Visual aos montes, verbal quando necessário. Selecionado para o Festival de Cannes (2020), Festival de Toronto (2020) e vencedor de prêmio no Festival de San Sebastian (2020), Beginning, dirigido e escrito pela cineasta georgiana Dea Kulumbegashvili, fala sobre intolerância religiosa e a luta constante contra traumas difíceis de superar e dúvidas recentes de uma protagonista que busca achar soluções para o que acredita. Há cenas fortes e angustiantes, também longos planos, além de uma inquietante câmera estática onde os personagens compõem a trajetória de ações ou até mesmo a força dos sentidos da natureza. Um impactante e duro filme de Kulumbegashvili. Estreia dia 29 de janeiro no excelente streaming Mubi.
Na trama, conhecemos um casal, Yana (Ia Sukhitashvili) e David (Rati
Oneli), que moram numa cidade provinciana, no interior da Georgia, onde
ministram uma comunidade de Testemunhas de Jeová. Um dia, um incêndio criminoso
na igreja deles é causado por extremistas, a partir desse momento, a vida de Yana
se transforma radicalmente.
Uma terra sem lei, um radicalismo que embaça o óbvio.
Totalmente sozinha no forte trauma que sofre, Yana é uma guerreira solitária
que precisa enfrentar até mesmo as desconfianças do marido que não consegue se
desprender de desconexas razões religiosas para enxergar tudo que aconteceu.
Sendo coagidos por um misterioso detetive e uma polícia sem força em uma região
onde a justiça não é para todos, somos testemunhas de uma derrocada na família
de Yana.
Beginning é um
profundo drama, que busca nos seus figurativos das leis que criam sobre o
universo (que nem de longe são interpretadas da mesma maneira) os paradoxos ou
até mesmo contrapontos para nos fazer refletir sobre o óbvio, a religião, a
dor, a dúvida e o sofrimento.