

Tomara que renove para a segunda temporada.

Continue lendo... Pausa para uma série: 'Heels'
,

Pausa para uma série - Ted Lasso (2a Temporada)


A mágica da emoção que transborda em uma temporada tão brilhante quanto a primeira. De volta para a segunda temporada, o seriado Ted Lasso consegue adicionar um preenchimento profundo aos carismáticos coadjuvantes ao mesmo tempo que desenvolve de maneira maravilhosa o seu grande protagonista. Com um total de onze episódios nessa segunda jornada, o premiado seriado da Apple Tv abre portas para muita mais histórias ligadas a sarcasmo, cultura, e reflexões sobre a tão complicada vida mostrando paralelos com qualquer um de nós. Jason Sudeikis e o elenco maravilhoso brilham em todos os episódios.

Nessa segunda parte, Ted já conseguiu se estabelecer (mesmo não entendendo ainda muito do Soccer) como um carismático e querido treinador de futebol na disputa e midiática liga inglesa de futebol. Mas seus problemas começam quando é confrontando por escondidas emoções que o prende a seu passado e o desenvolvimento disso vem à partir da chegada de uma psicóloga para o time. A partir disso, vários problemas como a ansiedade e a síndrome do pânico ganham protagonismo como forma de reflexão de nossa sociedade e principalmente sob a maneira com que confrontamos esses problemas não só quando acontecem com a gente mas quando somos a pessoa que identifica o problema. Fora esse lado emocional, o time começa a buscar seu glorioso retorno a liga principal do país.


Fora o arco principal e envolvido diretamente nas dinâmicas nada convencionais do cotidiano do grande protagonista, o agora ex-jogador Roy (Brett Goldstein) passa por uma grande transformação se tornando um dos braços direitos de Ted no comando do time, ao lado do fiel escudeiro Beard (Brendan Hunt) que tem idas e vindas em seu relacionamento que parecia ser mais simples do que as complicações que se desenvolvem. Rebecca (Hannah Waddingham), a dona do time descobre um novo amor ao mesmo tempo que precisa ter punho firme para os obstáculos que seu empreendimento, agora jogando do lado certo da história, passa. Keeley (Juno Temple), agora a gerente de marketing, sofre um grande amadurecimento com o sucesso na função colocando muitas vezes em cheque seu relacionamento, antes de conto de fadas, com o rabugento Roy. Nathan (Nick Mohammed), antes de Ted chegar era um funcionário sem voz no grupo, nessa segunda temporada passa por uma transformação drástica que alinha imaturidade emocional e ambição por posição social se tornando no elo para uma já confirmada terceira temporada.


Não sei se a Apple Tv esperava o enorme sucesso desse seriado que chegou sem muito oba oba e hoje é, sem dúvidas, um dos seriados mais aclamados por crítica e público. 


Já ansioso pela terceira temporada!

Continue lendo... Pausa para uma série - Ted Lasso (2a Temporada)

15/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #530 - Rita Vaz


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Curitiba (Paraná). Rita Vaz tem 56 anos. Está na área do jornalismo há 12 anos, anteriormente trabalhou na área onde é graduada, que é Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Exterior, tem cursos diversos na área da escrita, com alguns contos publicados e vencedores de prêmios. Tem curso de história do cinema, curso de roteiro, cursos de imersão na obra de determinados diretores, e estuda “cinema e psicanálise”. É idealizadora e administradora do site de cinema Tudo Sobre Filme, há mais de dez anos. Faz crônicas e críticas de filmes que são publicados em alguns veículos de comunicação. A paixão pela leitura, escrita e pelo cinema sempre esteve com ela.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade, meu cinema preferido, é o Cine Passeio. Ele é um cinema de rua, inaugurado há dois anos e tem uma programação especial, e um estilo único. Além de passar os filmes considerados blockbusters, ele passa muitos outros que não tem chances em outros cinemas. São filmes independentes, filmes de festivais dos mais diversos locais, de dentro e de fora do Brasil. E também proporciona master classes com diretores, roteiristas e muitos estudos do cinema. É um lugar ímpar. Recomendo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que me lembro, de ter assistido no cinema e que teve um impacto grande em mim foi “King Kong” a versão de 1976 com Jessica Lange e Jeff Bridges. Nesse dia o cinema se mostrou para mim, como algo realmente diferente e mágico.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Na verdade, tenho vários diretores favoritos, pois, alguns deles sempre nos impactam de algum modo em todos os seus trabalhos. Mas, para responder você, vou selecionar um, que sempre mexeu comigo, é o François Truffaut. Para mim, um diretor que realmente expressou seus desejos e intenções nos trabalhos que produziu, tanto que influenciou e influencia, gerações de cineastas, além de ser fundador do movimento Nouvelle Vague.

O meu filme favorito de Truffaut é “Os Incompreendidos”. Uma história de abandono e pedido de socorro, das mais lindas e bem construídas que já assisti. E ainda por cima, com um final antológico. Recomendo!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho muitos filmes que gosto, mas, para destacar aqui, vou falar do “Bye, Bye Brasil” do Cacá Diegues.

Um filme empolgante, subversivo (ainda mais prá época), uma verdadeira aula de história. Além de abranger a cultura artística, a cultura popular, a arte em geral de uma forma bastante orgânica, em plena ditadura militar. A trilha sonora é um caso a parte, de tão boa. Um filme que fala de uma realidade que muita gente hoje, desconhece, ou faz questão de esquecer.

Inclusive, vou assistir de novo, fiquei empolgada aqui.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfila para mim, é gostar de cinema em todas as suas possibilidades. Encontrar a beleza da arte em produções pequenas, simples, ou grandes e com orçamentos milionários. Ser cinéfila é se deixar levar pela magia que o cinema realmente produz, e fazer de cada filme, um evento cinematográfico.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente não. Acredito que as redes de cinemas estão mais interessadas no lucro proporcionado por um determinado filme, do que o que esse filme possa proporcionar para um indivíduo em si. Mas, há exceções.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Apesar do streaming ganhar, cada vez mais espaço, somado à pandemia, e a possibilidade de você assistir filmes no conforto do seu lar, nada se compara à emoção de uma sala de cinema.

Primeiro, o ritual em si, de escolher um filme, de escolher a companhia, de ir até um local específico para assistir uma história que outros desconhecidos também se interessaram, é prazeroso. E a reação, a determinada cena de um filme, de dezenas de pessoas ao mesmo tempo, é alucinante. E isso a gente não consegue em casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu indico “A Vida Invisível”, baseado na obra de Martha Batalha intitulada “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, e dirigido por Karim Ainouz. Um filme elegante, que fala de modo sutil sobre o que as mulheres das décadas passadas (só das passadas?) sofriam.

“A Vida Invisível” é um filme imprescindível de se assistir, traz uma das melhores produções nacionais dos últimos tempos e eleva o nosso cinema para uma categoria superior, aquela dos filmes que te faz pensar e se emocionar com a história, mesmo depois de muito tempo de você o ter visto.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não deveriam abrir, apesar dos evidentes prejuízos econômicos. As pessoas precisam ficar em casa para que essa pandemia acabe logo. E quanto antes isso acontecer melhor para todos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho que o cinema brasileiro está crescendo novamente. Apesar do governo anti cultura, apesar da pandemia, apesar dos baixos recursos, muito está sendo feito, e com muita qualidade. E eu acredito que agora, depois desse evento mundial ter afetado todo mundo, e a arte ter sido fundamental para que pudéssemos passar pela pandemia com menos estragos, as pessoas se voltarão tanto para assistir, quanto para produzir trabalhos que expressem as emoções pelas quais passaram. E o Brasil é enorme, um celeiro de arte, e muita coisa boa ainda está por vir.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Quando eu fico sabendo que uma nova obra do Fernando Meirelles está em produção, eu já fico na expectativa pra assistir. Ele é um diretor que sabe fazer cinema da melhor qualidade. Ele sabe se expressar e se comunicar com o espectador. Sou muito fã.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é Cultura.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu estava em uma cabine de imprensa e o alarme contra incêndio da sala disparou. Eu, imediatamente levantei e me retirei da sala. Acontece, que das vinte e poucas pessoas que estavam lá, somente eu fiz isso. Todas as outras continuaram assistindo ao filme, como se nada estivesse acontecendo. Realmente, nada aconteceu, graças a Deus. Foi um alarme falso, porém longo. Mas, quando eu voltei, comentei com todos que o nível de sobrevivência deles, estava baixíssimo. E se fosse séria a coisa. Fiquei passada.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Vergonha alheia.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

A princípio eu acredito que precisa ser cinéfilo sim. É como um escritor, que (eu acho) precisa ler, para saber se expressar. Assim é o diretor de cinema que precisa de muitas referências para se expressar, mas, novamente, há exceções.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu não gosto de falar mal de um filme, porque todo filme envolve muito trabalho e sonhos. Mas, alguns a gente não entende, realmente porque foi feito. É o caso de “Cada um Tem a Gêmea que Merece”. Um roteiro chato, com piadas sem graça e péssimas atuações.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto muito de documentários e acho que as pessoas deveriam aproveitá-los melhor. Um dos que gosto bastante é o “Uma Verdade Inconveniente” do Davis Guggenheim, que tem o ex vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, como porta-voz. Um filme que tem uma análise real e crível do que estava acontecendo no nosso planeta e que, infelizmente, ainda está. Inclusive o “Uma Verdade Mais Inconveniente”, feito dez anos depois do primeiro, é muito bom também.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, já bati para vários e de variados gêneros. Alguns que eu me lembro: “Questão de Tempo” de Richard Curtis, “Vingadores Ultimato” de Joe Russo e Anthony Russo, “Moonlight: Sob a Luz do Luar” de Barry Jenkins, “Poesia” de Lee Chang-Dong, “O Senhor dos Anéis – Todos” de Peter Jackson e muitos outros.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Nicolas Cage já fez muitos e bons filmes, atualmente ele tem feito alguns filmes estranhos, mas, vamos ao que interessa. Ele fez filmes de todos os gêneros e eu poderia elencar um de cada, mas, vou no primeiro que me veio à lembrança e eu tenho certeza de que todo mundo também gosta.: “A Lenda do Tesouro Perdido”. É divertido, cheio de ação, enigmas, romance, suspense, marcou uma época, enfim, é tudo de bom.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O que eu mais acesso é o Tudo Sobre Filme, idealizado e administrado por mim.

www.tudosobrefilme.com.br

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #530 - Rita Vaz

13/10/2021

Programa #57 Guia do Cinéfilo - Mariá Velasquez


Episódio #57 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto a gerente de aquisição da Paramount Pictures do Brasil, Mariá Velasquez.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube.


Continue lendo... Programa #57 Guia do Cinéfilo - Mariá Velasquez

12/10/2021

8 e 1/2 em 20 - Luan Oldenbrock - Episódio #29


Esse é o '8 e 1/2 em 20', programa de entrevistas feitas por lives no Instagram do @guiadocinefilo, toda 4a, às 19:30​ hrs, com cinéfilos e profissionais que de alguma forma contribuem para o audiovisual.

Nesse episódio, recebemos o Gerente de Marketing e novos negócios da Imovision, Luan Oldenbrock.
Não esqueçam de deixar um like nesse vídeo. :)
Não esqueçam de se inscreverem nesse canal. :)
Visitem também:

Instagram: @guiadocinefilo
Viva o cinema!


Continue lendo... 8 e 1/2 em 20 - Luan Oldenbrock - Episódio #29

11/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #529 - Daniel Araújo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Daniel Araújo, tem 33 anos. É jornalista, realizador audiovisual, pesquisador e crítico de cinema. Especializando em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário 7 de Setembro. Integrou a terceira turma do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes, tendo participado e proposto projetos em diferentes campos desse fazer. Como crítico de cinema afiliado à Associação Cearense de Críticos de Cinema, tem experiência com júri de festivais internacionais, nacionais e regionais de cinema. Atualmente mantém o projeto “Um Filme ou Dois”, que compõe um site e um perfil no Instagram para reflexão sobre crítica cinematográfica em geral. No campo da pesquisa, integra os grupos de pesquisa do Laboratório de Experimentações em Audiovisual (LEEA) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e colabora atualmente com a Animus, publicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto bastante das duas salas do Cinema do Dragão. Além de ser mantido pelo Governo do Estado do Ceará, o equipamento tem a melhor programação da cidade com lançamentos não comerciais e filmes que dificilmente entrariam em circuito nos demais cinemas aqui de Fortaleza. Há todo um trabalho de curadoria feito especificamente para o cinema e isso aumenta em muito a qualidade da programação ofertada. São as melhores salas em termos de projeção e nível de som, ficando atrás somente das salas Imax e X-Plus dos equipamentos mantidos nos shoppings.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Cidade dos Sonhos (2001, de David Lynch). É meu filme favorito da vida, e de fato foi a obra que me fez entender que o cinema é uma linguagem múltipla e que pode sim unir elementos da sua carga do entretenimento (no campo da discussão dos temas) e da reflexão crítica sobre a subjetividade do ser humano.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o Andrei Tarkovsky. Meu filme favorito dele é O Espelho (1975).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Arábia (2017) do Affonso Uchoa e do João Dumans. É um filme recente mas desde a primeira vez que vi me tocou profundamente porque me evocou o mesmo sentimento que falei sobre o filme do Lynch. O cinema brasileiro passa por uma das suas melhores fases em termos de propostas de obras que lidam e confrontam diretamente todo um pensamento hegêmonico de fazer e refletir o ato da realização audiovisual. O que Arábia faz é colocar na tela a subjetividade do "bandido" que, para uma parcela da população brasileira reacionária, só encontra lugar na morte. Ou seja, o protagonista desse longa, Cristiano, é a pessoa não grata da nossa sociedade. E que aqui ele é elevado à posição de senhor da sua própria história. Para mim esse é um dos filmes mais importantes feito no Brasil desde os anos 2000.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É mais do que gostar de assistir filmes. É ver, claro. Mas diz muito também de um modo de se colocar no mundo em favor do amor pelo cinema e pelas artes do vídeo de modo geral (cinema não é só filme narrativo europeu e ocidental). O cinéfilo tem de entender isso e estar aberto para a experiência de modo amplo e isso inclui se permitir assistir cinema experimental, por exemplo e ir além do contato estrito À ideia do filme em si. As séries também são um ótimo exemplo disso e nos ensinam muito sobre linguagem e muitos outros pontos de referência quando falamos em audiovisual.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que enquanto proposta de mercado e negócio, "entender" deveria ser um requisito no melhor dos mundos. A questão passa mesmo pelo lance da gestão, entendo eu. Se o gestor "conhece" ou não sobre cinema, talvez não chegue a ser uma questão. Do meu conhecimento, isso só ocorre de fato em Fortaleza no Cinema do Dragão através do trabalho feito pelo programador Pedro Azevedo. Dos cinemas de shoppings, eu desconheço se há alguém que "entende" de cinema. As programações desses espaços são lançadas semanalmente. Se elas ocorrem segundo uma curadoria, por exemplo, não consigo afirmar. Mas quando comparamos a agenda de filmes de um cinema como o do Dragão do Mar e com o de qualquer shopping da cidade, isso se torna latente.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Primeiro, vamos pensar um segundo sobre o que seria a sala?! A sala seria apenas o espaço institucionalizado hoje dos cinemas de rua ou multiplexes? Se formos pensar para além dessa perspectiva, então a sala vai ser um conceito perene, eterno, porque ela extrapola essa concepção, ao meu ver. Ou seja, aquilo o que a gente pdoe chamar de Modelo de Representação Institucional (MRI) se torna uma coisa outra. E a experiência da sala se reconfigura. Ela se transmuta, como hoje já entendemos por meio de outros modos estabelecidos como as sessões nos cineclubes, sessões ao ar livre a partir de projetos sociais em bairros periféricos, como ocorre aqui em Fortaleza, por exemplo. A experiência da sala de cinema, nesse caso, não morre e se democratiza, o que é o mais importante.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (2010) do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Pelo menos aqui em Fortaleza isso não ocorreu. Somente quando as primeiras pessoas começaram a se imunizar foi que os cinemas reabriram com capacidade bem reduzida.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

É o melhor cinema do mundo. Os melhores diretores, os mais criativos e politizados estão no Brasil. E por politização não devemos entender só o realizador que lida com a política de modo mais direto como uma realizadora como a Maria Augusta Ramos, por exemplo. Há uma centena de realizadores de diversos cantos do país pensando nossa cinematografia nas suas mais diversas dimensões, sejam elas afetivas, sociológicas ou políticas mesmo. E tudo isso tem sido feito nos últimos cinco anos e em meio a um cenário bem adverso onde um projeto de destruição da cultura do País segue em curso. Mas nosso cinema é maior que isso e por isso que ele segue tão forte e seguirá apresentando obras tão sólidas nos seus mais distintos formatos e modelos de execução. Precisamos acreditar nisso ou a batalha já está perdida.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Adirley Queirós, realizador do Distrito Federal.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"É preciso confrontar as imagens vagas com ideias claras" (Jean-Luc Godard)

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Certa vez fui a uma sessão assitir Dr. Sono (2019) e havia uma senhorinha na sala. Ela tinha ido assistir ao filme sozinha. Era uma sessão numa segunda-feira, às 13h30 da tarde. Ela era muito engraçada porque parecia ter uns 99 anos, mas a despeito de tudo isso estava indo ao cinema sozinha ver um filme de suspense legendado. Acho que foi uma das coisas mais inusitadas que eu presenciei num cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nuca assisti o "Cinderela", mas está na minha lista de filmes pra se assistir (um dia) hahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Fazer cinema vai além da cinefilia. Qualquer pessoa pode contar uma estória por meio de imagens no cinema. O que se é preciso é ter a consciência de como você usa os elementos da linguagem para transpor isso na execução do filme em si.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não consigo lembrar um filme, mas odiei com todas as forças aquele episódio do Black Mirror:Rachel, Jack and Ashley Too (2019). 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra Marcado para Morrer (1984) de Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, para A Cidade Perdida de Z, do James Gray.  

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem (1990), também dirigido pelo Lynch.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Na verdade, quero listar três: "Uma Mulher Com Uma Câmera", "Um Filme ou Dois" (onde eu sou autor e escrevo hehe) e o Cinética.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Mubi.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #529 - Daniel Araújo

06/10/2021

Fui conferir a promoção SUPER MEIA - UCI Cinemas


Aproveitei que o Instagram estava fora do ar na 2a e corri pra aproveitar a SUPER MEIA do Uci Cinemas! Nesse mês de outubro terão estreias estreias de ótimos filmes e, de segunda a quata-feira, o cinema New York City Center, localizado no Barra Shopping, está com o melhor preço do Rio de Janeiro! As entradas custam R$ 15,00 a inteira e R$ 7,50 a meia em salas regulares; R$ 18,00 e R$ 9,00, respectivamente, na XPLUS; e R$ 20,00 e R$ 10,00 na Sala Imax.

Imperdível! Eu já fui conferir a estreia do 007 - Sem Tempo para Morrer e o filme tá bem legal!

Quem disse que segunda-feira não é dia de cinema? :)







Continue lendo... Fui conferir a promoção SUPER MEIA - UCI Cinemas
, ,

Crítica do filme: '007 - Sem Tempo para Morrer'


Com mais um orçamento milionário em mãos, cerca de 250 milhões de dólares, o novo filme do famoso agente secreto do MI6, James Bond, é o desfecho do arco de Daniel Craig como o intérprete desse personagem fantástico criado por Ian Fleming. Dessa vez dirigido pelo cineasta californiano Cary Fukunaga, o longa-metragem tem de tudo um pouco que sempre assistimos ao longo dos anos nos filmes de Bond: relacionamentos intensos, explosões, fugas mirabolantes, espionagem, sempre tentando salvar o mundo. Mas dessa vez há um componente família que acaba sendo o grande ponto desse projeto que é um dos maiores lançamentos nos cinemas nesse mundo quase pós pandêmico.


Na trama, novamente nos encontramos com James Bond (Daniel Craig), um homem que mesmo querendo descansar, ou até mesmo se aposentar, não consegue, pois sempre tem algum fanático, louco, terrorista querendo destruir o mundo e assim o agente secreto é chamado de volta para a ação. Em 007 - Sem Tempo para Morrer Bond precisa lidar com mais uma revelação surpreendente, fruto de seu relacionamento com a psicóloga Madeleine (Léa Seydoux). Em meio a todas as emoções que encontra pelo caminho, um rival complexo de lidar, Lyutsifer Safin (Rami Malek) quer destruir o mundo com um novo vírus seletivo e mortal.


Em todo desfecho de arcos de personagens emblemáticos nas telonas, devemos levar em consideração o campo da emoção como porta de entrada para as ações e consequências dos atos tomados pelo personagem que dá vida ao filme. Nesse caso, o roteiro fica perto da corda bamba, e mesmo não precisando assistir a todos os outros filmes de Daniel à frente de Bond, ainda sim, ao longo de quase três horas de projeção, o projeto beira ao confuso mesmo dominado por cenas de tirar o fôlego e um protagonista movido muito mais forte pelas emoções do que em outros filmes. Vale o destaque para a ótima atuação de Craig que mesmo ainda muito crítico por alguns, fecha com chave de ouro sua participação nesse papel que já teve até o inesquecível Sean Connery como intérprete.

 

Continue lendo... Crítica do filme: '007 - Sem Tempo para Morrer'

Crítica do filme: 'O Culpado'


As interpretações que a vida nos mostra. Dirigido pelo ótimo cineasta Antoine Fuqua (Dia de Treinamento), um dos mais recentes lançamentos da Netflix é o suspense O Culpado. O filme busca uma conexão logo de cara com o espectador mas acaba caindo na armadilha de seu próprio roteiro que buscando surpreender acaba deixando tudo muito confuso em um primeiro momento. Busca seu dinamismo na ótima atuação de Jake Gyllenhaal, o longa-metragem cresce nos arcos finais onde as peças parecem se encaixar gerando um melhor entendimento dos seus mistérios seja em qual ótica você estiver fisgado. O projeto é baseado no espetacular longa-metragem dinamarquês Den Skyldige (Culpa).


Caminhando de maneira confusa nas linhas do suspense psicológico, o projeto mostra um dia tenso na vida do estressado Joe Baylor (Jake Gyllenhaal), um policial, operador do 911, que só está nessa função porque fora rebaixado de cargo após alguma questão que se antecede a um julgamento do qual ele vai participar o dia seguinte. Tenso e descontrolado em muitos momentos, vamos vendo a reação dele ao logo de todo o turno quando recebe uma chamada de uma moça chamada Emily pedindo socorro ao que parece ser uma sequestrada tentando contato. Aos poucos vamos descobrindo a verdadeira história por trás dessa ligação.


Parece que acompanhamos histórias paralelas nos primeiros arcos confusos. Essa difícil tarefa de decifrar o filme logo no início acaba nos levando para o lugar do curioso onde queremos entender a todo instante o quebra-cabeça instaurado com as migalhas jogadas pelo caminho. Talvez por buscar força para seu iminente plot twist, o roteiro desalinha em relação a nossa capacidade de compreensão. Há um foco então na figura do protagonista, estúpido em muitos momentos, com problemas com a família e um julgamento mal explicado que terá que passar nas horas seguintes. Como análise de comparação, como é praticamente um remake não temos como não comparar, o original indicado ao Oscar pela Dinamarca em 2018 consegue ser muito mais efetivo em todos seus arcos prendendo realmente a atenção do espectador bem mais que nessa releitura norte-americana.


O movimento dos planos é muito interessante, pra quem curte perceber as técnicas de cinema esse filme é um bom laboratório, principalmente nessa questão dos planos. Um exemplo é em uma das onde a tensão toma conta das chamadas que o protagonista recebe e um Plano Detalhe é instaurado em cena tornando a cena uma enorme potência. Antoine Fuqua é um grande diretor que tem no seu protagonista um dos pontos altos, com Gyllenhaal fazendo de todo para criar o clima de tensão necessário para ser o trilho onde a história passa.

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Culpado'

04/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #528 - Vinicius Augusto Bozzo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Vinicius Augusto Bozzo tem 36 anos. É roteirista, documentarista, editor, músico e ator comediante. Desde 2003, trabalha com produção de conteúdo audiovisual para tv e internet. Produziu diversos programas de televisão, séries para web e documentários para TV (“As histórias de Quintino Cunha”, “Aldeia do Saber”, "Consigo", “Máquina de um Tempo”, "Luz, Câmera e Barreto" e "Aqui é Flamengo"). Atualmente é CEO da Sinfonia Filmes onde dirigiu as animações "Bambolim - A Diversão Sempre Vence" (2017) e "Smartphamily" (2018). É membro da ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas), da ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação) e da Associação Cearense de Críticos de Cinema (ACECCINE). É colunista no portal Cosmonerd, host dos podcasts Se Anime e do Isolados. É formado em Administração em Marketing (UNIMESP) e pós-graduado em Cinema e Linguagem Audiovisual (ESTÁCIO-RJ).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cine Teatro São Luiz é uma obra prima. Tanto pelo prédio histórico que remonta as primeiras décadas do século 20, como também por uma programação variada. Tanto de filmes de circuito comerciais quanto com mostras especiais e também cinema produzido no Ceará. A curadoria do Cinema é feita pela Secreataria de Cultura do Estado do Ceará e um departamento específico cuida do cinema.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Minha lembrança de ir ao cinema foi para assistir O Rei Leão, a animação da Disney. Lembro do tamanho da tela, de tudo ser muito gigante, ainda mais quando somos crianças.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta difícil. Tem alguns diretores que gosto Christopher Nolan, Jorge Furtado, Damien Chazelle, Jordan Peele, Genndy Tartakovsky pela sua contribuição na animação. Para citar um entre os clássicos, Vittorio De Sica e o filme Ladrões de Bicicleta. Uma obra que continua atual, com ritmo, textura e profunda reflexão.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil por ser um marco na cinematografia brasileira e por registrar uma das atrizes em melhor atuação no cinema mundial, na época. Fernanda Montenegro ganharia o Oscar se o filme fosse americano, mas se o filme fosse americano não seria o Central do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser um apaixonado pelo cinema e, principalmente, um apaixonado pela linguagem audiovisual. Os desdobramentos desse idioma são a fonte do encantamento de um cinéfilo. Acho que um amante do cinema, observa e enxerga audiovisual em tudo. No filme ou no causo contado por um amigo, não importa o meio. Histórias e imagens construídas a partir dessas histórias são nossa paixão.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que cinema, no geral no circuito comercial, é um local de oferecimento de produtos. E como tal, a lei que rege é a do retorno sobre o investimento no produto. Nesse sentido, acho até que quem faz a programação dos cinemas entende dessa linguagem do sistema capitalista. O que é natural. As salas resistentes e guerreiras que oferecem outras programações, dando visibilidade a outros tipos de filmes que não estão no circuito comercial, acabam sofrendo mais para sobreviver. Uma pena. Acho necessário repensar esses mercados como um todo, o Streaming já está forçando essas reflexões.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

As salas podem acabar, o cinema ou a linguagem audiovisual não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

As Aventuras do Barão Munchausen de 1988.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, certamente não. Após a vacina e com protocolos necessários, acho que os cinemas podem voltar como outros mercados, mas antes da vacina acho que não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vejo o cinema brasileiro com uma crescente de qualidade, quantidade e variedade. O que comercialmente ainda é pocuo percebido. A indústria do cinema nacional depende demais de políticas públicas, o que é natural para uma indústria em formação. Nisto dependemos demais de decisões de pequenos grupos, da política e da boa vontade de lideranças políticas. Nesse sentido, olhando a trajetória do cinema brasileiro e da ANCINE, estamos em um momento difícil em 2021. Estamos parados, estacionados quanto a incentivos, novas produções, fomento, criação de espaços e ações formativas. O real impacto negativo desse momento ainda vamos sentir em 3 ou 5 anos. Por conta do ciclo de produção. Acompanhamos em 2020 e 2021 muitos lançamentos de obras nacionais no cinema e na tv. O que dá uma falsa sensação de que está tudo bem. Só que esses lançamentos são de investimentos, desenvolvimentos e ideias que nasceram há 3, 4 ou 5 anos atrás. Estamos em um momento delicado.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Jorge Furtado. Um meticuloso desenvolvedor de histórias. Se tem ele envolvido eu normalmente assisto.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora.“ Martin Scorsese

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Acho que o mais conhecido filme da Carla Perez.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Por outro lado, se ele não é um cinéfilo ele tem menos ferramentas para fazer o seu trabalho. É como ir ao mecânico que só usa uma única chave de fenda.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Aqueles que não gosto, prefiro nem comentar... E também me esqueço.

 

16) Qual seu documentário preferido?

 

"O Mercado de Notícias" de Jorge Furtado e "Eu Não sou seu Negro" de Raoul Peck,

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Acho que já, provavelmente em O Rei Leão e também quando assisti ao novo filme do Star Wars junto com vários fãs.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação (2002), com total certeza.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cosmonerd é claro, até porque escrevo nele. Também leio muito AdoroCinema, gosto de ler também o site da ABRACCINE que reúne diversos posts de críticos de cinema do brasil. Tenho escutado muitos podcasts também como Sala de Edição e o Primeiro Tratamento.

 

20) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Hoje voltei a assistir muito o Netflix, mas tenho fases, já tive a fase do Prime Video, Disney+, vou alternando.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #528 - Vinicius Augusto Bozzo

01/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #527 - Henrique Wiler


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Henrique Wiler tem 30 anos. É formado em Licenciatura em artes pelo Instituto Federal do Ceará. Também ator, escritor, pesquisador das artes dramáticas e do audiovisual, cinéfilo desde pequeno e amante de uma boa história sombria.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A minha sala preferida é o IMAX do UCI Iguatemi aqui de Fortaleza. Foi nela onde tive a melhor experiência cinematográfica e onde pude assistir clássicos como Titanic e Jurassic Park em exibições especiais em uma tela gigante!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Na verdade eu vou usar a minha memória emotiva de quando criança eu lembro de ter ido pela primeira vez ao cinema assistir ao filme Xuxa e os Duendes. Não é nem pelo filme em si, mas por toda experiência que foi ver tudo aqui em uma tela de cinema pela primeira vez!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu tenho vários diretores queridinhos, poderia citar vários como David Fincher, Guilhermo Del Toro e etc. Mas meu preferido é Steven Spielberg, foi por conta de um filme dele que eu nem apaixonei por cinema. O filme é Jurassic Park!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Nossa, eu amo filmes nacionais, diria fácil Central do Brasil, O Auto da Compadecida entres outros, mas quero ressaltar que meu favorito é O Céu de Suely, do diretor Karim Aïnouz!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

Cinéfilo, pelo menos para mim, é poder contemplar as obras da sétima arte e sentir que elas podem transcender as telas e fazer parte de sua vida. Seja com sentimentos, com lembranças, ou até mesmo com objetos físicos como camisetas, funkos, quadros e tudo mais!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim, acredito que sim! Essas pessoas devem ter todo o cuidado para selecionar cada filme a ser exibido!

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Olha, espero do fundo do meu coração que isso nunca aconteça, mas acredito que poderá haver mudanças, já que estamos avançando muito rápido na era da tecnologia!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O primeiro que me veio a mente foi Lado a Lado (de 1998), do diretor Chris Columbus, com a Julia Roberts e Susan Sarandon!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

De forma alguma. Devem continuar seguindo todos os protocolos de segurança pra evitar ainda mais a contaminação do Covid!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Bom, temos grandes diretores entregando produções cada vez mais incríveis no Brasil. Com o avanço da tecnologia e a alta demanda de roteiros para séries de tv, tenho visto que o cinema nacional está evoluindo com a forma de produção e questão textual também! Acredito que virá muita coisa boa ainda!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

 

Gosto bastante dos filmes do Selton Melo, acho incrível! Wagner Moura também é outro monstro que explode em cena!

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma viagem a outros mundos!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

A sessão de Bacurau em 2019 o público gritou e vibrou mais que em Vingadores Ultimato. Foi lindo demais!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um Clássico nacional atemporal!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas é óbvio que ele deve ter o conhecimento mínimo para poder executar suas produções e assim conhecer diversas outras obras para ter como referência!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Putz! É uma resposta difícil, mas vou dizer que foi Centopéia Humana 2!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Olha, existe um documentário de 2002 chamado Ônibus 174, que retrata a fatídica tarde onde ocorreu um sequestro do ônibus no Rio de Janeiro em 2000. O diretor, que hoje em dia é bem conhecido por seus posicionamentos políticos, soube abordar bem o ocorrido, reunindo cenas chocantes em uma narrativa emocionante!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, Bacurau foi um exemplo!  

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu gosto do Nicolas, mas não vi todos os seus filmes, mas dos que vi, gostei muito de Mandy e 8MM!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu acompanho o Omelete, o canal do Getro e os meninos do Trasheira Violenta e o perfil do Instacinefilos do Miro!

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Atualmente estou amando o HBO MAX, posso dizer que fica entre ele e o Prime Vídeo!

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #527 - Henrique Wiler