Após o ótimo Adeus, Primeiro Amor (2011), a jovem cineasta
francesa Mia Hansen-Løve volta as telonas para apresentar um um recorte da
juventude francesa nos anos 90. Muito bem centralizado, Eden é profundo em sua
análise sobre a cena underground européia, mostrando o cotidiano, seus dramas e
dilemas dos eminentes DJ’s do futuro, aqueles que adoram misturar máquinas com
vozes. Assim, navegando nas baladas da juventude, vários passagens de tempo vão
se tornando importantes interseções do bom roteiro assinado pelos irmãos Mia
Hansen-Løve e Sven Hansen-Løve.
Na trama, conhecemos um grupo de jovens que gostam de se
reunir para festas que varam à noite em uma França exposta no início dos anos
90. Ao longo da trama, um dos personagens se torna o protagonista, Paul Vallée
(Félix de Givry), um estudante de literatura que abandona tudo para se dedicar
integralmente ao universo das festas. Assim, vamos acompanhando todos os
bastidores do cenário jovem parisiense.
Com uma trilha sonora inspirada, com mais de 40 músicas
originais doadas ao filme, o local dos prazeres (significado da palavra Eden)
mostra, em muitos momentos, reflexões sobre os sonhos de uma juventude que
acreditava em seus ideais. Entre a euforia e a melancolia, o desgaste com a não
realização completa de seu sonho, leva o protagonista a uma jornada rumo ao
fundo do poço provocando sempre um certo preconceito e desconfiança de sua
família.
Sem esconder as drogas e os vícios que assombraram,
assombram e assombrarão a juventude deste planeta, o grande ponto alto desta
fita francesa é tentar transformar o personagem principal em um espectador e
avaliador de sua própria trajetória, o que aproxima o público da história. O
complicado é dizer se o filme conseguirá atingir a todas as idades, existem
cenas não muito detalhistas sobre as idéias e ideais dos jovens da outra
década, talvez só quem viveu por aquele tempo possa realmente entender por
completo as razões e conseqüências que sofre o personagem principal e alguns
dos coadjuvantes.