A adversidade é um trampolim para a maturidade. Dirigido
pelo cineasta nova iorquino James Mangold (Johnny
& June, Garota, Interrompida), um dos filmes mais aguardados do ano,
enfim, chegou aos cinemas de todo o mundo e mostra como um desfecho de um
icônico personagem, antes dos quadrinhos e agora das telonas, pode ser muito
marcante. Logan é o capítulo final
da surpreendente saga de Wolverine – incrível ser rabugento mutante oriundo dos
X-Men – e sua eterna busca por redenção. Hugh Jackman, encarando pela sétima
vez o mesmo personagem nos cinemas, faz de tudo para deixar sua marca, usando e
abusando de sua versátil habilidade como ator. Grande atuação.
Na trama, somos jogados para alguns anos à frente onde os
mutantes foram quase instintos da Terra, após um acontecimento pouco explorado
nesse filme mas que envolve o grande mentor dos X-Men, Charles Xavier (Patrick
Stewart). Assim, Logan/Wolverine (Hugh Jackman) vive afastado de grandes
centros, mais precisamente próximo à fronteira com o México, onde trabalha como
‘Uber de Limousines’. Logan ainda mantém contato com o Professor Xavier, na
verdade, o protege das altas autoridades deixando-o praticamente enclausurado
em um espaço seguro sendo cuidado pelo também mutante Caliban (Stephen Merchant).
Certo dia, Logan é procurado por uma enfermeira que diz que precisa que ele
salve uma criança chamada Laura (Dafne Keen) que está sendo protegida por ela,
e, assim, o eterno Wolverine volta aos campos de batalha dessa vez para lutar
contra um bando de mercenários sanguinários.
O roteiro, escrito pelo debutante em longas-metragens David
James Kelly e por Michael Green, o mesmo de Lanterna Verde (2011), explora a maturidade do protagonista em uma
fase quase sênior onde foi perdida a vontade de viver por conta de todo um passado
ligado a guerras e destruições. Wolverine está cansado, sofre por dentro, passa
o cotidiano sem ser o protagonista de sua própria história. A única coisa que o
mantém em alerta e porque não dizer vivo, é seu comprometimento em proteger seu
grande professor e amigo Charles Xavier, esse que na faixa dos 90 anos está com
a saúde deveras debilitada e lutando também contra seus poderes e as
catástrofes que causou por conta de seu gigantesco poder.
As analogias e referências sobre a maturidade e os
ensinamentos da vida vão desde a menção ao clássico da década de 50, dirigida
por George Stevens, Os Brutos Também
Amam até a forma como o mundo olha para o que foram os heróis, onde eles
estão e porquê não podem ter um final feliz sempre. A personagem Laura,
carismática e com cenas espetaculares, é o elo com essa parte dramática da
história. Vinda de um projeto parecido com o que criara Wolverine anos atrás,
com suas garrinhas, a pequena personagem é apaixonante e nos faz emocionar em
vários momentos, principalmente no arco final.
Hugh Jackman fez de tudo o que podia para deixar de vez seu
nome marcado nesse universo dos heróis que são transportados para as telonas.
Assim como Downey Jr é Tony Stark, com certeza, Hugh é Logan. As cenas finais
são repleta de tons emocionais, somente um grande ator como esse australiano de
48 anos para nos fazer chorar num desfecho tão emblemático de um personagem
marcante. Logan é fabuloso, um filme maduro com referências maravilhosas para
explicar o que muitos não conseguem encontrar: a arte de viver.