O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro.
Raquel Vasconcelos tem 32 anos. É formada em Cinema pela UFRB. É natural da
Bahia mas mora na cidade maravilhosa. Se considero cinéfila desde infância
quando já assistia filmes mais adultos como Amadeus e A Dança dos
Vampiros de Polanski. Ainda na infância,
graças a TV Cultura, conheceu um
pouco mais do cinema nacional, saindo um pouco dos filmes da Xuxa e Trapalhões, ficou maravilhada com os filmes de Grande Otelo, Dercy Gonçalves e Mazzaropi. Atualmente escreve em sua página do instagram (Vitamina
Cult - @vitaminacult) sobre suas paixões culturais, que são: cinema, literatura
e seriados.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Qualquer sala do Espaço
Itaú de Cinema. São filmes diversos, documentários, ficção, e de diversas
nacionalidades. O melhor que o cinema tem para oferecer está lá.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Lembro de ser muito pequena quando assisti A Pequena Sereia e Mogli, claro que deveria ser um relançamento. Mas a primeira vez
que senti o impacto de estar naquela sala da tela gigante foi ao assistir Jurassic Park, apesar de minha pouca
idade a emoção foi grande.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Difícil escolher apenas um, sempre tive um gosto eclético e
em cada momento de minha vida tive um diretor favorito ou gênero. Mas uma
constante é a Laís Bodanzky. Esse
nome nunca saiu dos meus favoritos, do meu TOP 5. Meu filme favorito dela é Bicho de Sete Cabeças, uma das obras
que afloraram minha paixão pelo cinema nacional.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Poderia citar Deus e
o Diabo na Terra do Sol pela sua importância na história do cinema, “O
pagador de promessas” pelo seu destaque em Cannes, Central do Brasil pelo seu quase Oscar, ou um mais recente, Bacurau de Kleber Mendonça Filho. Mas acredito que filme favorito é algo muito
pessoal, é um filme que desperta algo dentro de si que é difícil de descrever.
Meu filme favorito é Cinema Paradiso.
Um filme que aumenta meu amor pelo cinema cada vez que assisto.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Cinéfilo para mim é aquele que tem o cinema como a grande
paixão. Que assiste todos os filmes sem preconceitos de nacionalidade. E
enxerga no cinema a arte mais completa, capaz de unir todas as outras.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Não. Os cinemas hoje (em sua maioria) são estritamente
comerciais. Buscam em sua programação não a arte, mas o que dará maior retorno
financeiro. Isso fica claro quando você percebe que na programação da semana
90% dos filmes são americanos e os outros 10% são comédias nacionais.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Espero que não. Assim como a televisão não acabou com o
rádio, acredito que o streaming não acabará com as salas cinema.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Sinfonia da Necrópole
de Juliana Rojas é o primeiro que me
vem a mente. Um filme divertido, inusitado, mostra como o cinema nacional pode
ser diverso e extremamente original.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Pois não temos estrutura para assegurar que todos clientes
não irão se contaminar.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Enxergo como algo crescente. Com a disseminação do
conhecimento das técnicas através de oficinas, cursos e universidades, a
qualidade só tem crescido. Sem contar com as novas tecnologias que propiciam a
qualquer um com um celular na mão o poder de fazer seu filme. Sendo assim o
cinema se tornou algo mais diverso e democrático, contribuindo assim para sua
maior qualidade.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Atualmente acompanho muito Irandhir Santos, na minha opinião
é um dos melhores atores da atualidade, e o Júlio Andrade que também é
magnífico. Mas quem sempre me emociona e eu não perco nada, sempre revejo muita
coisa é a Andréa Beltrão. Sua atuação é esplêndida, naqueles minutos do filme
ou seriado ela se torna o personagem, ela é aquela atriz que você acaba
conhecendo mais pelo nome da personagem, pois todos se tornam extremamente
reais para o espectador.
12) Defina cinema com
uma frase:
Cinema é a arte que em poucos minutos é capaz de mudar seu
olhar para a vida.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Não consigo lembrar de nada muito inusitado, mas algo
aconteceu comigo que achei interessante. Quando fui assistir Nasce uma Estrela (2018), no final do
filme começo a ouvir as pessoas em minha volta chorando, quando o filme
finalmente acabou e as luzes se acenderam olho para o lado, vejo uma senhora,
que seca as lágrimas e me olha com pesar, como quem procurasse consolo ou
alguém semelhante. Apenas olhei para aquela pobre senhora, dei um suspiro e a
olhei com compaixão, apesar de não ter chorado, ela sorriu como se fosse isso
que ela precisasse no momento. Mas rapidamente me levantei antes que ela
pudesse iniciar uma conversa. Sim, gostei do filme, mas não compactuei com a
maioria dos espectadores que foram as lágrimas. Dificilmente um filme me
emociona ao ponto das lágrimas, é mais fácil eu ficar com o choro preso do que
chorar de fato. Um filme que me emocionou a esse ponto foi o francês Amour (2012).
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras…
Um trash-cult baiano cheio de axé que todo brasileiro
deveria assistir.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não necessariamente. Para dirigir um filme precisa-se de
técnica, e essa técnica pode ser adquirida de diversas formas, não é fator
determinante que o cineasta precise ser cinéfilo.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Não consigo lembrar ao certo o pior de toda minha vida,
foram muitos. Mas deixo aqui o último: Megatubarão.
17) Qual seu
documentário preferido?
Pergunta difícil. Mas como gosto muito de Eduardo Coutinho, escolho Jogo de Cena, pois se trata de um
documentário simples mas imersivo e emocionante.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim. Mas nunca no circuito comercial, isso aconteceu mais em
mostras e festivais.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Nossa, essa sim é uma pergunta difícil (risos). Confesso que
estou um tanto quanto desatualizada, tem alguns mais recentes que pretendo
assistir como Mandy e A cor que caiu do espaço. Acho que o
melhor filme de Nicolas é Arizona Nunca
Mais, pelo menos é o que eu gosto mais. Deixo registrado aqui meu desejo
para Nicolas Cage, que ele volte a
suas origens. Seus filmes mais antigos são os melhores.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Não existe um site específico. Leio de diversas fontes,
sendo minha principal as páginas do instagram que sigo, e para notícias
americanas leio a Variety e a Entertainment Weekly.