Cinema aos olhos da
música: Capítulo 2 – Tico Santa Cruz, do Detonautas Roque Clube
O nosso segundo entrevistado na coluna Cinema aos olhos da música é um vocalista de personalidade forte e
que sempre argumenta com muita propriedade sobre o cenário político e social brasileiro
pelas redes sociais. Aos 36 anos, Luis Guilherme Brunetta, ou para nós Tico
Santa Cruz, é o líder da banda Detonautas Roque Clube desde 1997. A banda se
conheceu pela internet e ficou marcada no cenário musical brasileiro por suas
letras impactantes tanto para falar sobre amor quanto para abrir os olhos do
povo em relação à política, sendo assim, a voz de milhões de fãs espalhados
pelo Brasil.
Por trás do corpo quase todo tatuado, há um ser humano
engajado em expressar todos seus sentimentos e insatisfações em melodia. Tico
batalhou com inúmeras palavras sobre o voto consciente, divulga o trabalho de
diversas bandas independentes e nunca deixa de se expressar em qualquer
polêmica de rápida repercussão por conta das redes sociais. Fã de Woody Allen e
Quentin Tarantino, Tico Santa Cruz topou conversar com a gente e falar um
pouquinho sobre sua visão em relação ao cinema.
1) Qual a relação que
a música e o cinema possuem?
Tico Santa Cruz: A música sempre foi fundamental para o cinema.
É através das trilhas sonoras que o diretor consegue conduzir o clima que
precisa para fazer com que o espectador sinta-se inserido no contexto da cena.
A música tem o poder de emocionar, de criar tensão, suspense, medo, ou seja,
movimenta as sensações humanas. Sem a música o filme perde muito em sua
capacidade de atingir a alma humana.
2) Quais seus filmes
prediletos e porquê? E qual foi o último filme que assistiu?
Tico Santa Cruz: Assisto de tudo. Tenho filhos e um de meus
hobbies preferidos é ir ao cinema com eles. Meus diretores preferidos são
Quentin Tarantino e Roberto Rodriguez. Gosto de filmes que misturam ação,
terror, violência. Mas também tenho apreço por títulos que mudam nossa forma de
ver o mundo. Crash foi um desses, poderia dizer que Clube da Luta também
mexeu muito comigo. Adoro Woody Allen, gosto de praticamente todas as fases
dele e a forma como mete o dedo na ferida da hipocrisia das pessoas.
Eventualmente uma boa comédia pastelão pode me fazer relaxar. Cinema assim como
a música é Estado de espírito, então depende muito de como você está se
sentindo. Matrix, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Invasões
Bárbaras, são alguns filmes que marcaram minha lembrança. Gosto de
temas de guerra também e tenho ótimas recordações da infância como Goonies,
De volta para o Futuro, entre outros. O último filme que assisti que
posso recomendar é Django Livre, pois existe uma safra atual no cinema assim como
na música que seria melhor que não tivesse vindo à tona.
3) Quem você acha que
tem maior dificuldade: um músico em início de carreira ou um cineasta tentando
lançar seu primeiro filme?
Tico Santa Cruz: O início é difícil para todas as profissões.
Para quem faz arte é mais difícil ainda, para quem faz arte num país onde as
pessoas só dão valor depois que você chegou numa grande emissora de TV ou foi
elogiado por revistas e jornais, nem se fale... Acho que talvez seja mais
difícil para um cineasta fazer seu primeiro filme e lançar porque este depende
de mais recursos técnicos e consequentemente de mais recursos financeiros.
Enquanto que para um músico que tiver um estúdio este consegue produzir um
disco sem grandes dificuldades operacionais.
4) O que é cinema
para você?
Tico Santa Cruz: Entretenimento, informação, conhecimento. Uma
maneira de fundamentar conceitos de vida e de transformar a realidade. Em
alguns momentos quase uma bola de cristal. Quantos cineastas não desenharam no
passado distante a realidade que vivemos hoje?
5) Você já criou
alguma canção baseada em algum filme que viu?
Tico Santa Cruz: Não, mas certamente já saí de algum filme com
pensamentos que possam ter me influenciado a compor algo que tenha escrito. Mas
não me lembro de um filme especificamente.
6) Mande uma mensagem
aos cinéfilos do nosso portal.
Tico Santa Cruz: Cinéfilos, entrem na minha página do Facebook
e deixem dicas para que eu possa aprender e conhecer ainda mais sobre a sétima
arte.