O último desabafo dentro de razões quase não compreendidas. Baseado em um ótimo filme dinamarquês chamado Coração Mudo, que inclusive teve exibições do Festival do Rio, Blackbird, escrito pelo roteirista Christian Torpe (que também assina o roteiro do projeto europeu e também é o criador da série Rita, disponível na Netflix) traz a tona uma situação bastante complexa para os envolvidos, quando uma mulher decide dar um fim na sua vida e chama toda a família para compartilhar os últimos momentos, em uma fim de semana, com ela. Analisando todos ao seu redor, a matriarca faz suas leituras sobre casamentos, sexualidade, amizade e família. Há uma sutileza nos diálogos mesmo nos momentos de tensão.
Na trama, conhecemos Paul (Sam Neill) e Lily (Susan
Sarandon), um casal com anos de relacionamento que decidem reunir as duas
filhas, Jennifer (Kate Winslet) e
Anna (Mia Wasikowska) para um fim de
semana, pois Lily, portadora de uma doença degenerativa, resolve dar um fim na
sua vida e gostaria de passar os últimos momentos com os que ama. Há um
constrangimento constante entre todos os presentes. Cada um à sua maneira,
tentam fazer do fim de semana o mais normal possível mesmo que isso seja
impossível.
Conflitos eminentes, escolhas incompreendidas. Segredos,
situações não contadas, tudo vem à luz quando os personagens entram em embates
entre eles. O projeto gera ótimos debates, principalmente sobre o tema
principal, a eutanásia, procedimento ilegal, inclusive no Estado onde mora a
família. Será que todos temos o direito
de morrer como queremos? Várias perguntas são levantadas através dessa reunião
fúnebre, de 97 minutos, que consegue resgatar as fortes emoções da versão
original. O filme conta também com ótimas atuações.