A paternidade nos aproxima de um sentimento suave e agridoce
de perdão por nossos pais, que agora somos nós. Dirigido pelo cineasta francês
Hugo Gélin, em seu segundo longa metragem na carreira, Uma Família de Dois é um drama disfarçado de comédia com muitas
reflexões sobre a paternidade e o modo de encarar a vida quando essa toma rumos
jamais imaginados. Contando com o carisma e o talento do ator francês Omar Sy
(Intocáveis), o filme não deixa de ser um recorte dramático sobre o amor de um
pai com sua filha.
Remake do longa metragem mexicano Não Aceitamos Devoluções (2013), Uma Família de Dois conta a história de um inconsequente homem
chamado Samuel (Omar Sy), que leva a vida entre um romance e outro trabalhando
em um resort em um lugar paradisíaco da França. Certo dia, após passar a noite
com duas mulheres dentro de um barco, uma antiga conhecida chamada Kristin (Clémence
Poésy) aparece em sua vida trazendo com ela uma criança e dizendo que Samuel é
o pai. Após ser surpreendido pela notícia e com o abandono de Kristin da
história, Samuel, ao longo dos anos, cresce e amadurece dando o que tem de
melhor nessa vida para sua filha. Assim, se muda para Londres e consegue um
emprego de dublê, carreira que segue com sucesso até o inesperado retorno da
mãe de sua filha a história.
O primeiro arco é bastante corrido, conhecemos Samuel e sua
vida desleixada, repleta de noitadas e mulheres. O choque por suas
inconsequências constantes chegam ao mesmo tempo que Gloria (a criança
abandonada pela mãe) chega em sua vida. O caminho percorrido é intenso e
desgastante, precisa arrumar um emprego e uma moradia em uma cidade que não
conhece, nesse tempo , como um anjo, surge em sua vida Bernie (Antoine Bertrand)
um gerente de elencos famoso que acaba adotando não só o pai mas a pequena
criança. O segundo arco mostra a estabilidade e a busca constante de Samuel em
busca de notícias de Kristin (por quem tenta se corresponder pelo inbox do
facebook), além de explorar como se sente a jovem menina, agora com quase 10
anos, em relação a sua mãe que ela acha ser uma agente secreto (fruto de uma mentirosa
ideia de Samuel). No ato a seguir, somos surpreendidos com o retorno da mãe da
menina e todo o desenrolar jurídico que acaba sendo consequência quando Kristin
resolve se aproximar da filha e ser sua mãe novamente mas aí surpresas sobre a
vida são colocadas na mesa e o filme se tornar bastante emocionante com lindas
cenas já perto de seu desfecho.
Essa comédia dramática francesa estreia no final de junho no
circuito brasileiro, é um recorte sobre a vida e a maneira como precisamos, as
vezes, mudar para que as pessoas que amamos, que nos cercam, tenham todas as
ferramentas do mundo para se sentir feliz.