Que nem todas as dores do mundo me façam desistir. Em seu
segundo trabalho como diretor, o norte americano Taylor Sheridan (roteirista do
ótimo Sicario: Terra de Ninguém e
indicado ao Oscar do ano passado, também como roteirista, pelo excelente A Qualquer Custo) volta as telonas com
um suspense de tons altos de drama, em meio a um distante e frio território
indígena, explorando os caminhos tumultuados de uma investigação de um violento
assassinato. Com uma direção primorosa, o filme vai envolvendo o espectador a
cada nova descoberta sobre o assassinato. Em um ambiente de frio intenso e
pessoas com recursos limitados, a selvageria ganha tons de drama, seja pelo
passado traumático do protagonista, seja pelas fortes evidências que vão
aparecendo a cada nova descoberta.
Na trama, conhecemos Cory (Jeremy Renner) um homem solitário com um passado repleto de
tristeza que trabalha como caçador no Estado de Wyoming, mais precisamente em
uma reserva indígena de frio intenso. Durante o inverso, com temperaturas
abaixo de zero e neve para todos os lados, o corpo de uma adolescente é
encontrada por Cory em uma região isolada. Conhecendo a adolescente, de quem é
amigo da família, Cory busca ajudar as investigações assumida pelo FBI e
designada pela agente Jane Banner (Elizabeth
Olsen). Conforme vão descobrindo mais pistas sobre o ocorrido, a dupla
enfrentará diversas adversidades para conhecer a verdade.
O roteiro explora a questão das terras indígenas, suas
regras, sua solidão, seus dramas. Na linha de comando das ações, um homem que
fora casado com uma descendente indígena que vive o luto da morte da filha três
anos. Como é ele que conhece como poucos a região, acaba somando forças quando
o FBI chega à cidade, e, assim, descobrindo melhor mais sobre personagens
daquela região, que não é nada muito diferente das cidades grandes. A cada nova
sequência percebemos mais sobre a personalidade dura, fria mas companheira e
justa do grande personagem principal. Um trabalho impecável de Jeremy Renner, não
perde a força de seu personagem em nenhum momento. Geralmente coadjuvante em
alguns blockbusters, mostra a todos, de vez, que é um dos grandes atores de sua
geração.
Vencedor do prêmio de melhor diretor da Mostra Um Certo
Olhar (2017), uma premiação paralela dentro da programação do Festival de
Cannes, dedicada a filmes com linguagem mais experimental, Terra Selvagem deve ter algumas indicações ao próximo Oscar,
principalmente para Sheridan e Renner.