Ainda dentro do universo criado pelo visionário Philip K.
Dick, chegou aos cinemas nesse segundo semestre o aguardado novo filme da
franquia Blade Runner. Dessa vez, dirigido pelo canadense Denis Villeneuve (de Incêndios, A Chegada e outros belos filmes), avançamos cerca de três décadas em
relação a linha do tempo contínua em relação ao primeiro longa metragem e
reencontramos um grande e velho personagem que cumpre com louvor, dessa vez,
seu papel de coadjuvante nos intensos 167 minutos de projeção. Um dos grandes
méritos do projeto é conseguir acordar uma história emblemática de décadas
atrás e trazer novos elementos que se encaixaram como uma luva no universo
futurístico criado. Tudo funciona muito bem na bela condução de Villeneuve que
se consagra como um dos grandes cineastas dos nossos tempos.
Com partes das filmagens realizada na bela Budapeste, Blade Runner 2049, que com certeza será
um dos líderes dos rankings de maior bilheteria mundial do ano, nos coloca anos a frente no universo
do primeiro filme, Blade Runner - O Caçador de Androides (1982), onde
conhecemos o policial K (Ryan Gosling) que está passando por uma fase confusa
que começa com uma investigação misteriosa que o leva a ter dúvidas sobre sua
própria origem. A fim de dar um basta nesse mistério, suas pesquisas o levam a
um ex blade runner, Rick Deckard (Harrison Ford) que vive isolado perto de San
Diego, uma área devastada e esquecida onde vivem isolados querendo uma
revolução. Assim, o passado e o presente se unem em busca de seus objetivos.
O californiano Hampton Fancher (roteirista do primeiro
filme) e o nova iorquino Michael Green (dono do roteiro de Logan e o futuro remake Assassinato
no Expresso do Oriente) dão um show no complexo e impecável roteiro de Blade Runner 2049. Repleto de
surpresas, explorando também os sentidos mais íntimos do protagonista, sua
sexualidade e desejos, o filme navega em um ambiente neo-noir em um mundo
completamente diferente do que vemos hoje mas nem tão distante assim. As cenas
de ação são espetaculares, nossos olhos ficam atentos a cada movimento e mal
sentimos as quase três horas de filme passarem.
Visualmente é impactante, belíssimo, mas não é só isso que
deixa nossos queixos caídos. O foco na humanidade deteriorada, o uso da
tecnologia, as razões e emoções de experimentos para igualdade de criações e
criaturas, questões de pais e filhos, os mistérios e dramas sobre a origem do
novo protagonista. São tantos ingredientes impactantes que quando são jogados
no liquidificador criativo do roteiro se torna algo visionário, deixando a
mesma impressão do inesquecível primeiro filme da franquia.