16/07/2021

Crítica do filme: 'Newness'


Os desafios do amor na era moderna, do Match em cada esquina. Você encontra uma pessoa por um aplicativo de paquera, qual a probabilidade de ser uma relação superficial ou uma relação profunda? Depois de escrever o ótimo roteiro de Like Crazy, o roteirista norte-americano Ben York Jones criou Newness, dirigido por Drake Doremus o drama gira em torno de dois jovens que se conhecem através de um aplicativo de relacionamentos e acabam vivendo uma relação mais intensa do que planejavam, criando estratégias e situações para que ambos não deixem esse encontro cair em uma rotina que na visão inicial deles (quase ingênua) seria o pior dos problemas a enfrentar. Reflexivo, traça um recorte muito interessante sobre relacionamentos.


Na trama, conhecemos Martin (Nicholas Hoult) um jovem farmacêutico, introspectivo, que mora sozinha e possui uma enorme dificuldade de se abrir mas com uma necessidade de relacionamentos intensos e distantes. Em paralelo, também conhecemos Gabi (Laia Costa) que é uma jovem espanhola, de Barcelona, que está nos Estados Unidos trabalhando e estudando. Os dois buscam em aplicativos de relacionamentos paixões a curto prazo, superficiais até que eles se encontram e as coisas que pareciam simples vão ficando muito mais complicadas por conta de um sentimento que vai crescendo e virando rapidamente um grande amor.


É preciso coragem para amar alguém. O ritmo inicial acelerado prepara nossos olhos e nosso pensar reflexivo para o epicentro de tudo: a rotina dentro de um relacionamento. Nas consultas com o psicólogo de casais começam a entender melhor o mundo em comum que compartilham. Buscam então uma espécie de Jogo de honestidade extrema, basicamente um relacionamento aberto, que mesmo sem referências acreditam que estão blindados pelo que sentem. Mas, o que é um relacionamento perfeito? Existe alguma fórmula mágica ou tentamos e tentamos mas alguma coisa tende a não encaixar e a partir daí vira um ceder ou não ceder que pode ou não influenciar decisões sobre o futuro.


Os personagens são muito bem detalhados. Martin com seus problemas emocionais, até mesmo trauma como um relacionamento antigo; Gabi com seu ar de liberdade mas que esconde uma solidão e carência constante. O rumo que essa história se propõe a chegar abre muito mais abas para nosso pensar: momentos felizes são fatos, situações, que a vida nos traz mas será que a felicidade plena existe? Ou o fato de sabermos enfrentar os momentos ruins é a chama do verdadeiro amar? Interessante reflexão.