29/01/2012

Crítica do filme - 'A Better Life'

Um filme aclamado pela crítica lá fora, surpreendeu os cinéfilos tendo sido indicado na categoria ‘Melhor Ator’ (Demián Bichir) no Oscar desse ano. A fita fala sobre a problemática dos imigrantes ilegais de forma bem emocionante aos olhos de Carlos Galindo (Demián Bichir), um mexicano que vive com seu filho adolescente Luis Galindo (José Julián) em uma cidade americana. O medo de ser deportado (por estarem ilegais naquele país) e os sonhos de uma vida melhor tomam conta da trama, que tem o roteiro assinado por Eric Eason baseado na história de Roger L. Simon.

Fato a ser analisado mais de perto é a relação de pai e filho em meio às situações que a história coloca. No começo, vemos um pai trabalhador sonhando algum dia dar uma vida melhor ao seu filho. Esse último namora uma jovem que é parente de um temido criminoso, de uma gangue da região. Pai e filho são distantes, muito por conta do jovem que parece não gostar muito do homem que cuidou dele durante toda a vida. A grande virada nessa história se dá quando a Família Galindo tem seus novos pertences roubados, a partir daí, a relação muda e ambos percorrem vários lugares procurando o que havia sido perdido e acabam descobrindo uma maneira de se comunicarem melhor.

O ator mexicano Demián Bichir talvez tenha sido a grande surpresa do Oscar 2012 com sua indicação pelo seu papel nesse filme. Realmente é um trabalho muito interessante do artista de 48 anos. Dá o tom amargurado e passa uma verdade em seus tensos diálogos com o filho. Mereceu ser indicado ao prêmio pela academia. Outro destaque vai para José Julian e seu Luis Galindo. O jovem ator mostrou muita personalidade na pele do complicado personagem e emociona nos momentos finais da trama.

O longa dirigido por Chris Weitz (que estava na direção de um dos filmes da franquia dos vampiros, ‘A Saga Crepúsculo: Lua Nova’) não é o melhor filme com a temática ‘Imigração’ já feito.  Recentemente teve um longa chamado ‘O Visitante’ (que tem uma atuação magistral de Richard Jenkins) que ainda considero o melhor com essa temática feita nos últimos anos.

Mesmo não sendo o melhor filme de drama feito recentemente vale à pena conferir a saga da Família Galindo por uma vida melhor. Não deixe de conferir ‘A Better Life’!
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Crítica do filme - 'O Pacto'

Em um filme confuso, que tenta surpreender (naufragando nesse quesito), o diretor australiano Roger Donaldson (de ótimos longas, como: ‘Efeito Dominó’ e ‘Treze Dias Que Abalaram o Mundo’) reúne um elenco conhecido para contar esse Thriller que não deve agradar a maioria do público cinéfilo.

Na trama, um professor do ensino médio vive uma vida feliz e apaixonada com uma musicista loira, muito bonita. Até que um dia a paz e a felicidade deles é abalada. Quando está indo para casa após um ensaio, a mulher é atacada e violentada por um criminoso. Confuso e desnorteado, o marido aceita receber ajuda de um homem misterioso (para uma espécie de vingança encomendada) sem saber direito onde estava se metendo.

Nicolas Cage continua deixando os cinéfilos com dor de cabeça, com filmes que nem de longe lembram clássicos de sua filmografia, como: ‘Adaptação’, ‘Despedida em Las Vegas’, ‘O Senhor das Armas’

January Jones mais uma vez muito fria em um papel, sem saber demonstrar emoção. Já é o segundo trabalho dessa atriz (muito bonita, diga-se de passagem) que seu personagem não consegue passar veracidade, com suas emoções ao público (o primeiro foi em ‘O Desconhecido’). Guy Pearce aparece como o vilão e tenta dar um algo a mais para a embolada história, infelizmente não consegue levar o filme nas costas.

No elenco, nomes conhecidos do público que acompanha seriados americanos.

Harold Perrineau (ex- ‘Lost’) faz o melhor amigo do personagem de Cage, tem importância fundamental para o desfecho da trama. Jennifer Carpenter (do seriado de sucesso ‘Dexter’) aparece muito pouco e tem raríssimas falas, poderia ter sido melhor aproveitada e a história mais focada na amizade com a personagem de Jones.

O grave problema que o longa apresenta é a questão da ‘teoria da conspiração’ evidenciada a cada passagem de minuto da fita. Explicando: de repente todos os personagens que aparecem fazem parte da tal organização (que corre em paralelo do mundo da polícia e da justiça) e não é explicado o sentido dessa irmandade. As informações chegam sem nenhum propósito e o espectador fica refém de uma história sem fundamento.

O que muitos amantes da sétima arte temiam acontece: Cage erra de novo!
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27/01/2012

Crítica do filme - 'A Dama de Ferro'

O esperado longa da inglesa Phyllida Lloyd, ‘A Dama de Ferro’, é um filme irregular em sua montagem, porém, com boas atuações. No papel principal, a número um das mais queridas atrizes do cinema atual, a “Pelé de saias da sétima arte”, Meryl Streep, em uma atuação que deve dar a ela o seu terceiro Oscar.

Em seu início somos apresentados a uma Margaret Thatcher fraca, já idosa e que vive praticamente solitária, sob vigilância rígida de seus empregados e da sua filha. A luta para combater suas alucinações são constantes (no desfecho ‘metafórico’ é encontrado uma solução para esse caso, lembra um pouco Russell Crowe e seu John Nash em ‘Uma Mente Brilhante’) nem parecia aquela famosa mulher, figura controversa do cenário político britânico, que ficou 11 anos no poder.

Ao longo dos 105 minutos de fita, através de lembranças, vamos conhecendo aquela forte personalidade (cheia de ‘caras e bocas’) que escreveria para sempre seu nome na história. Desde sempre, possuía um repertório de frases de efeito, tinha carisma e o dom da prosa. Para ter êxito em sua caminhada política, tem que abandonar o papel de mãe para assumir o poder de uma nação grandiosa. Deixando o chapéu de lado, aulas de postura e outras dicas são ministradas pelos seus assessores, tudo para moldar a nova governante. 
Seguindo o conselho de seu pai, trilhou o seu caminho vitorioso, triunfando em uma posição dominada pelos homens. Tornou-se Líder do Partido Conservador e assumiu o Status de Primeira Ministra Britânica (a única mulher no posto até hoje), enfrentando em seu mandato: problemas com a Argentina, com o desemprego em alta, com o IRA e um sentimento às vezes dividido, em relação à ela, de sua nação.

Todos os atores (de todas as fases da vida de Thatcher) fazem elevar o nível da fita em cena.

Jim Broadbent é um coadjuvante de luxo. O veterano ator inglês interpreta Denis Thatcher, fiel marido da mulher de punho firme que dá vida à trama, tem ótimos diálogos e atua com bastante naturalidade de forma firme.

Meryl Streep é um caso raro na história do cinema. Tem mais uma atuação sensacional. Todos os elogios são poucos para expressar o quão excelente foi esse trabalho. Por debaixo daquela maquiagem pesada, às vezes apenas mexendo o olho, vemos que ela tenta a todo o momento se conectar com o espectador. Merece levar o Oscar mais uma vez.

Com o discurso “Se quiser mudar o partido, lidere; Se quiser mudar o país, lidere” e executando-o à risca, Margaret Thatcher é uma figura importante do século passado e você cinéfilo: precisa ver essa história! Que conta com uma interpretação de gala da atriz preferida de vários amantes da sétima arte. Dia 17 de fevereiro nas salas de cinema de todo o Brasil.

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Crítica do filme - ‘Meu Primeiro Casamento'

Dirigido por Ariel Winograd, ‘Meu Primeiro Casamento’ é um filme argentino de comédia que fez um tremendo sucesso ano passado, conseguindo o posto de número um no ranking dos hermanos, em relação à bilheteria. Lembra a dinâmica e as sucessivas confusões que ocorrem em filmes como: ‘Morte no Funeral’ (filme inglês de comédia) e outros. Pena que é recheado de clichês americanos.

Na trama, um homem e uma mulher, no dia do casamento deles, se metem em diversas confusões que começam com a perda do anel por uma das partes. Fora isso, dois amores do passado (Mica e Miguel Ángel) tentam confundir os sentimentos dos noivos. A primeira foi um rápido romance que o noivo teve há tempos atrás. Já o segundo, é um ex-professor da noiva, na Universidade de Buenos Aires, que dá em cima dela descaradamente durante toda a festividade. A abertura trivial e original (muita criatividade de quem produziu) é feita através de tirinhas de quadrinhos e que acabam entregam um pouquinho da história, que tem o roteiro assinado por Patricio Vega.

Leonora é a noiva. Ama seu noivo mas dá a entender que no fundo, desconfia se ele é o cara certo para ela. Seus impulsos aos pensamentos de Lacan misturados ao seu gênio forte ficam claramente expostos em muitas cenas, principalmente quando começa a perder o controle da situação. Natalia Oreiro, a intérprete de Leonora, é um colírio para os olhos cinéfilos.

Daniel Hendler é Adrián Meier, o noivo. Rapaz muito atrapalhado que compromete todo o dia festivo (seu casamento, no caso) após um ato de tremenda ingenuidade. Conta com a ajuda de seus primos para recuperar o objeto precioso perdido (isso tudo durante a festa).

Longe das confusões que rolam no sítio aonde acontece a festança, um padre e um rabino estão à caminho da cerimônia, já que cada personagem quer a presença religiosa que são adeptos na hora de dizer o tão sonhado ‘sim’. Como se perdem no meio da estrada, um papo religioso longo é bastante cômico e provocativo ocorre entre os religiosos. É um dos pontos altos do longa, sem dúvidas!

O filme estréia por aqui no Brasil dia 16 de março. Diverte, mas sempre esperamos muita originalidade nas produções dos nossos hermanos, fato que não ocorre com essa fita.
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25/01/2012

Crítica do filme - 'L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância'

O novo trabalho do diretor Bertrand Bonello retrata os momentos glamurosos e a decadência de L'Apollonide, uma casa de prostituição que possui bastante popularidade entre os homens da França em 1899. O grande problema de filmes com essa temática é o diretor ‘perder a mão’ da produção e escandalizar com o corpo das atrizes e os enquadramentos em cena. Isso não ocorre nessa produção, não há nudez desnecessária nesse longa.

Com uma ótima música de abertura, somos apresentados a algumas mulheres que vivem nesse belo casarão. Fora as aventuras sexuais, muita bebida e histórias (das mais diversas e peculiares possíveis) são contadas ao longo dos 125 minutos de fita.

As mulheres são muito carinhosas umas com as outras, uma relação de irmandade é visto em cada cena. Entendemos um pouco melhor da vida dessas prostitutas, e sua posição na sociedade no final do século 19, com a chegada de uma jovem que mandou uma carta solicitando permissão para trabalhar no lugar. Através dos olhos de Pauline vamos entendendo como é o dia a dia da vida naquele lugar.

Gostos peculiares dos clientes ganham contornos cômicos em meio ao drama da fita. Alguns são viciados em Champagne e gostam de ter relações em uma banheira cheia dessa mesma bebida, outros gostam de encenar ter relações com uma boneca (nesse caso, a prostituta escolhida imita uma). E assim, elas vão se revezando e satisfazendo cada um dos amantes.

A personagem que se destaca é Medeleine (interpretado por Alice Barnole), que tem sua rotina quebrada por uma maldade que um de seus clientes fez (maldade à la Coringa do ‘Batman’, vejam o filme que vocês vão entender). A vingança vem com a ajuda de suas amigas e um animal feroz, já no desfecho do filme que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor .

A narrativa lenta não agradará parte do público mas é um filme que possui uma trama que tenta envolver, ótimas atuações e uma direção quase impecável de Bonello. A partir de Fevereiro nos cinemas do Rio de Janeiro.

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Crítica do filme - 'Os Descendentes'

Com um drama familiar repleto de bons personagens com um paraíso tropical como pano de fundo, Alexander Payne (‘Sideways’) comove o público com a história de um homem em busca de um recomeço após uma série de acontecimentos que mudarão sua vida e a de sua família para sempre.

Matt King é um homem com muitas decisões nas mãos. Vive no Havaí, sustenta sua família com seu trabalho de advogado e seu uniforme de trabalho é Short, chinelo e camisa florida. Tem uma vida que muita gente pede a Deus. Mas não é bem assim, a situação dele não é tão boa como parece: a mulher está internada, ele não consegue se entender com suas duas filhas, os primos o pressionam para vender as terras da família (de olho na bolada do negócio) e acaba descobrindo que a mulher estava em um caso extra-conjugal com o salsicha (personagem de trabalhos anterior do ator Matthew Lillard).

George Clooney tem uma atuação muito boa. Foi bastante elogiado por críticos de todo o mundo. Com esse personagem bastante real, comove e transporta o espectador para dentro da tela. Não sei se é o melhor trabalho dele mas está entre os grandes papéis do veterano ator com certeza. Ganha o Oscar com a cena de despedida à esposa na cama do hospital.

O relacionamento do personagem principal com suas duas filhas é péssimo. Não sabe ser mãe e acaba muitas vezes não sendo pai. A situação melhora com a inclusão de um personagem inesperado que dá um grande ritmo à trama. Sid é hilário. Acompanha a família em todos os lugares. Tem cenas impagáveis com o sogro de Matt King. Esse personagem é um ponto fundamental para o sucesso de público e crítica desse longa que é baseado no livro de Kaui Hart Hemmings. Méritos também para o jovem ator Nick Krause.

Alexander Payne sabe contar um drama comovente, sempre tem uma maneira de amarrar o público com suas doses de emoções cirúrgicas.  A história é narrada com a ajuda de um visual sensacional de um dos lugares mais bonitos dos EUA.

O ouvido cinéfilo é premiado com a participação super especial de Morgan Freeman já na subida dos créditos.

A partir do dia 27 de janeiro, o público se emocionará, se divertirá e sairá feliz das salas de cinema de todo o Brasil.
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23/01/2012

Crítica do filme - 'Reis e Ratos'

A idéia era interessante: reunir personagens excêntricos em um ambiente pré golpe militar no Brasil. Porém, Mauro Lima (diretor de ‘Meu nome não é Johnny’) faz um filme com o qual é difícil se conectar. O longa, que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor, tenta envolver o público através de diálogos com toques de comédia escancarada (fórmula que poucas vezes dá certo). Com uma trama que tem espiões, um locutor muito esquisito, militares e outros personagens curiosos reunidos em uma época onde a palavra ‘Comuna’ era de uso diário das autoridades, as melhores partes do filme acontecem mesmo nas excelentes conversas entre Selton Mello e Otavio Muller.

‘Reis e Ratos’ é um longa Noir Brasileiro. Filmado em apenas 17 dias, a fita em P&B é uma mistura de filmes do Leslie Nielsen com o ambiente Noir de pano de fundo - pena que o roteiro não ajuda muito o andamento da história. Na trama, em meio a um cenário político conturbado, alguns personagens são envolvidos em um clima de conspiração.

Gregório Duvivier e Marcelo Adnet aparecem logo nas cenas iniciais e o público já os projeta para mais algumas cenas ao longo da fita. Os dois humoristas oriundos do Stand Up Comedy são sempre adorados pela platéia - pena ter ficado só no pensamento uma presença mais marcante deles na história. A primeira participação de Seu Jorge no longa é sensacional. Uma entrada triunfal, vestido de mulher, e nos vocais, parecendo uma Whitney Houston à brasileira.

Selton Mello fala um português arranhado no filme (com algumas expressões em inglês embutidas). Interpreta Troy Somerset, um americano (espião da CIA) casado com uma brasileira, que adora conversas sobre cultura e joga na tela raciocínios hilários sobre o mundo em que vive. 

O personagem de Cauã Raymond se perde na história. Aos poucos o público vai se distanciando do entendimento e da necessidade dele para a história. O desfecho é o de um Viking Espadachim completamente insano que não agrega qualquer sentido à trama - já é o segundo longa nacional do ano em que aparece uma espada gigante (a la ‘Kill Bill’) sendo manipulada por um dos personagens.

Rafaela Mandelli combina com a atmosfera Noir. Suas expressões e seu jeito de conduzir Amélia Castanho se destacam, o que faz a personagem permanecer em evidência praticamente em todas as cenas.
Rodrigo Santoro aparece pouco em sua interpretação de Roni Rato, um vigarista, ex-cafetão e viciado, cuja importância para a trama beira a inexistência.

Vale destacar também Otavio Muller e seu Major Esdras que possui boas sequências com o personagem de Selton Mello, em cenas que chegam a ser um Oásis para o espectador.

Ou seja, pôde-se perceber que talvez a pressa tenha atrapalhado um pouco essa produção que estréia dia 17 de fevereiro em muitos cinemas no Brasil. E que não reste dúvida: filmar em pouco tempo é um risco! 
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22/01/2012

Crítica do filme: 'O Acompanhante'

Com um roteiro bastante afiado (mesmo sendo um pouco complicado), assinado por Paul Schrader (um dos roteiristas do fantástico ‘Touro Indomável’), nos surpreendemos a cada cena, entre os bons diálogos que o personagem principal possui. A trama é envolvente, temperada com pitadas de clima Noir. Para dar vida ao protagonista, um veterano artista que sempre surpreende com seus personagens fantásticos, tornando essa fita um caso onde a interpretação chama mais atenção do que o filme propriamente dito.

A história é focada em Carter Page III que é uma espécie de playboy que tem como passatempo preferido acompanhar mulheres (com esposos importantes) na compra de um tapete ou simplesmente em partidas de baralho. Ele vive em clima de romance com um paparazzi da cidade. Quando é envolvido em um caso de assassinato, exatamente por confiar demais em uma dessas mulheres que sempre está junto, tem que provar sua inocência custe o que custar.

Woody Harrelson praticamente toma ao filme para ele. Entre um diálogo melhor que o outro seu personagem, debochado por si só, rouba a cena sempre que aparece. O modo de falar e o jeito de se expressar são muito bem conduzidos pelo grande ator em cada tomada. ‘O Acompanhante’ é um dos melhores trabalhos do artista americano.

Kirsten Scott Thomas é a coadjuvante de luxo. Sempre faz a alegria de cinéfilos, com ótimas atuações em seus personagens enigmáticos e cheios de sentimentos guardados (na maioria dos casos). Dessa vez não é diferente, sua personagem Lynn Lockner possui a chave para o entendimento completo da história. Coloca o personagem de Harrelson em uma trama que não sabemos se é de propósito ou por defesa. É um grande conflito que é levado até o desfecho, bastante simbólico, da fita dirigida por Paul Schrader

É um longa que reúne ótimas atuações, esquecidas nos imensos acervos de algumas das melhores locadoras de sua cidade. Alugue e comprove! Recomendado!
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19/01/2012

Crítica do filme - 'J.Edgar'

Em uma época onde a Informação é poder, Clint Eastwood constrói os caminhos para nos mostrar a vida e a mais importante realização do criador do FBI, J.Edgar Hoover. Aos poucos vamos andando pelos grandes fatos da história americana. Impulsivo e muitas vezes difícil de lidar, J.Edgar é interpretado por Leonardo DiCaprio. A obsessão pelo trabalho e as idéias criadas para o mesmo, além de outras características, mereciam ser adaptados para a telona. Mas será que valeu a pena?

Na trama, que conta com o roteiro de Dustin Lance Black (‘Milk’), mostra a longa trajetória do criador do Federal Bureau Investigation (FBI), J.Edgar Hoover, e os anos 48 anos de serviços prestados à órgãos federais americanos. Com o auxílio de lembranças, já que somos apresentados no início à um J.Edgar idoso e escrevendo sua biografia, percebemos o quão conturbada foi a vida desse homem. Quando o Sr. Tolson entra na história à trama ganha contornos emotivos e inesperados. Adepto de vitaminas após certa idade, encara difíceis perdas, e nesse ponto é onde o personagem mais cresce.

O foco do novo trabalho de Clint Eastwood era a vida pessoal desse complicado personagem. O grande ponto a se analisar, a partir dessa premissa é: Se o foco era esse, porque a trama parece ser tão superficial quando olhamos para a vida íntima dele?

É uma atuação muito segura e convincente de DiCaprio. O ‘veterano jovem ator’, pega com maestria os trejeitos e o modo de falar desse conturbado personagem da história americana. A personificação de sua mãe, vestido com as roupas daquela que foi sempre sua leal companheira é um momento marcante na história do personagem. Com repetidas frases de ódio ao acontecido, pronuncia sem parar “Eu mato tudo que amo”... Ali vemos que o artista cresce e se torna o grande ponto alto da interpretação do ator americano que já foi namorado da Top Model Gisele Bundchen.

O restante do elenco também esbanja competência nessa trama de altos e baixos.

Naomi Watts aparece bastante com sua Helen Gandy, tinha tudo para ser a mulher da vida do personagem título (se essa fosse a preferência dele), é leal e tem papel interessante no desfecho da trama. Judi Dench é a mãe de J.Edgar, Anna Marie Hoover, uma mulher recheada de princípios ligados à moral e os bons costumes, atrapalha bastante a mente conturbada de seu filho, é uma barreira para assumir sua homossexualidade. Armie Hammer divide com DiCaprio a maioria das cenas importantes dando vida ao Sr. Tolson e tem uma atuação bastante interessante (às vezes ofuscando o próprio protagonista), merecia ter sido lembrado nas premiações desse ano.

Mesmo com algumas observações, vale à pena conferir a trajetória marcante do homem que tinha o sonho de ter a eterna admiração do seu país. Dia 27 de janeiro na sala de cinema mais próxima de sua casa!
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18/01/2012

Crítica do filme - 'Viúvas'


Após o ótimo 'Elsa e Fred', o diretor argentino Marcos Carnevale volta às telonas com um longa que fala sobre uma relação incomum que acontece por conta de uma tragédia. A temática familiar e toda as conseqüências de uma traição de anos é levado ao público de maneira, às vezes, pouco convincente.

Elena vive uma vida tumultuada gravando a todo instante, emendando um trabalho atrás do outro. Ela é documentarista, casada há anos e ama muito o marido. Quando o mesmo sofre um acidente, é conduzido ao hospital por uma outra mulher, Adela. Já sabendo que aqueles serão seus últimos momentos em vida, o marido pede à Elena uma coisa muito difícil, para que cuide da amante mais jovem dele. A partir daí uma relação dramática e de descobertas vai contornando a fita.

A relação entre as duas personagens centrais dessa trama é bastante peculiar. Elena (Graciela Borges) é uma cineasta documentarista e evita a presença da amante mais jovem de seu marido (logo após saber da existência dela), Adela (Valeria Bertuccelli), que em seu ponto de vista, tenta descobrir uma maneira de entrar na vida da esposa de seu grande amor e assim conhecer melhor a vida do homem por quem se apaixonou.

O filme possui alguns exageros, principalmente na parte dramática da história, e que muitas vezes fazem o público se distanciar da história. Aconselho a ver o filme sabendo que não é o melhor longa de Marcos Carnevale, nem a melhor fita Argentina que já se fora feita. A baixa expectativa pode fazer com que você curta esse trabalho.

É uma história que poderia ter sido melhor contada e encenada. Não ficará no meu top 20 de filmes argentinos do ano, tenho certeza.
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17/01/2012

Crítica do filme - 'Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres'

Com direito a muita Coca-Cola e Mc Lanche Feliz, David Fincher retorna ao comando de um longa metragem de forma magistral (seu último trabalho tinha sido ‘A Rede Social’), conseguindo reunir elementos que conseguem agregar sem mudar o foco da intrigante, envolvente e muito objetiva história de Stieg Larsson. Fincher consegue o improvável, criar um remake tão bom quanto à fita original sueca.

Na história, uma jovem desapareceu em uma ilha da Suécia, há mais de 30 anos atrás sem deixar rastros. Seu tio ainda pensa nela todos os dias e resolve reabrir a investigação e chama o jornalista investigativo Mikael Blomkvist para ser o encarregado por essa nova busca. Mikael está passando por um momento ruim, sendo processado por difamação e calúnia e como não tem muito mais a perder resolve aceitar o caso com o acordo de que iria conseguir provas para provar a verdade sobre o caso que está sendo processado. Como sozinho Mikael não consegue andar muitas casas, resolve procurar uma assistente para ajudá-lo a desvendar esse mistério. Aí que entra na história Lisbeth Salander, uma garota muito inteligente que sofre com um passado de tristezas e um presente de abusos por conta de ter a sua custódia vinculada ao Estado.  Juntos vão descobrindo aos poucos que a família da desaparecida é o centro de tudo.

A trama é grande e cheia de detalhes (O filme fica muito mais fácil de se entender, caso já tenha visto a versão original ou tenha lido o livro.), na primeira parte as histórias de Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander correm em paralelo mostrando a vida de cada um desses personagens e como esses dois destinos se juntam. Tudo é muito bem feito, sequencialmente em seu tempo. Méritos para o ótimo roteirista Steven Zaillian (que fez o roteiro do aclamado ‘A Lista de Schindler’). Nos momentos tensos a trama cresce, o desconforto que propõem algumas cenas dão espaço para o brilhantismo do diretor e seu elenco.

Todos os atores estão bem e elevam a qualidade da fita.

Lisbeth Salander é um dos personagens literários (que foram adaptados para às telonas) mais marcantes e interessantes de todos os tempos. Para essa difícil missão, que fora cumprido com maestria pela atriz sueca Noomi Rapace na primeira versão, David Fincher chamou a jovem de 26 anos, Rooney Mara. A escolha não poderia ter sido mais certeira. Desde os primeiros takes percebemos que Mara consegue pegar a essência de sua personagem além de deixar a sua marca em cada cena que participa. A jovem atriz americana foi indicada ao Globo de Ouro esse ano por esse trabalho e, senão fosse a grande concorrência desse ano, poderia facilmente figurar entre as cinco indicadas ao Oscar.

Christopher Plummer sempre muito bem, no desfecho da trama comove e emociona com os sentimentos verdadeiros de seu personagem (deve vencer o Oscar nesse ano pelo maravilhoso trabalho no filme ‘Toda Forma de Amor’).

Daniel Craig, o atual James Bond, não inventa muito na pele do personagem principal Mikael Blomkvist. Faz aquele famoso ‘feijão com arroz’ e não compromete em nenhum momento. Tinha que mostrar ao público um pouco de paixão pela arte após a péssima atuação como Will Atenton, no tenebroso ‘A Casa dos Sonhos’ de Jim Sheridan.

Com uma abertura sensacional e uma trama que se conecta com o público ao longo dos 158 minutos de duração, ‘Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres’, é um prato cheio para os amantes da sétima arte! Dia 27 de janeiro, corra para o cinema e descubra o final dessa história!

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