19/10/2011

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Terri - Cinema com Raphael Camacho


Os diálogos que eram para ser interessantes se tornam bastante vagos ao longo da trama e passam em direções distintas a da história, descaracterizando o foco à produção. A Câmera muito preguiçosa do diretor Azazel Jacobs, não consegue dar ritmo às cenas, o que atrapalha na interação com o público.

Terri Thompson cuida do seu tio (seu único parente), que tem mal de Alzheimer, e sempre usa pijamas (Imaginem o que Glória Kalil pensaria disso...). Sua única diversão é, solitariamente, colocar armadilhas para apanhar camundongos e jogá-los na floresta para digestão de outras espécies. Encontra nas conversas com o assistente social (uma espécie de conselheiro), da instituição onde estuda, um amigo e passa a encarar uma realidade diferente.

John C. Reilly faz o papel do conselheiro que se identifica (ou tenta passar essa impressão) com a história de Terri. Esse bom ator de inúmeros filmes marcantes tem altos e baixos nessa produção. Decepciona um pouco. A mente cinéfila sente falta de um doutor/psicólogo mais carismático. Alguém como Paul Weston, por exemplo (menção ao personagem principal do seriado ‘In Treatment’).

Atos impulsivos de Terri com sua amiga Heather parecem fazer mais sentido do que todas as conversas com o profissional da escola. Chad, o amigo sem cabelo, fica encarregado de encher com humor a trama. O trio novato parece muito maduro interpretando personagens com suas particularidades, em cenas difíceis.

Muitos filmes esse ano tratam dessa ‘problemática bullyingana’. O melhor deles, ‘That's What I Am’, estrelado pelo ótimo Ed Harris, é o melhor desses.

Resumindo, uma analogia à notas escolares: O filme passaria raspando na média final.
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17/10/2011

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A Casa dos Sonhos - Cinema com Raphael Camacho


O esperado novo longa de Jim Sheridan tenta surpreender com a dinâmica de outro filme famoso (cujo nome é melhor não revelarmos para não estragarmos algumas surpresas dessa fita), mas não conta com uma trama sólida e nem personagens que envolvem o público, se tornando uma grande decepção.

É um filme muito difícil de comentar sobre, sem acabar revelando algum spoiler, porém não se preocupem, quem vos escreve evitará esse tipo de “estraga-surpresa”.

Daniel Craig dá vida a um profissional de sucesso que largou um grande emprego para viver junto de sua família em uma cidade no interior. Sua mulher (interpretada por Rachel Weisz) e suas filhas ficam muito contentes com essa notícia e tudo caminha para uma felicidade sem igual. Porém, a nova casa foi o cenário de um crime no qual uma mãe e suas filhas foram assassinadas. Todos na cidade desconfiam que o criminoso ainda está livre e pronto para matar de novo. Aos poucos a tensão vai tomando conta da telona, levando o personagem principal a uma busca desesperada pelo passado de sua “nova casa”.

Um fato ao decorrer da trama muda o foco do filme, transformando completamente a história. A partir dessa nova ótica, o longa se torna uma busca pela verdadeira história que move, agora, o enredo.

Estranho ver Daniel Craig rindo nos filmes, já que geralmente encarna o estilo “Bronco Bad Boy”, como quando interpreta James Bond e outros personagens. Naomi Watts faz o papel da enigmática Ann, vizinha do novo casal. A famosa atriz está irreconhecível e faz um dos piores longas de sua carreira.

É um suspense cheio de reviravoltas que confundem muito o espectador. As atuações são fracas e não condizem com os nomes em questão. A soma de tudo isso é uma saldo bastante decepcionante. Resumindo, a Casa dos Sonhos acaba se revelando um pesadelo da sétima arte.
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16/10/2011

O Palhaço - Cinema com Raphael Camacho

No novo longa de Selton Melo, 'O Palhaço', o artista do título ganha uma grande importância, sendo visto de uma maneira diferente, em uma crise sobre o que faz da vida, seus sonhos, sua família, seus amores...


Na trama, um grupo de artistas circenses se apresenta de cidade em cidade alegrando a todos por onde passam. Ao decorrer da história, seu mais famoso representante, o palhaço Pangaré (Benjamin) entra em uma crise existencial e corre em busca de encontrar a esperança em algum lugar, sem saber que ela estava mais perto do que ele imagina. O Circo esperança é o nome do lugar onde o grupo de artistas talentosos ganham o pão de cada dia.

O filme tem muito bons diálogos, que ultrapassam à margem do simples e tornam-se originais, cada um deles. Selton, dirige e atua com bastante regularidade e consegue dar a sua marca à produção.

Muito cuidado com o cenário, notando-se grande estudo da produção para a concepção de todas as informações que ajudam o espectador a se envolver melhor com a fita. A caracterização dos artistas também faz parte desse envolvimento.

O delegado Justo, interpretado de maneira sensacional por Moacyr Franco, é um dos grandes coadjuvantes do longa. Sua breve aparição é de aplausos e risos imediatos.

Muito bom ver o nosso cinema agradando cada dia mais os amantes da sétima arte. Ria, se emocione e vá aos cinemas ver O Palhaço!
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14/10/2011

O Abrigo - Cinema com Raphael Camacho

Uma das grandes surpresas do Festival de Cannes nesse ano, Take Shelter, é intrigante e deixa o espectador comprometido com os acontecimentos. Não sabemos se o que se sucede com o protagonista são fatos relevantes ou não, deixando sempre uma dúvida em torno das questões. Cada linha do roteiro, feito por Jeff Nichols (que também dirige o longa), é brilhantemente trabalhada e a execução é muito bem feita pelo elenco.

Na trama, um homem trabalhador vive com sua mulher e sua filhinha(que é surda) num pacata cidade americana. Em um certo momento passa a ser guiado por alucinações e fica a mercê da eminência de uma grande tempestade, gerando sérias conseqüências para ele e sua própria família.

Entre pesadelos e pensamentos assustadores a figura do pai, interpretado pelo ótimo Michael Shannon, consegue deixar o clima de suspense no ar. A busca de Curtis, seu personagem, para saber o que realmente está acontecendo com ele é o que, de fato, consegue atrair a atenção do público. Há uma certa negação por parte do mesmo em relação aos seus atos e a construção do abrigo, fora os atos inconseqüentes, vão levando-o para um limite físico e mental. O desespero e vontade de falar tudo que estava sentindo, fica claro, na cena do jantar na comunidade, que é a melhor cena do filme com uma baita atuação de Shannon.

Jessica Chastain (que vimos recentemente em ‘A Árvore da Vida’ como a mãe do Sean Pen)n, constrói Sam, sua personagem, de forma muito competente. As estranhas atitudes de seu marido na trama vão transformando sua personagem.

Aos poucos vamos nos perguntando: O que estamos vendo é um breve distúrbio psicótico? O que acontece com aquele bom homem pai de família?

O desfecho é emblemático e transforma essa fita numa das melhores produções do ano! Não deixem de conferir!
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13/10/2011

Entrevista com Fabricio Santiago, ator do filme Vamos Fazer um Brinde


O jovem Fabricio Santiago tem 23 anos é ator, diretor, roteirista e também foi integrante do grupo Nós do Morro, desde o ano de 1998 até junho de 2010, onde cursou as disciplinas que integra a grade curricular de formação artística do grupo. Na televisão já participou do elenco de Malhação, Tv Globinho, Sitio do Pica Pau Amarelo entre outros. Atualmente, fez parte da produção Vamos Fazer um Brinde, que foi um dos filmes nacionais selecionados para o Festival do Rio de Cinema desse ano. Para falar um pouco da sua carreira no cinema e seus futuros projetos, fomos conversar com o artista carioca.  




1)      Como surgiu o convite para fazer o longa Vamos Fazer Um Brinde, selecionado para mostra Novos Rumos do festival do RJ desse ano?
     
Eu fui convidado pela própria diretora e roteirista do longa, Sabrina Rosa, ela já me conhece à mais de 10 anos, inclusive foi a minha primeira professora de teatro (junto com outro professor) e já atuamos no teatro também, então ela conhece o meu trabalho não é de hoje.




2)      Como reagiu a produção e o elenco do filme ao saber da seleção de Vamos Fazer Um Brinde para o tão aguardado Festival do RJ de Cinema 2011?
     
Nossa! Ficamos muito felizes, particularmente eu não esperava, por esses festivais serem tão concorridos. Participamos também do CINE-PE, o Festival de Pernambuco e a emoção foi a mesma.




3)      O que é cinema para você?


     Cinema é emoção, vibração, energia... Uma fonte onde eu posso explorar a minha arte da maior maneira possível, aquela tela imensa, invadindo o telespectador, fazendo com que ele sinta toda emoção (seja ela positiva ou não) e verdade que eu passo fazendo o que eu amo.




4)      Ainda é muito difícil conseguir dinheiro (incentivo/patrocínio) para rodar um projeto de cinema no Brasil? Por quê?


    Muito, aqui no nosso país não existe investimento voltado à cultura, o que é muito triste, pois assim como o esporte, cultura é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade.




5)      Já está com futuros projetos? Tem como adiantar alguma coisa para os nossos leitores? Será que vem um outro longa-metragem por aí?


Sim, inclusive nós vivemos de futuros projetos, alguns dão certos, outros...
(Risos) Será??? Será???  Tem sim, eu acabei de filmar o Longa "Totalmente Inocentes", está fresquinho, é uma paródia dos filmes favela movie, que deve estrear no meio do ano que vem (2012).




6)      Mande uma mensagem aos cinéfilos leitores desse site e ao pessoal que quer seguir a carreira artística.


Foi um prazer essa entrevista, é sempre bom falar de cinema e eu desejo boa sorte, galera, pois vocês vão precisar, porque não é fácil esse nosso ofício. (risos). E digo também para fazerem igual aos meus amigos diretores: Cavi Borges e Sabrina Rosa. Que se auto-produziram e está dando super certo! Não fiquem esperando o trabalho bater em sua porta, façam vocês mesmo.


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A Doação - Cinema com Raphael Camacho

O quase abandono de profissão de um experiente médico faz com que uma talentosa doutora Jeanne Dion (interpretada pela atriz Elise Guilbault) assuma seus deveres para com a pacata cidade de Nometal. A amizade com um padeiro da região faz com que a mesma analise melhor sobre o seu futuro após certos acontecimentos.

A relação da doutora com seus novos pacientes é muito próxima. Percebe-se muito o envolvimento da graduada para com os enfermos. A trama passa toda em volta da personagem principal. Fato que deixa o espectador poucas vezes confuso, porém, sem muita margem para surpresas ou espera de acontecimentos.

A produção tem o formato de seriado americano que tem médicos e seus dramas com aqueles que necessitam de ajuda. O monólogo/sermão do padre na missa de uma das personagens do longa, é muito bonita, uma das melhores cenas da produção canadense.

Cochilo e olhadas para o relógio são constantes nas poltronas do cinema. O espectador luta para se comunicar com a história.

Bocejos são ouvidos já ao final da sessão.

Dica: não leia a sinopse. Entrega muito do filme.

Não recomendo, dormir em sua cama é melhor!
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12/10/2011

Rock Brasília - Cinema com Raphael Camacho

O novo trabalho de Vladimir Carvalho começa contando a chegada das famílias da turma do rock, contorna as influências da época e há relatos gravados sobre todo o movimento. O mundo jovem da época é retratado com conversas francas sobre a ideologia da época e o uso de drogas.

Renato Russo é um grande pilar nessa fita. Muito bom rever o grande gênio do cenário rock da história da música brasileira. O Badernaço, que  foi uma espécie de momento ruim da Legião Urbana é mostrado no filme com imagens capturadas no dia do ocorrido. A Formação do Aborto Elétrico com Fê Lemos, Flavio Lemos e Renato Russo e os problemas na trajetória marcante desse grupo é relatada por todos os seus integrantes.

A necessidade dos envolvidos em se comunicar daquela forma musical é um dos grandes motivos para análise ao longa da cronologia. O papel da imprensa, é visto, através da figura de Hermano Vianna, irmão do Herbert Vianna. Esse último aparece rapidamente, mas volta e meia é comentado.  Foi de grande ajuda para aquelas bandas da época.

O documentário relata alguns problemas pessoais enfrentados pelos músicos, como o corte dos pulsos do líder da Legião Urbana. Fala também sobre o acontecimento de 68, a invasão da UNB e a pressão da família sobre a profissão toma conta quase que no desfecho do documentário. A relação dos mesmos com a industria fonográfica é mostrada por depoimentos de pessoas ligados à gravadoras e os próprios músicos.

Questionamentos sobre a carreira e o Showbizz fecham praticamente o documentário e aos poucos vamos tendo idéia do que caminho cada banda tomou.

Algumas frases fortes e emocionadas, como a Dinho Ouro Preto, explicando a volta da banda Capital Inicial, após um recesso e sua importância para a continuação daquele movimento que eles começaram lá atrás: - ‘ A morte do Renato(Russo), ressuscitou o Capital(Inicial)’.

Roqueiro ou não, vale a pena conferir!
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11/10/2011

Juan e a Bailarina - Cinema com Raphael Camacho

Eram  pouco mais que 19:00 horas, no primeiro domingo do Festival do Rio de Cinema. Vestindo uma camisa roxa e com um discurso emocionado, o diretor Raphael Aguinaga comove a platéia antes do filme começar. Suas palavras interagem tão bem que torcíamos para que o longa tivesse ao menos metade dessa qualidade. Após a sessão, a certeza dessa co-produção Brasil-Argentina ser a grande surpresa do festival não restava dúvidas.

Um grupo de idosos, que vivem em um asilo, fica sabendo que a Igreja Católica clonou Jesus, ao mesmo tempo, que é substituída a enfermeira que cuida deles. Assim a história avança em cinco partes: Uma Notícia Espetacular, Um Acontecimento Desafortunado, A Terceira Casa de Marte, Operação Voo da Águia e O Apocalipse.

O filme é muito rico em detalhes e aos poucos vamos sendo apresentados aos simpáticos protagonistas. Dolores, uma das simpáticas personagens é sensacional, dominando as partes cômicas da trama. O dia-a-dia de um lar para terceira idade é mostrada de forma inteligente, original e muito engraçada. Os contornos na vida dos idosos são feitos com muitas conversas, que rendem ótimos diálogos durante a produção. A divisão em subtítulos ao decorrer da trama melhora a percepção do espectador para com a história.

Ambientado na argentina, O Levante é basicamente Hermano, porém com muitos toques brasileiros. O longa tem cenas emblemáticas, como: a do tango, muito bem conduzida pela câmera inquieta de Aguinaga.

Um sentido à vida é a busca constante, às vezes inconsciente, desses cidadãos abandonados e que se sustentam na amizade.  A empolgação do público é a prova da incrível simpatia que o longa transpira da telona até poltrona mais próxima. Certamente agradará muitos cinéfilos.  A mensagem que o primeiro longa metragem de Raphael Aguinaga deixa é a de que sempre brotará uma esperança dentro de nós.

Se emocione, divirta-se e surpreende-se! O Levante é garantia de qualidade! Até agora é a grande surpresa do festival!

O filme ainda tem mais sessões nesse Festival do Rio. Não percam!

DOM (9/10) 12:15 Est Sesc Rio 2
DOM (9/10) 19:00 Estação Sesc Rio 2
SEG (10/10) 19:30 Cine Carioca
SAB (15/10) 21:00 Cine Santa
TER (18/10) 16:30 Kinoplex Fashion Mall 1
TER (18/10) 21:30 Kinoplex Fashion Mall 1
QUI (20/10) 17:00 Cine Sesc 2
QUI (20/10) 21:00 Cine Sesc 2
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10/10/2011

Gigantes de Aço - Cinema com Raphael Camacho

O filme tenta criar, num futuro próximo (mais precisamente 2020) a eminência da evolução dos games. Lá, o virtual e o real estão próximos e muitas modalidades serão substituídas pelas máquinas. No novo trabalho de Shawn Levi (que dirigiu Uma Noite no Museu 1 e 2), o movimento dos robôs é para elogios, faltando apenas caírem joysticks nas poltronas do cinema para cada um controlar um personagem.

A cena inicial é uma clássica referência às arenas e seus gladiadores da antiga Roma. Com poucos minutos, vemos como esse longa de Levi é muito superior à Transformers, inevitável analogia. Shawn Levi deveria ensinar ao Michael Bay como fazer um filme de robôs.

O roteiro explica vários fragmentos temporais e o passado da trama, já que a visão é uma data pra frente de nosso atual tempo, isso ajuda o espectador a se situar e entender melhor o que se acontece nas telonas. Porém, com 11 anos, é muito difícil uma pessoa saber tanto de eletricidade como o mais jovem dos personagens. Bastante exagero do roteirista.

Um fato curioso são as muitas referências ao Brasil. Com certeza, por conta da força que temos em “esportes de arenas” lotadas. A família Gracie é mencionada.

O pequeno Max Kenton, interpretado pelo jovem Dakoto Goyo, é muito parecido com outro personagem famoso do mundo do cinema, Anakin Skywalker. O astro mirim já havia participado de outras produções hollywoodianas como Thor e Defendor. O momento ‘Justin Bieber’ ou ‘Dança com os Robôs’ é desnecessária e apenas dá um tom diferente à narrativa.

Evangeline Lilly integra o elenco principal e tenta se encaixar no mundo do cinema. Às vezes fica bem, outras nem tanto. Atuação apenas regular.

Hugh Jackman tenta criar um personagem sem sentimentos que vai se abrindo aos poucos e acaba caindo nos famosos clichês dramáticos que estamos cansados de ver em filmes americanos.

Quando o cinéfilo interage com o filme nota semelhanças com produções como: O Homem Bicentenário e A.I. Inteligência Artificial.

A fita fala sobre a situação da Exposição da mídia e bate na tecla que o evento é um show antes de ser uma luta.

O “UFC Robótico” promete levar muita gente aos cinemas. Agora o texto acabou, vou lá jogar Wii!
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08/10/2011

Qual seu Número? - Cinema com Raphael Camacho

Para esse tipo de livro virar um filme bom, uma protagonista talentosa é sempre o mais indicado. Pena, que talento em Qual seu Número? você não encontra. O novo trabalho de Mark Mylod (que dirigiu muitos episódios de vários seriados americanos) arranca uma ou outra risada, mas é muito inconsistente como um todo.

Anna Faris faz a personagem Ally Darling e enche-a de caras e bocas. A melhor atuação de Faris é no longa Encontros e Desencontros, desde essa produção sua carreira estacionou no talento. Chris Evans (que fez recentemente o longa Capitão América), como todo ator limitado, encaixa bem nesse tipo de papel.

A produção apela para nudez em algumas cenas, totalmente desnecessárias em todos os casos. Acredito que o nu artístico é um recurso que pode ser utilizado dentro do cinema, porém, com contexto e fundamento dentro da história.

A subidinha da protagonista na bancada de um bar, com drinks e mais drinks, lembra muito certas cenas de Coyote Ugly.

Como virou moda em Hollywood recentemente, muitas menções às redes sociais são vistas no decorrer da trama.

Um dos poucos momentos, realmente engraçado do longa, ocorre quando a protagonista imita  o sotaque do Borat(personagem famoso do londrino Sacha Baron Cohen, em filme homólogo). A fita fica mais engraçada quando utiliza o recurso de flashbacks das relações passadas da confusa protagonista.

Fazendo uma analogia ao futebol, essa fita estava na zona de rebaixamento, até que alguns razoáveis minutos do meio para frente, tiraram o mesmo da zona da degola. Chegou perto de ser cravado como o pior longa do ano.

Se perguntassem: qual o número desse filme? A resposta com certeza reprovaria a produção.



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07/10/2011

A Pele que Habito - Cinema com Raphael Camacho

Após o excelente Abraços Partidos (2009), o cineasta espanhol Pedro Almodóvar volta com brilhantismo, para delírio dos cinéfilos de plantão, com o longa A Pele que Habito. Tudo é cirurgicamente bem feito, um trabalho quase impecável do famoso diretor.

Na trama, um médico cirurgião adota, única e exclusivamente, a vingança como forma de vida após a morte de sua filha. Seu objetivo, é vingar-se do estuprador da mesma. A maneira que as peças se encaixam, até a sua conclusão, transformam o filme numa obra assustadoramente brilhante.

O roteiro é dinâmico, com aquele famoso vai-e-vem na linha temporal (clássico em alguns filmes do diretor espanhol) o quê ajuda o espectador a não desgrudar os olhos da telona. O detalhamento das cenas é algo esplêndido. As partes de interação entre os personagens, via câmera de circuito interno, praticamente nos transportam pra dentro da história. Há, também, presença marcante de muitas cores, como todo filme do gênio que dirige a trama. A beleza do corpo, muitas vezes é passada com a câmera, às vezes lenta, mostrando a sutileza contrapondo qualquer outro sentido.

Almodóvar nos presenteia com esse notável trabalho e demonstra mais do que tudo, o objeto de obsessão da sua vida, o cinema. Sua produção, inspirada no livro Tarântula (do autor francês Thierry Jonquet), é uma prova de admiração à sétima arte.

O drama, com pitadas de suspense, é recheado de boas atuações.

Antonio Banderas tem um desempenho admirável, chega a impressionar em alguns momentos. Seu personagem é um dos mais difíceis da produção. Impressionante como o marido da atriz Melanie Griffith sempre chega ao seu máximo, quando é dirigido por Almodóvar.

Marisa Paredes, a eterna musa de Pedro Almodóvar, faz o papel da intrigante Marilia e tem ótimos diálogos com o personagem de Banderas, Robert Ledgard, seu chefe. A veterana atriz espanhola deve marcar presença na première do longa (que abre o Festival de Cinema do Rio de Janeiro 2011) no Cine Odéon, na noite da próxima quinta-feira(06 de outubro).

Blanca Suárez aparece pouco, dando vida à filha do personagem principal, mas tem um papel impactante na história. Era preciso uma dotada artista para essa função, pois muito da tensão do filme gira em torno do acontecido em suas cenas. Blanca foi a escolha certa, ótima como Norma. Jan Cornet interpreta Vicente, a princípio é um coadjuvante qualquer, até que as reviravoltas da narrativa desmentem essa afirmação.

Completando o quinteto que dá sentido a história, a beleza e o talento de Elena Anaya (atriz espanhola que atuou em produções como Fale com Ela e Alatriste). O foco estava todo nela, no começo o espectador busca entender sua personagem, Vera, mas aos poucos vamos descobrindo enigmas inimagináveis sobre a mesma. Um desempenho louvável desse formidável talento da terra das touradas.

A música “Preciso Amar”, que é cantada magistralmente no longa, é belíssima. Fazendo com que cinéfilos e adoradores da mesma, torçam para o lançamento breve do cd da trilha sonora da produção.

Sem mais, corram para o cinema assim que estrear.  Até agora, o melhor filme do ano!



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