No mundo dos sonhos, tudo é permitido. Na realidade, tudo
precisa ser vivido como a sensação gostosa de sentir o vento bater em nosso
corpo. Contando a história real de Jiro Horikoshi, um dos maiores designers de
avião da história da aviação, o premiado artista japonês Hayao Miyazaki volta
aos cinemas brasileiros e promete cativar mais os adultos do que as crianças
dessa vez. Seus traços marcantes são vistos a todo instante, deixando um
sentimento de tristeza nos cinéfilos, pois, recentemente, Miyazaki anunciou sua
precoce aposentadoria do cinema, assim, Vidas ao Vento pode ser o último trabalho
desse genial cineasta.
Em uma época de afirmação militar buscada por todas as
grandes potências do planeta, toda a esperança da aviação japonesa se encontra
nas mãos do sonhador engenheiro Jirô Horikoshi. O jovem míope sempre sonhou em
ser um grande piloto mas por não ter todas as qualidades para tal se forma na
universidade entre os primeiros da turma e se torna uma referência como
designer de aviões. Quando consegue uma chance para trabalhar em uma grande
fábrica, Jirô precisará sonhar cada vez mais para realizar seu feito mais
marcante. Ao mesmo tempo, encontra o grande amor que sofre com uma doença
maligna.
Hayao Miyazaki fala sobre o sonho em forma de animação e de
uma maneira madura. A fórmula acaba se transformando em um filme feito mais
para os mais velhos que para todas as idades. Fazendo com que Vidas
ao Vento se diferencie de outros projetos desse grande idealizador. Os
problemas japoneses de décadas atrás são expostos de maneira delicada. A recessão
econômica que atingiu terrivelmente a economia da terra do arroz, as
dificuldades com a natureza enfrentadas até hoje por conta de sua localização
geográfica, as críticas da população ao governo são alguns dos fatos que ganham
destaque na história.
Em meio a um turbilhão militar que se instaura na trama (o
próprio Myiazaki sofreu inúmeras críticas lá fora por conta disso), uma
surpreendente e linda história de amor ganha contornos épicos e conquista a
simpatia do público pela leveza que adiciona ao filme. Por mais que se estenda um
pouco além do necessário, Miyazaki consegue mais uma vez realizar um belíssimo
trabalho que conquistará a todos que são fãs de seus filmes e de todo mundo que
ama cinema. Que o vento abra suas asas e chegue até você. Bravo!